quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

involuntarily oversharing

Ih, gente. Eu tava ali tentando usar toda minha boa vontade pra transferir os arquivos pro blogspot. Até aí, tudo bem. Só que quem acompanha pelo reader vai a-do-rar o flood que vai acontecer.

Na verdade, nem ligo. A pessoa já assinou o atestado de mau gosto quando se inscreveu no feed.

Mas é meio chato pensar nas pessoas lendo coisas velhas porque eu meique esfreguei na cara delas. Tô quase desistindo.

Eu mesma andei dando uma revisada nesses posts do passado, pra ver o que eu vou passar ou não (cê acha mesmo que eu vou copiar tudo? Má nem morta.) e muito me espantei com o HORROR que é ler o que eu escrevo sem o contexto da minha cabeça. Por isso que as pessoas têm medo de mim.

*****

Falando em contexto, achei bem engraçado ver os arquivos. Os meses em que eu estou chateadinha, atormentadinha, que coisas estranhas acontecem, tem um post por mês. Nos ANOS em que eu fiquei meio de mal com a vida, tem só os posts que iam pra capricho. É bem engraçado o quanto tudo que tá lá escrito reflete minha vida. Logo eu, que detesto que as pessoas saibam o que eu estou pensando ou sentindo.

Mas fica aí a dica: tô escrevendo demais? A vida tá boa.

Qué dizê. A vida tá boa e eu tenho tempo, né?

Que às vezes tá boa, mas eu tenho mais o que fazer.

*****

Faz umas par de horas que tô com esse texto aberto e sem fim, porque eu quero falar de uma coisa e não sei se vai sair do jeito certo.

Então beijo tchau pra vocês, viu?

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

na madrugada tomando um red blues pra instalá o zóio


Se tem uma coisa pra qual eu tenho talento, essa coisa é viver em negação. Eu mando dona Elisabeth tomar no seu Kübler-Ross e não chego à aceitação nem se me oferecerem barras de ouro que valem mais do que dinheiro. Tudo bem que eu tento me adaptar aos pequenos cantos do bode às pequenas tragédias da vida, mas aceitar, JAMAIS.

Por exemplo:

- tragédia: ter 30 anos.

- negação: agir como se tivesse 17 anos americanos (em que a gente pode dirigir e tal. Beber nem me gusta, tá de bom tamanho).

- aceitação (impossível): o título de jovem senhora.

- adaptação: andar de taxi.

Porque chega um dia na vida que você reconhece que mesmo tendo tenros 17 anos americanos imaginários, não é justo chamar a mamãe pra ir buscar na casa do amiguinho às 6 horas da manhã, depois de virar a noite. (Tenho vontade de dizer que não é aceitável andar de ônibus também, mas não quero ninguém me chamando de esnobe.)

Não vamos entrar aqui no mérito da cueshtã “por que você não compra um carro?”, que eu não quero falar sobre isso. E minha mamis sempre disse que preferia ir buscar a me deixar dirigir pelas noites blábláblá. Acabei me acostumando com a idéia de motorista particular e agora tamos aí, angariando histórias.

A gente vê no Jô um taxista engraçadão contando a vida e eu não vejo mérito nenhum. Essa gente fala pelos cotovelos, comé que não vai ter história bizarra pra contar? Agora tô eu, quieta e com sono, minding my own business, e começa sempre um show de horror diferente. Vamos aos fatos.

O recorde de taxista biruta é meu e ninguém barra.

Acho que a primeira vez que andei de taxi por conta própria na vida foi nos idos de 2003, no natal. Já contei essa história, a do taxista slash rei momo. Outro dia contei na mesa do bar e *alguém* chegou a descobrir que, ÓLIA SÓ, já morreu. Mas devo confessar que fico aliviada, porque quem achou que ia morrer naquele taxi fui eu. Não desejo pra ninguém.

***

Passei bons anos tentando evitar esse tipo de sofrimento até que, neste ano, voltei a dar uma chance pra esse tão belo meio de transporte. Menos de 12 meses de experiência e eu já estou considerando jurar amor eterno ao fusc... PEGADINHA, estou considerando encontrar um carro pra chamar de meu.

Outro dia, peguei um taxista repetido. Foi engraçado, porque o tiozinho tinha um nome bem aliterado, de modo que guardei na minha cabeça. Aí, quando ele reconheceu a frente da minha casa e disse “acho que eu já vim aqui”, eu dei a ficha completa da última corrida e ele ficou completamente shocks com os detalhes. Mas gente, eu mando ficar enchendo minhas orelha de abobrinha? Justamente as minhas, conectadas ao meu cérebro com incrível poder de retenção? Não mando.

***

Alguns finais de semana atrás, estava eu voltando da casa dos amiguinhos no digno horário da alvorada. Ousseje, o tio me buscou numa casa e me deixou numa casa. Achei muito deselegante quando ele perguntou em qual das duas eu morava e por que não tinha ninguém me esperando em nenhuma delas.

***

Teve também o mês da vanessa louca, em que eu fui a quinhentos mil bares em menos de 20 dias. E cada vez que saía de um deles, era recebida por um taxista perguntando se o bar era bom, que música tocava, se as outras mulheres presentes eram tão bonitas quanto eu (às 4h da madrugs, aham.) e se no *insira um dia da semana em que ocorreria a folga do cidadão* eu seria encontrada naquele lugar.

Meu medo é que essa gente sempre sabe onde a gente mora, né?

/paranóia.

