quarta-feira, 29 de junho de 2011

I don’t wanna miss a thing



Aí que um dia a gente se depara com um DVD do debi & loide largado na caixa do correio de casa e isso dá todo o tom de seriedade da vida.

Dois dias depois eu fiz uma coisa que eu nunca faço: saque em caixa eletrônico. Sou meio contra esse negózdi de andar com dinheiro se eu já tenho cartão, de modo que eu evito esse momento ao máximo.

Mas aí, tava lá precisando pagar a costureira (oh, como sofre a mulher balofa moderna) e fui pegar dinheiros no caixa eletrônico.

Parei por alguns segundos na frente do banco e tentei lembrar a sequência mongol de letras que eu tenho que digitar, o que nem foi assim tão difícil. Tipos que eu já digitei errado antes, por pura distração, e a máquina cancelou meu cartão sem dó já na primeira tentativa. Achei deselegante. Então eu fui lá, toda concentrada pra não errar de novo e... SURPRESA, agora trocou pra sílaba. Pode esquecer as letrinhas, o banco gera uma nova sequência pra você, sobre a qual você não tem direito de escolha e tem que fazer o favor de lembrar e acertar de primeira. Ok.

Clique aqui pra gerar sua nova sequência silábica. Cliquei.

O papel saiu e eu tive que sentar no chão do banco pra rir. Cêis vão me perdoar a indelicadeza de não dividir aqui lindas sílaba, mas é que gente que já teve o cartão clonado tem medo de água fria. Mas eu posso dizer-vos: a palavrinha que ele formava era algo tipo Ba Ti Ma. Sério. Mas era meio que ofensivo, tipo me insultando, uma coisa meio Ba Ba Ca.

Nem o caixa eletrônico me dá um desconto.

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Aí tem esse moço que eu acho gatchenho e cuja beleza eu posso apreciar em um lugar onde eu vou frequentemente, mas não quero dizer onde é. Aí que eu chego lá um pouco depois das 17h e fico lendo e tirando fotos do ocaso e normalmente só ouço a voz do cerumano lá pelas 18h/18:15h. (Meu radar de voz é infalível.) Num dia, por causa de um problema técnico, cheguei umas 18h e ele já estava lá na janelinha habitual.

O por do sol estava fantárdigo na frente dessa mesma janelinha, de modo que eu fiz a monga e ranquei as máquina fotográfica tudo (iphone, lomo, Canon, a pessoa tem que ter opções nessa vida) da bolsa e saí fotografando. Niqui o very handsome boy começa a falar sobre hábitos da vida, horas de chegada e partida. Eu olho em volta, ninguém além de mim na frente da janela. Olho dentro da janela e não vejo ninguém. Dou a volta e passo pela parede de vidro, donde posso ver todo o ambiente e, qual não é minha surprise ao ver que não tem NINGUÉM lá dentro? Ou o moço tava fazendo o loco e me contando da vida, assim, como se estivesse no telefone ou ele é só biruta mesmo.

Se eu achei bonito, meua mô, a maior chance é de que seja biruta.

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Falano em biruta, como eu já disse patrásmente, eu não posso assistir TV, ler livro, ouvir musga. Eu sou imediatamente transportada pro mundo que não me pertence e fico vivendo lá por um tempo. Tipos agora, que eu tô vivendo num universo que tem viagem no tempo, extraterrestres e eventos bizarros. ME DEIXA.

Pois um dia esta cidade emulou o armagedom e foi muito engraçado (não foi nada engraçado), porque rolou toda uma ventania bizarra, formação de nuvens gorduchas e cinza-chumbo e pingos de chuva que pareciam uma bexiga d’água arremessada na sua cabeça. Dizem. Porque onde eu tava não choveu, só ventou. Ventou que parecia o miolo do furacão, mas não tomei um único pingo de chuva.

Tava eu lá, representante da classe proletária e sofredora, à espera de um coletivo (kkk, adoro a palavra coletivo pra busão). E aqui nesta cidade tem uma regrinha: choveu, o trânsito... escangalhou-se. De modo que a espera se tornaria mais longa que o normal.

Pois então a cena era a seguinte: eu, no ponto do ônibus, o cabelo totalmente em pé (literalmente, não figurativamente) por causa da ventania, um buraco azul no céu, onde se via a lua perfeitamente e, em volta desse buraco, as adoráveis cumulus nimbus. Eu tava lá tentando prender meu cabelo pra ele apontar pra baixo, que é o lugar certo e toca meu celular. Minha mãe, obviamente.

- cê tá em casa?

- má é claro que não. Como que uma pessoa dependente de ônibus já estaria em casa meia hora depois de sair do trabalho?

Parêntese: se eu fosse andando, chegaria em casa em 20 minutos. Mas né?

- PELAMORDEDEUS, QUIQUI C TÁ FAZENO NA RUA COM ESSE APOCALIPSE?

Minha mãe não compreende o conceito de esperar pelo ônibus porque ela nunca foi pobre. Eu tive que explicar.

- você vai chegar em casa encharcada!

- mas mãe, não tá chovendo.

- Q

Aparentemente chovia everywhere. Chovia de baldes. Chovia cântaros.

Em cima da minha cabeça o céu estava perfeitamente azul, com lindas vista pra lua.

exhibit A


exhibit B

Aí não demorou 2 minutos pra minha imaginação começar a trabalhar, né? Que eu obviamente era o centro do universo, que tava acontecendo toda uma inundação, mas eu seria poupada, porque o herói, que me conhecia do futuro OBVIAMENTE (e seria lindo, obviamente) tava indo ali pra me buscar pra ajudar a salvar o mundo. O buraco nas nuvens e a ventania era nada mais que o deslocamento de ar da linda nave que estava indo me buscar.

Deu meia hora, o ônibus veio, eu fui pra casa (onde também não chovia), fiz uma sopa, tomei banho e dei continuidade à minha vida bocó de terráquea insignificante. How boring.

No dia seguinte, tava lá na minha hora semanal de transcendentalização, quase dormindo (como de costume), quando uma gravação começou a dizer “Entregue-se. Confie. Deixe-se levar”. Acontece que lá nunca tem gravação dizendo nada, é sempre uma pessoa. E em vez de cair na sonequinha, eu caí foi na risada, imaginando que aquilo era o recado extraterrestre que complementava a Sena do dia anterior. Que a tia que fala tinha sido substituída por um robô. Fechei o zóio e fiquei esperando o extermínio ou o teletransporte.

Pra desespero do querido leitor, nenhum dos dois aconteceu.