terça-feira, 20 de dezembro de 2011

na hora foi engraçado

Eu não gosto de humor negro. Não gosto. A pessoa pode contar mil piadas estúpidas de humor negro do meu lado e eu não vou ver graça nenhuma, não tenho que fazer força pra não rir. Eu não gosto de desrespeito ideológico, religioso, social e blábláblá.

Certo? Certo.

Mas tem uma exceção que eu não consigo evitar. Tem o mesmo efeito sobre mim que a piada do paraguaio. O caçambito.

conheça caçambito

caçambito eu

Pois eu vi isso um dia na minha vida, ri até acabar o ar e não propaguei, porque né?

Aí esqueci, milhões de anos se passaram e, nos últimos dias do finado Google Reader, alguém botou isso de volta na roda e eu ri tudo de novo. Abria o reader, ria de novo. Salvei a foto no computador e cada vez que trocava de janela e passava por ela, ria de novo. Assim, ad eternum, bem idiota, durante toda uma tarde.

Mas a vida não tá fácio pra ninguém, de modos que no fim do dia eu passei por uma situação deselegante e desatei a chorar. Chorei na rua, chorei no carro, chorei em casa, chorei no banho.

Saí do banho ca cara toda desfigurada, vermelha, esbugalhada. Fui até a mesa da cozinha, onde minha mãe e irmã tomavam um lanchinho e disse que não queria falar sobre o assunto, só ia ficar lá.

O assunto era a incapacidade das moça da minha geração na minha família de reproduzirem. Incapacidade psicológica, I mean, que ninguém tá tentando.

Aí eu lá, cas lagriminha escorrendo silenciosa, ouvindo minha irmã falar de adoção e blábláblá, quando ela solta “qualquer coisa, mãe, nem que seja um bebê tirado do lixo!”.

Gente, o que aconteceu só tinha graça vendo, porque eu parei de chorar imediatamente e tive um ataque de riso+falta de ar que ninguém entendeu nada. Compreende que as duas tavam lá no maior assunto dramático, eu na maior choradeira e de repente, RIZOS? Mas tanto, que elas começaram a rir junto sem nem saber do quê. E eu lá, sem conseguir me recuperar pra explicar.

Nisso, meu irmão surge, sem saber que eu estava chorando, achou que a cara toda vermelha e cheia de lágrimas era só de risada e me perguntou se eu já tinha registrado uma crise de riso pior que aquela em toda a história. E eu ria mais ainda.

Quando eu finalmente consegui parar de rir, em vez de explicar, eu peguei o celular e mostrei a tirinha pra todos, que continuaram me olhando sem entender nada.

Aí eu tive que explicar que quando eu ouvi minha irmã dizendo que pegaria um bebê do lixo, eu só conseguia pensar “pronto, agora eu vou ser a tia do caçambito”.

Fim.

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Caçambito... AHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHHA

AAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHAHAHA

HAHAHAHAHAHAHAHAHA AHAHAHA

HAHAHAHAHA HAHAHAHAHAHAHHA

HAHAHA

AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHHAHA


AHAHHAHA

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

carta a alguém desconhecido



Olá!

Você não me conhece, mas sua casa está no meio meu caminho para o trabalho. Espero que não considere minha carta uma intrusão.

É que todos os anos a época da primavera é muito difícil pra mim. Eu tenho muitas alergias e tanto pólen faz com que eu tenha que tomar muitos remédios. Eles me deixam com sono e tanto sono me deixa mal-humorada.

Mas todos os dias, quando eu volto do trabalho, eu passo na frente da sua casa. E quando a primavera chega, crescem essas margaridas tão lindas que me fazem sorrir todas as vezes. Todos os dias.

E eu sempre espero um dia de sol pra parar em frente ao seu portão fotografar.

Esta foto é do ano passado. Eu tirei com uma câmera russa, por isso ela tem essa carinha de foto antiga.

Imprimi várias cópias dela, coloquei na internet, distribuí pra alguns amigos e todos sempre me dizem que ficam muito felizes ao olhar pra ela.

Queria que você também tivesse uma cópia.

Imagino que a carta de uma desconhecida possa parecer um pouco exagerada, mas eu queria agradecer a você por fazer esse canteiro, por essas margaridinhas. Queria dizer que elas deixam a rua muito mais bonita.

Com certeza, minha primavera fica muito mais feliz.

Obrigada,

Vanessa