***

Bom. Aí que sábado eu precisei de serviços motorísticos duas vezes no dia. Eu raramente ando de taxi com sol no céu (ainda que sobre as nuvens hahah... ok), mas é sempre tão mais tranqüilo... taxistas silenciosos, viagens serenas. Cheguei em casa em paz e alegria, tudo calmo, tudo bonito. Mas veio o ocaso, uma nova necessidade, um novo taxista.

Meua migo, que que foi aquilo?

Mal entrei no automóvel e fui atingida pela declaração de que “a noite rendeu hoje, hein?”. Muito me pergunto de onde veio isso, uma vez que eu tava com a maquiLAGE borrada de rir casamiga e só. O normal de todo sábado.

Mesmo vendo que eu não tava assim muito em condição de conversar, o tio veio me contar que tava com sono e que eu fui um grande azar na noite dele. Porque ele morava no bairro ao lado de onde eu tava, do lado oposto de onde eu moro. “Tava aqui encerrando a noite e agora vou ter que ir lá no fim do mundo antes de ir pra casa”. Muito fino.

E EU COM ISSO?

Aí falou que ia precisar de um red bush pra instalá o zóio. E riu da própria piada. Depois começou a falar mal de vegetarianos (só não me pergunte o motivo ou a conexão, eu não sei). E perguntou pra mim, PRA MIIIIIIIM, se tinha alguma coisa melhor que uma carninha.

- tem, tio. Azeitona.

Ele não entendeu (cê jura) e eu expliquei muito pacientemente (aham) que eu não como carne vermelha.

- ah, qué dizê que cê é daquele povo que acha que tudo que é verde faz bem? Bróco, alface, uma ervinha pra acalmá de veiz em quano...

Cê perdeu tempo explicando pra ele que tem alergia level extreme à erva que acalma? Eu também não. Eu só ri. Porque às 3h da madrugs, é tudo que a gente pode fazer.

Pois então ele achou interessante falar do clima, uma vez que era o primeiro dia de sol (à noite hahaha tô hilária hoje) depois de um milhão de dias de chuva.

- a rua fica até cheia, né? Parece tudo largata que tava fechada e saiu pra tomá um arzinho. Eu memo amanhã tomo minhas pinga.

JESUS AMADO, TÁ CHEGANDO A MINHA CASA?

***

Em algum momento o tio entendeu que eu estava em modo silencioso e parou de falar. Até chegar bem perto da minha casa e ver algumas mulheres carregando algumas tralhas de uma casa até outra.

- nossa, que bonito essas muié trabaiadêra. Eu tô sortero, quero uma muié trabaiadêra assim pra mim.

O que ele não sabia é que as muié trabaia é na zona de baixo meretrício que tem ali do ladinho de casa.

- e você, vanessa (num guento essa mania de taxista de chamar a gente pelo nome, criando laços de intimidade instantânea), é sortêra?

VÔ FALÁ QUE SÔ? NUM VÔ.

- não sou, moço. Eu tenho um relacionamento estável.

***

Aí eu entro em casa e prometo pra mim mesma que semana que vem eu vou adquirir um automóvel, botar fim nessa palhaçada. Só que semana que vem tem uma coisa imperdível na qual eu acabo indo, e aí eu volto tarde e aí eu pego outro taxi e...

FIM.

(Todos nós sabemos que é brinks.)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

onirodinia benloca

monstro gigante!

Outro dia eu tava com medo de fazer uma coisa.

*pausa*

Toda vez que eu digo que tenho medo de fazer alguma coisa, QUALQUER coisa, tipo subir no sótão e cair da escada, minha mãe diz “medo foi o que fez surgir o Darth Vader”. Sério. Pense nos danos à minha mente. Só queria dividir isso com vocês.

*fim da pausa*

Eu tava com medo porque eu não sou muito fã de ser contrariada. Ok, eu sei que ninguém é, mas eu tenho um problema meio grande com esse lance de ~contrariamento~. Sabe o piu-piu quando vira o evil-tweety? Nessa vibe. Contraria não. Vai por mim.

Mas aí, quiqui eu fiz? Mongolice, obviamente. Fui contra minha resolução anterior e abri a porcaria do personare. Má que idéia de jerico, viu? O bagulho resolveu me dizer pra ficar quieta, pra evitar me apressar naquele tipo de decisão e a carta que saiu dizia justamente o nome da situação pela qual eu estava passando (não é pra facilitar o entendimento, querido leitor). Quiqui eu fiz? Fiquei com aquela porcaria na cabeça, achando que era um sinal. Aí decidi que não era, mas dois dias depois. PERDI DOIS DIAS. Porque tudo deu certo.

Sorte que minha vida tem o dom de achar o timing pra algumas coisas.

Pelamor, gente. Larguem mão dessas tranqueira esotérica. Só atrasa a vida. Não me deixem cair nessa de novo.

Como tudo que tem acontecido nos últimos tempos, culpo as drogas.

***

Lembrei disso porque ando tendo dificuldades noturnas. Culpo as drogas por isso também. Cê vê. Eu fui abrir o personare porque tava tendo dificuldades de raciocínio às 3h da madrugs. Dificuldades de raciocínio, na verdade, eu tô tendo o dia todo. Mas o sono meique sempre foi um agravador de sintomas. Aí somei sono, drogas e necessidade de decisão e lascou tudo.

Pois se eu estava com sono, o que raios eu estava fazendo acordada? – você se pergunta. E eu vos digo: evitando pesadelos.

Eu tenho esse probleminha desde a infância. Meu cérebro joga contra mim o tempo todo. Só que se eu mal consigo controlar quando estou acordada, dormindo meus neurônios fazem a festa. É avassalador.

