terça-feira, 5 de abril de 2011

agruras de uma alta funcionária de repartição pública

ponto de tacs pimba em curitiba

A redação deste blog recebeu milhares de pedidos por email, twitter, telefone e até - vejem só vosmecês - cartas (nenhum deles da minha mãe), pra que eu contasse mais causos taxísticos. Chegaram a me parar na rua.

Porque depois que o fusca morreu para todo o sempre amém (que fuscão preto o tenha), ficou cada vez mais freqüente a necessidade de andar nessas expressões alaranjadas do horror.

De ônibus eu não ando, ainda mais eu, uma alta funcionária de repartição pública.

Teve o domingo em que eu peguei um devoto do ocultismo, por exemplo, que insistia que gente da minha idade não sabia nada da vida. Não tava a fim de conversa, de modo que não perguntei qual era essa “minha idade” a que ele se referia e muito acho que não passava de 20 anos. Contou sobre um avô Nostradamus que ele tinha e que, ao contrário do que pensamos nós, jovens irresponsáveis, lobisomem e boitatá existem sim e fazem parte do karma da pessoa.

De onde surgiu essa palestra é uma coisa que eu me pergunto e não encontro resposta.

Fiquei só no aham, porque né? Domingo à noite, gente. Meu cérebro tava que era pura cremogema e nego querendo provar a existência de criaturas míticas e eu super tinha mais em que pensar.

*****

Outro dia eu estava tendo o que se pode chamar de pior semana da vida (so far). Comé que num dia você pode estar tendo uma semana ruim é um tipo de destruição de lei da física que eu não vou explicar. Então vamos dizer que tava no pior dia da pior semana da vida (Maria do bairro pediu a frase de volta). Foi quando um amigo habitante de júpiter, que não tava ligado no meu sofrimento, me ligou por puro amor e chamou pra dar uma volta noturna depois do trabalho e comer um lanche.

Fui.

Fizemos lindos passeio, tiramos lindas fota, comemos lindos mclanche podrão, passeamos mais um pouquinho e todos tinha mais o que fazer, fomos embora.

Não queria que meu amigo tivesse que dirigir até o lado oposto da sua própria residência pra me deixar em casa, de modo que aceitei lindas carona até o shopping, com a desculpa de que ia me acabar na Renner Zara. Na verdade, a deprê tava voltando e eu queria chorar só mais um pouquinho antes de ir pra casa.

Desci do carro, quase me matei atravessando a rua, entrei no shopping e desanimei de torrar dinheiro (aí se nota a gravidade do caso). Mas, como comer sanduba dá sede, passei num quiosque antes de sair e adquiri uma garrafinha de água, da qual bebi apenas dois goles, só pra enganar a sede até chegar em casa. Os mais chegados saberão o motivo, que não explicarei.

Saí do shopping e me preparei pra caminhada da vergonha: aquela ida de taxi em taxi, seguindo a ordem da fila, perguntando qual deles aceitaria cartão.

Um parêntese:

1 - quem inventou fila de taxi é um bocó e tem a mãe na zona. Eu quero escolher o carro, ué. Vou pagar, não vou? Não quero pegar o carro feio que tá na frente se tem um lindo automóvel 3 lugares pra trás. Quero o bonitooooooo.

2 - eu não pago taxi com dinheiro. Não pago. Posso ter muitas notas espalhadas por toda a minha bolsa, vou pagar com cartão. Não perguntem, não julguem, não encham o saco. Eu só pago taxi com cartão.

Primeiro tio não aceitava. Que bom, o carro era feio. O segundo tio também não aceitava. O terceiro também não. O trigésimo oitavo também não. O trigésimo nono olhou bem pra minha cara e disse:

- cartão eu aceito, mas não aceito gente bebendo água.

Q

Sério, minha cara de “oi?” foi muito incrível. Coméquié? Bêbado cê pega, né? Gente sem banho também, aposto. Aí ele repetiu “água no meu carro eu não aceito”.

Sem nem me mover, peguei o celular e liguei pro cilviço de taxi da minha preferência (o que eu deveria ter feito antes de encarar the line of shame), pedi um taxi e o tio super me proferiu um palavrão de volta. Quase virei a garrafa de água nas fuça dele. Sorte que ele me pegou num mau, muuuuito mau dia. Num dia normal ele estaria secando aquela porcaria de taxi até agora.

Porque se já é difícil aceitar um mundo onde você tem que orar fervorosamente pra encontrar um taxi que aceite pagamento em cartão, mais difícil ainda é ser barrada num automóvel por porte de água.

*****

E o primeiro engraçadinho que disser que é porque se espalhou entre os taxistas a informação sobre o conteúdo alucinógeno da minha água vai provar da minha fúria acumulada no encontro mais próximo. Um beijo, eu.