De tempos em tempos eu consigo ficar livre desse mal, sofrendo só com sonhos malucos. Mas em outros tempos a pesadelação volta com força total. Sofro eu, sofrem meus familiares. Eu grito, digo oitocentos “nãos” seguidos, choro, resmungo. E nem tenho a felicidade de esquecer o enredo quando acordo.

Aí vêm os pesadelos recorrentes:

*casamento

Jesus amado, por quê? Não é brincadeira. É pesadelo mesmo. A última sequência de nãos foi na hora da fatídica questã. Que tipo de mente maligna se submete a esse sofrimento? E assim, se acontecer o acaso de eu ter alguém especial na minha vida no momento do pesadelo, ainda tem um agravante: não será essa a pessoa me esperando no altar. Será a pessoa na *platéia*, me olhando com olhos julgadores e movendo a boca de modo que eu leia desaprovação. Enquanto algum retardado cujo nome eu não posso nem pronunciar de tanto odinho me espera no fim do corredor. Sério, não posso com isso.

*labirinto

Não chega a ser assim, um filme da Xuxa ou do David Bowie, mas rola toda uma impossibilidade de atingir um destino. Tipos, aeroporto. Eu tenho que pegar um avião num determinado horário, num determinado portão. Tá tudo certo, até eu perceber que esqueci alguma coisa muito imprescindível. Aí começa a tortura. Não consigo voltar até o carro. Se consigo, não consigo voltar até o portão. O mundo vira um grande castelo de Hogwarts, as escadas adquirem vontade própria e nada nunca vai pra onde deveria ir. Fico parecendo personagem de vídeo-game em looping infinito de cenários. É uma delícia.

*perca

Eu perdo pessoas. Nego tava do meu lado num minuto. Eu vou olhar uma borboleta que passou e *puft* sumiu. Aí eu vejo tipos o relance do cerumano virando uma esquina e sigo. Hahahahhahaha. Vou seguir por HORAS, o resto da noite. E aí vou passar por lugares e pessoas e vou perguntar “viu fulano?” e a resposta vai ser “a-ca-bou de passar aqui". Infinitas vezes. Aí eu vou pegar o celular. Aí minha agenda vai ter formatado. Aí eu vou achar ou lembrar o número da pessoa, aí vai cair o sinal do telefone. E assim vai. Até eu acordar. É reconfortante.

*briga

Algum motivo assim, bem nobre, tipo alguém ler primeiro o meu gibi da turma da Mônica vai iniciar uma discussão que vai levar horas. Eu vou gritar, quebrar o pau, inventar descontentamentos. Eu vou ficar rouca, vou bater portas, dizer que não quero ver as fuça da pessoa nunca mais. Aí eu vou acordar pregada AND ficar de mal da pessoa no mundo real o dia inteiro. Eu até explico que brigamos no sonho, porque não tem o que faça passar a birra e é melhor manter distância.

*morte

Né? As pessoas que eu mais gosto no mundo morrem na minha frente porque eu fui burra demais pra evitar. Fim.

Pois eu estava numa onda onda olha a onda *clap* *clap* de pesadelos insuportáveis em que todos eles tinham como protagonista a.mesma.pessoa. (Fio, cê me viu casar, cê fugiu, nóis brigô, cê morreu.) E não tava agüentando mais. Quiqui eu fiz? Passei a ir dormir depois das 3h da madrugs, de modo a ir pra cama pregada e sonhar preto a noite toda. Meique funcionou. Resolver, não resolveu. Mas amenizou.

***

E é aí que todas essas divagações desconexas se encontram: no meu período lucubrante.

Porque aí outro dia eu tava lá, sem dúvidas, sem consultas ao personare, sem paciência e sem condições de raciocínio (não que eu tenha isso em muitos momentos da vida) e não sabia mais o que fazer pra me manter acordada. Quiqui eu fiz? Fui tomar um banhinho. Ni qui eu chego no quarto de banho, com que me deparo? Com um monstro dormindo na janela.

Vejem bem. Eu cresci em São Paulo, a gente não costuma ver essas criaturas da selva. Pois quando eu vi aquela pelota com penas, pés e sem cabeça, eu já abafei o grito de horror. Usei toda minha inteligência pra me lembrar que coisas com pena enfiam a cabeça em si mesmas pra tirar aquela importante soneca e entendi que não era nada decapitado, era algo dormindo.

Só que o monstro acordou com a minha movimentação e revelou um bico que era proporcionalmente gigante. E eu consegui visualizar o arrancamento cruel dos meus olhos, se tentasse perturbar o descanso da criatura. Mudei meu nome pra Melanie Daniels e fui lá discutir com Hitchcock. Kkk risos.

Mas, gente, voltemos à realidade. A janela do banheiro fica dentro do box. Se eu quisesse insistir na tarefa de tomar banho, teria que me aproximar perigosamente daquela fera e isso estava fora de cogitação. Só de pensar naquele bico GIGANTE, eu tinha espasmos de horror. Mas sem banho é que eu não ia ficar.

Fechei a porta do ambiente, porque tudo que eu não precisava era duas gatas descobrindo o potencial café da manhã e assustando a fera bicuda. Chamei a cavalaria (meu irmão), entramos no banheiro, fechamos a porta e rimos por 12 minutos da nossa incompetência com a natureza.

Sem a menor condição de decidir o que fazer com aquele possível assassino, ficamos ali, rindo e pensando “que foi que eu fiz pra merecer esse momento?” até que o pato se irritou e escorregou janela basculante abaixo. Eu e meu irmão choramos, achando que tínhamos matado a ave com a força do pensamento e fomos olhar o telhado pela janela. O pobre animal tinha sumido.

Obviamente pensamos que, ao aproximarmos nossas lindas faces da janela, o monstro voltaria e bicaria nossos olhos até desenhar “seus babaca” em Braille no nosso cérebro, mas nem. Tamos aí com os olhos e os cérebros intactos.

Qué dizê. Meu cérebro não tá muito grandes coisa não. Mas já faz uns 3 dias que eu não tenho pesadelos.

Vou ali tomar remédio e já volto. Tô torcendo pra não começar a pesadelar acordada. Oremos.

Fim.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

um minuto de silêncio

manual ilustrado

Domingo estava eu tocando alguma bobagem no piano, enquanto os outros presentes se arrumavam pra um evento ao qual eu não iria. Quando um membro do sexo masculino do casal apareceu vestindo vermelho, o membro feminino disse a seguinte frase:

- muito bem, só quando eu estou presente.

Ri por alguns segundos, pensando que, se eu mesma tivesse algum poder neste mundo, certo cerumano também só usaria vermelho na minha presença. Fiquei contente por saber que não estou só.

Não é todo mundo – na verdade, uma minoria privilegiada – que fica irresistível de vermelho. Mas quem fica, fica.

*****

Eu e umas amigas temos um hábito horrível de propor minutos de silêncio pra pessoas assassinando a moda. Veje bem: nós mesmas não somos nenhum exemplo de beleza fashion, mas gente, pelamor, vamo ter algum critério?

Só que eu ando numa vibe silenciosa, de modo que não só cortei redes sociais da minha vida, como cortei conversas no mundo real também. O silêncio é de ouro kkkk. Acabei gastando um almoço inteiro observando exemplares do sexo masculino e me perguntando muito frequentemente “POR QUE, MELDELS?” e em seguida pensando “melhor assim”. Quando apareceu um rapazinho bem vestido, ficou muito óbvio que seria totalmente imune ao poder supremo de qualquer beleza feminina.

O negócio, então, é lamentar.

*****

Se o mundo fosse a vanessalândia, o dress code masculino consistiria de calça jeans escura, camisetas sem estampa (ou com pouca estampa), tênis e casacos. De moletom, cardigans de tricô (que féxon ui), de algodão, SEI LÁ. Casaco JOVEM hahaha. Sabe?



casacos que não são de moletom: pesados, leves ou estruturados, mas tudo em cor lisa e do tamanho do fulano que veste. E JEANS ESCUROS.

Variações: calça social preta ou cinza chumbo, camisas de manga comprida ou pólo sem estampa e sapato social SEM BICO FINO, pelamor dos meus olhinhos.


Tiago Leifert - um case de sucesso: jeans escuros, camiseta, cardigan e tênis de sola plana. Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de atenas.


Mas vamos por partes.

Tops

Uma regra básica: QUALQUER parte de cima deve estar pra fora da calça (a menos que você esteja usando terno, mas aí, né? Nem preciso explicar grandes coisas). Blusas por dentro da calça funcionam como INSTANT-TIOZINHO e você não vai querer isso, né? As costuras laterais devem estar bem próximas do seu eu, blusa larga deixa cara de desleixo. E o comprimento deve ficar uns 4 dedinhos pra baixo do cós da calça. Mais curta que isso é sacanaji com quem olha e mais comprida te deixa mulambento.

regatas

Eu acho que deveria ser punido com chibatadas o uso de regata (inclusive pra meninas). Mas vou fazer o que, né? Moro num país tropical com gente horrorosa por natureza. Uma falta de manga a mais, uma a menos, quem controla? O que eu quero dizer é que não considero esse pedaço de pano como vestimenta.

camisetas

Lamento informar, mas quem não fica bem vestindo camiseta, não fica bem vestindo coisa nenhuma. Nem Barney Stinson perde a pose sem terno, vestindo só camiseta e jeans.

Barney Stinson mantendo a classe em jeans (escuro, repare) e camiseta.

Pois eu acho que todo cerumano do sexo masculino tem que ter uma boa gaveta de camisetas. VÁRIAS pretas, muitas brancas e vermelhas vão depender do seu poder ao vestí-las. Algumas verdes, azuis e outras cores ESCURAS. Não tem como errar. E, pelamordedeus, fuja de estampas muito grandes, de cor laranja e amarelo. E azul tinta de caneta bic. Ninguém fica bem nelas.


Alguns ficam bem em vermelho, outros não. Acima, os exemplos bem sucedidos. Mas devo dizer: a minha foto favorita do meu homem favorito vestindo vermelho foi censurada. Não porque esteja indecente, mas porque causaria o *maior bafón*.

Abaixo, os tipos que nem vermelho salva :(

credo

camisa pólo

Uma peça dificílima do vestuário masculino, embora não pareça. Listras horizontais têm o poder instant-tiozinho. Uma dessas por dentro da calça e assessórios marrons... destruição na certa. Fique longe.


Melhor exemplo de instant-tiozinho não há.


bottoms

Por favor, olhe nos meus olhos e concentre no som da minha voz: jeans escuros. JEANS ESCUROS. Não perca a concentração e ouça: justos nas pernas, de corte reto. Entendeu, beu abô? Jeans justos (e justo NÃO É apertado, é justo), de corte reto (skinny? Sério?), de cor escura.

ternos

Apenas três “cores” de terno são aceitáveis no planeta terra e NÃO HÁ exceção:

- preto;

- cinza chumbo;

- risca de giz.

Não tente me convencer de que você é moderno, descolado, maluco, whatever. Outras cores de terno deixam você com cara de abobado, motorista de ônibus, protestante a caminho da igreja, porteiro, manobrista e por aí vai. Nada contra essas profissões, veja bem. Mas se você quer passar a vibe executivo de sucesso ou bem sucedido, preto, cinza, risca de giz. Terno claro, marrom, marinho são gritos de ajuda. Qualquer outra cor é, sei lá, daltonismo. Inaceitável.

conjunto da obra


Hayami Mokomichi, o melhor exemplo de jeans, camiseta e moletom EVER and Tiago Leifert. Ti (kkk) super faz meu tipo, mas eu sou repreendida cada vez que digo isso em voz alta. Sabemos o tamanho do fã-clube do moço, de modo que vos digo: é um case de sucesso em matéria de vestimenta. Eu aprovo.


Se o mundo fosse perfeito, todo homem poderia vestir jeans, camiseta, casaco e tênis todos os dias. Mas não é, né?

Então assim, se você precisa ficar só um pouquinho mais arrumadinho, jeans escuro e pólo.

Se precisa se arrumar mais que isso, calça social PRETA ou CINZA CHUMBO e camisa branca ou de alguma cor escura. Listinhas não são fáceis, alguns poucos homens sustentam. Olhe pro espelho e seja sincero ou pergunte pra alguém que não queria te agradar hahaha.

Se você quer usar jeans e blazer, tenha certeza de que nasceu pra isso. O jeans TEM QUE ser escuro e reto e justo, a camiseta TEM QUE ser sem estampa e sem cor berrante e o blazer tem que ter um corte muito do certinho e estruturado. Senão você vai parecer um palhaço. E não vai me colocar um nike shoks pra finalizar a obra. Um all star, um daqueles nikes de sola plana, um adidas ou alguma coisa comprada na world tennis classic. Anyway, não recomendo.



Zac sustenta o blazer, mas NEM ELE é capaz de favorecer uma gola V.

*****

Nada impede você, homem moderno, de fazer o loco e sair de casa usando calça social laranja, camiseta azul bic estampada por dentro da calça, nike shoks 28 molas e cinto marrom. Mas aí, melbem, não vai reclamar quando não pegar ninguém (ou só pegar fãs do restart. Ou tias de 58 anos).


Zac Efron - acertou tanto no jeans, no tênis e no casaco que pode se dar ao luxo desse gorrinho medonho.


* Acho desnecessário ter que explicar num blog que tem 3 visitantes por dia, incluindo minha mãe, que tudo aqui expressa minha opinião única e exclusivamente.

Mas vou aproveitar a oportunidade pra dizer que nenhum argumento usado aqui foi baseado em exemplos do mundo real, vamo parando de mania de perseguição.

And, finalmente, eu gostaria de dizer que algumas pessoas podem aparecer na minha frente de havaiana e dançar a hula e meu amor permanecerá intacto. Mas é justamente esse tipo de pessoa que vai aparecer na minha frente vestindo E-XA-TA-MÃ o que eu gosto de olhar.

:)








segunda-feira, 29 de novembro de 2010

explicando *metafisicamente* muita coisa


assassina!

Eu sou uma pessoa preconceituosa. E não, não acho bonito admitir isso. Mas acho importante que as pessoas saibam que, pelo menos, eu não vou tentar disfarçar.

Eu (acho) que só tenho um tipo de preconceito: patológico.

(Não consegui o humor que eu pretendia.)

O negócio é o seguinte: eu tenho preconceito com doença. Mas ó, não tô falando de gente gripada, de gente com catapora, de gente hospitalizada por 8 meses, mas que depois sai saudável. Eu tô falando dessas “bobagens” crônicas, tipo hipertensão, diabetes, colesterol alto, alergia, reumatismo, lordose. Essa coisa que, no matter what, vai estar lá, de mãozinhas dadas com você, até o fim da sua existência.

Exemplo? Mister Esquistossomose. Muito simpatiquinho, muito inteligentinho, muito educadinho. Tínhamos conversas rápidas e sem sentido, mas eu planejava uma estratégia de aproximação. Até o dia que ele ficou desaparecido e voltou contando que passou sei lá quantas horas no hospital, controlando uma crise de pressão alta.

Ok, ninguém escolhe ser estragado, né? Maomeno. Mister Esquistossomose almoça no Mcdonalds 4 dias na semana, feijoada no quinto e churrasco nos dois que sobram. Posso fazer nada, tenho preconceito. Aí eu faço o que? Me apego emocionalmente e depois viro babá de doente? Ou, PIOR, nego morre na minha gestão. Ah, não sou capaz. Melhor cortar o mal pela raiz e deixar Mr. E. e seu barrigão disponíveis no mercado.

(Anos se passaram e a barriga não para de crescer.)

*****

Esse preconceito não é assim, sem motivo. Porque eu sou uma pessoa podre. Uma criatura que tem entre as primeiras memórias várias visitas ao hospital.

Não tinha nem 8 anos ainda num dia que meu pé simplesmente quadruplicou de tamanho. Minha mãe me levou à emergência ortopédica, onde fui submetida a milhões de raios-x e... nada. O médico foi enlouquecendo, porque tinha que ter uma fratura ali em algum lugar, mas não conseguia encontrar.

Fiquei proibida de pisar no chão por dias. Quando o inchaço começou a diminuir e eu voltei ao médico, acharam a causa: uma picadinha pequenininha de algum bichinho insignificantezinho, mas que, pra mim, era demais. Cê vê. Até o médico ficou chocado. Quem não ficaria?

Eu também já tive um tipo de pneumonia que tem “atípica” até no nome. Do tipo que o médico chama o E.R. todo pra ver, porque né, nunca vi, nem comi, só tinha ouvido falar.

De modo que eu sei que não quero me juntar com outro visitante assíduo do hospital. Imagina a vibe de se relacionar amorosamente em ambiente esterilizado. Quero não.

Só que eu tenho uma mania muito doente de reverter a situação: ousseje, não consigo entender uma pessoa que EM SÃ CONSCIÊNCIA se junta a mim. Sério mesmo. Que gosto errado de ficar esperando pelo próximo momento de visão da morte...

Nesta última semana mesmo, tive certeza de que ia morrer. Peguei meu celular pra começar a mandar mensagens de despedida, mas a febre entrou em modo delírio antes que eu pudesse começar. Acordei meia hora depois, com o celular caído dum lado, o termômetro do outro e a bolsinha de gelo derretida na testa. Percebi logo que não tinha ido pro céu e tava aí, vivona (em condições precárias, mas viva).

*****

Por culpa dessas minhas crises intermináveis, as pessoas à minha volta ficam tentando achar explicações e soluções pra facilitar minha vida. Uma experiência de quase morte em janeiro fez a galera apelar pra explicações metafísicas. E ó, melhor que horóscopo.

“No âmbito metafísico, toda alergia está relacionada a um estado de alerta às situações que se relacionam ao fator alérgeno. No caso da rinite alérgica, revela-se uma mania de perseguição que desencadeia na pessoa um constante estado de alerta ao que pode acontecer à sua volta. Toda a sua capacidade para solucionar prováveis contratempos é negada. Desse modo, os conflitos internos sobrepõem seu poder de agir diante das situações, fazendo-a sentir-se impotente. Algumas características de comportamentos que você vem alimentando intensificam sua vulnerabilidade à manifestação da rinite alérgica, tais como: manter suas emoções bloqueadas, não expressar livremente o que sente, ficar retraído perante os outros e agir contrariamente às suas idéias.”

CÊ JURA?

Pergunta pros meus companheiros de bar qqELESachäo dessa afirmação. Sociedade: pare de me reprimir.

E assim, ultimamente, é ter uma crise pequenininha e ficar rouca, muito rouca e muda. Lombardi, quiqui a metafísica diz sobre isso?

“Os problemas nas cordas vocais afetam as pessoas reprimidas, que castram seu direito de expressão. Não se sentem em condições de defender-se e de expor seu ponto de vista. Mostram-se tímidas, mas na verdade são oprimidas.”

Mas isso não é metafísica, é ORÁCULO, minha gente. Me deixa falaaaaaaaar, eu quero falaaaaaaaar.

Não, não pode.

E como uma pessoa que sofre de rinite, a metafísica diz que eu sou mimada. Não vou negar.

“Dentro de uma visão metafísica, a rinite está relacionada com o fato de a pessoa se abalar pela atmosfera do ambiente em que vive. Ela se irrita facilmente por qualquer coisa que acontece à sua volta, principalmente com a forma de os outros pensarem e agirem.”

É isso aí. Só serei saudável quando instaurar a vanessalândia.

*****

Eu convivo com a minha própria alergia do universo enquanto ambiente no qual eu estou inserida desde sempre. Mas só esta semana descobri o nome da minha condição pior: polinose. Porque eu tenho uns 38 tipos diferentes de alergia, mas a polinose é o mais complicado de se conviver.

E de posse dessa valiosa informação, minha médica super me mandou fazer uma pesquisa científica e as descobertas foram surpreendentes!

ciência

Eu sempre disse que me sentia melhor em ambientes com ar condicionado. Sempre fui repreendida por isso, obviamente. Quiqui o folheto de polinóticos (inventei) diz? Mantenha as janelas fechadas e use ar condicionado sempre que possível.

HAHAHHAHAHAHAHHAHA segura essa, sociedade. Não é frescura, é ne-ces-si-da-de. Tô quase me inscrevendo pro extreme makeover home edition, pra ver se ganho um ar condicionado central pro meu lar. Ninguém me segura.

geografia

Alguém super tinha que ter me dado esse folheto 12 anos atrás, antes de eu girar o globo terrestre e colocar o dedo num ponto aleatório e decidir me mudar pra Curitiba. Pior localização pra pessoa com polinose: latitudes maiores de 25º. S, com altitudes próximas ou superiores a 400 metros e onde a araucária seja nativa. OU SEJA, eu vivo no PIOR LUGAR DO MUNDO pra minha condição de podridão respiratória. Não é legal? Agora que eu já me apeguei, a ciência que faça o favor de descobrir como me tratar decentemente.

(Ou fica aqui aquela oferta de mudança de cidade, tipo pra alguma da Espanha. Hahaha ok.)

moda

Todo mundo tem uma mania duzinfernos de reclamar que eu vivo de óculos escuros, mesmo quando não tem sol. Mas a recomendação médica da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia diz (além de tudo isso aí pra trás) que eu não devo ficar andando pelas ruas com os zólhos desprotegidos. Que devo perambular com óculos escuros SEMPRE. Leave Vanessa’s Sun glasses alooooone.

família

A minha sempre torrou minha paciência, reclamando dos meus banhos noturnos, envolvendo lavamento de cabelo. Pois dona ASBAI diz que é isso mesmo que eu tenho que fazer, uma vez que só assim posso ter uma noite tranqüila de sono, sem pólen no travesseiro. TÁ VENDO, MÃE?

psicologia

Todo mundo sempre me chamou de Quarta-Feira Adams pelo meu desgosto em dias de sol. Todo mundo olha feio quando eu digo que fico mal humorada nas manhãs em que abro os olhos e vejo tudo iluminado por amarelo e céu azul. Pois a ASBAI diz que eu não sou depressiva nem emburrada. É só que dias de sol e calor PODEM ME MATAR. “Os dias de chuva ou neblina são de alegria para os sofredores da doença polínica, pois não existem condições favoráveis dos pólens circularem no ar”.

Pois eu EXIJO que ninguém mais perturbe minha paciência quando eu fizer cara de desgosto e choramingar “nhé, sol...”.

experimentação

A única informação que me causou desgosto foi a que explica que PRAIA - isso mesmo, aquele lugar cheio de areia, sal e gente feia e mal vestida – é capaz de fazer com que eu me sinta melhor. Não tô botando muita fé, mas tô toda comprometida com uma melhor capacidade respiratória. Então vos digo: tô com as malinhas quase prontas e o próximo final de semana eu passo é no Guarujá.

Bgos!



quinta-feira, 25 de novembro de 2010

sweet november

and so many things I wanna say

*aqui tinha uma foto que eu tive que tirar, porque esse blogspot é burro demais, que inferno.*

Outro dia apareceu no dashboard do meu tumblr uma frase que dizia “arte nunca vem da felicidade”. Sempre ouvo as pessoas dizendo isso, que se sentem mais inspiradas quando tão sofrendo miseravelmente, quando tá tudo errado, quando tão hospedadas no fundo do poço.

Comigo não acontece assim não.

Veje bem, não que eu esteja chamando minhas bobagens escritas ou fotografadas ou qualquer uma delas de arte. Mas o que quer que seja, precisa de uma dose de inspiração e eu funciono melhor quando tô diboa ca vida. Tipo nos últimos dias.

Se eu tô chateada, irritada, sombria, meu cérebro entra em modo de auto-tortura e eu só consigo pensar em coisas horrorosas em looping. Minha cabeça me enlouquece de uma forma tão doente que a última coisa que eu quero fazer é organizar os pensamentos e transformar em arte ou whatever this is.

Vou tentar então aproveitar essa linda brecha de bom humor que se abate sobre mim, ainda que eu não consiga exatamente viver (mente sã, corpo estragado).

*****

Eu acho que a minha memória é o maior caso de memória mal aproveitada no mundo.

Porque assim: às vezes eu tenho impressão de que ela é infinita. Mas só pra coisa que não presta. Porque se minha memória fosse realmente boa, eu não seria uma total negação em áreas como história e geografia (incluindo desde caminhos por onde eu passo todos os dias até a localização da Disney). Então é isso: uma memória enorme, seletiva pro que não presta e com uma boa dose de TOC.

Minha mente, por mais que eu tente evitar, funciona à base de ciclos. “Ontem a essa hora”, “mês passado, neste mesmo dia”, “ano passado, neste mês”, “da última vez que eu fiz isso”, por exemplo. E é numa vibe comparativa. “Ontem a essa hora eu tava com 39ºC de febre, hoje é só 38,5ºC”. Ainda quando a evolução é positiva, tá ótimo. O problema é quando “ontem a essa hora eu tava no show do Roberto Carlos vendo fogos de artifício e hoje eu tô em casa, com fome, com sono e com dor em todas as articulações do meu ser”. (RISOS kkk)

Acontece que nós estamos em novembro e novembro nunca é fácil. Eu já falei aqui em algum lugar que nesta época começa o calor e meus neurônios derretem e eu começo a fazer (mais) bobagens em série, que duram até fevereiro e eu passo o resto da vida pensando “e se”.

(e se eu não fosse tão burra e pensasse por mais cinco minutinhos?)

Ontem mesmo tava falando com um amigo sobre uma catástrofe que se abate sobre nossas vidas e mal conseguia prestar atenção, achando que foi a asa da minha borboleta que bateu um ano atrás a causadora desse furacão que eu vejo agora.

Porque há exatamente um ano eu estava iniciando uma série de decisões erradas. Uma DM, um email, uma viagem, um ligação atendida (eu sou mestre em não ouvir meu celular, não dava pra ter perdido essa?). E olha, considerando que menos de uma semana atrás eu ouvi da única pessoa que agüenta meus delírios “ah se você não tivesse...”, eu tenho muita certeza de que agora eu tenho que pensar um milhão de vezes antes de fazer bobagem.

Mas se tem uma coisa que eu aprendi na vida, foi isso. Eu já estive à beira de cometer o mesmo erro umas 4 ou 5 vezes nos últimos meses. Aí eu paro, penso, conto até mil e tcharaaaam, uma coisa boa acontece logo em seguida, parecendo o universo dizendo “é issaêêêê”.

Só que não é fácio, viu? Viver de *contar*. No ano passado eu fiz bobagem em novembro? Fiz. Mas não foi só no ano passado, né? Cinco anos atrás, tava eu, exatamente na mesma época, fazendo exatamente a mesma coisa. Aí você me diz: mas uma bobagem de cinco anos atrás repercutindo até hoje? Eu te respondo: tão aí as minhas mensagens do facebook que não me deixam mentir. Semana passada mesmo a assombração me perseguindo. Eu mereço mesmo, porque ninguém manda ser burra.

*****

O importante é que deste novembro eu até que tô gostando.

*****

Eu sou uma pessoa dramática. Eu não consigo evitar. Às vezes eu até dou uma disfarçadinha – eu sei que não parece, mas ó, te juro – porque é mais forte do que eu. Meus pensamentos precisam frequentemente ser traduzidos de dramês para português.

Aí outro dia tava aqui sofrendo.

*pausa*

Sério, o tumblr me transformou numa pessoa retardada. Ou eu tô rindo descontroladamente de coisas que não têm graça, ou eu tô acreditando que sou a última bolacha do pacote, me achando muito insider nas modernidade hipster do momento q.

Mas o pior foi ter virado a Laura do Carrossel de tão sentimental. Oh meldels, como o tumblr faz a gente acreditar nas pessoas e no coração e ai, alguém me dá um soco? Porque aí eu fico aqui sofrendo, achando que se aquela tranqueirada sentimental (e eu nem tô falando de amor romântico, tô falando de qualquer tipo de amor ou sentimento whatsoever) não faz sentido pra mim, então eu falhei na vida.

E tava aqui pensando no quanto eu cuido dos outros (ou pelo menos eu acho que) e ninguém percebe. E no quanto eu cuido dos outros e ninguém faz isso por mim. Mas veje bem: não tava falando de tomar conta de doente, de sustentar, de prover, sei lá. Era uma vibe mais de fazer coisas simpáticas que o outro *não precisa*, só porque é legal e coisetal. Tipos trazer um chazinho enquanto a pessoa vê tv. Tipos tirar o coco da receita, porque a pessoa não curte esse ingrediente. Tipos usar o desinfetante cujo cheiro não irrita o outro morador do lar. Essas bobagens.

Quando é que, oh senhor, alguém vai cuidar de mim? Esse dia chegará?

Aí me aconteceu um fato corriqueiro, uma vez que eu sou uma pessoa podre alérgica: o sapato machucou meu pé. E ó, nenhuma vez que o sapato machucar meu pé pode ser pior que:

*mini flashback da noite do dia 31 de dezembro de 2004*

Pois estava eu no Guarujá, sendo rica e fina, num show de virada de ano na beira da praia. Ao chegar no camarote onde champanhe, sorvetes e outras delisias (comestíveis e não) me esperavam, reparei um estrago eLorme que minha sapatilha (sempre ela) tinha feito nos meus lindos pezinhos. Mas um SENHOR estrago, não dava pra continuar.

Faltavam 10 minutos pra meia noite, ninguém quis cruzar o mar de pobre gente comigo até o ambulatório em busca de band-aid. E lá fui eu. Cheguei, esperei, esperei, esperei, esperei (bando de bêbado do inferno, que ainda tem prioridade) e não tinha mais band-aid. Me deram FITA CREPE – sério, gente. Fita crepe. – fiquei com as canela linda e fui voltando mancando pro camarote.

Ni qui um bombeiro muito prestativo me avista me locomovendo com dificuldade e resolve que eu preciso ser carregada no colo e me levanta sem me consultar.

- moça, faltam 30 segundos pra meia noite, você não vai chegar lá a tempo, deixa que eu te levo.

Acontece que era verão. Na praia. Tava tendo show fazia umas 4 horas. O bombeiro tava com o delicioso odor de urubu estragado, sabe? Não é nem maldade nem nada, mas não tava rolando respirar em volta dele. E eu no colo. E não conseguia descer e ele não ia me soltar. Correndo pela multidão e suando e AIMELDELS, por que raios eu fui me lembrar disso?

No palco, começava a contagem regressiva:

- vai, moça!!!!!!!!!! Deeeeeeeeeez! Nooooooooooooove! Ooooooooooooooito!

E eu tentando respirar.

- conta comigo!!!!!!!!!!!!!! Seeeeeeeeeeete! Seeeeeeeeeeeeeeeeeeis! Ciiiiiiiiiiiiiiiiiinco!

Eu quase colocando a ceia toda pra fora. Porque além de tudo, tinha o leve balançar por estar num colo em franca correria.

- quaaaaaaaatro! Trêêêêêêêêêêêêêês! Dooooooooooooooooooois! Uuuuuuuuuuuuuuuuuum!

E me abraçou.

Eu não lembro mais de nada, gente. Taquei Smirnoff Ice em mim mesma ao chegar no camarote, porque fiquei impregnada com aquele parfã. Mas ó, eternamente grata ao bombeiro.

Cheguei no camarote e joguei a sapatilha no lixo e segui a vida descalça mesmo, que era mais negócio.

*fim do mini flashback*

Pois então, estava eu lá, sentada no sofá, com os dois pés escangalhados por uma caminhadinha de nada. Lembrei do bombeiro e ri. Depois fiz carinha de dó e mostrei “ó, machucou”.

Achei que a seguir vinha uma mão estendida com um parzinho de band-aids, mas não. O que veio foi um “coloca os pés aqui no meu colo, vou passar antisséptico e colocar band-aid pra você”.

E eu fiquei lá, deitadinha, esperando o curativo ficar pronto. Uma coisa que eu faço por mim mesma praticamente dia sim, dia não, de tão normal que é e foi incrivelmente bom ter alguém fazendo por mim, só porque sim.

E quando o curativo se desfez, porque eu não parava quieta, foi consertado de novo, sem que eu tivesse que fazer nada além de deitar imóvel. Com direito a beijinhos pra sarar mais rápido.

Uma bobagem, eu sei.

Mas, né? Um cuidadinho.

É.

:)