sexta-feira, 18 de maio de 2012

post reveal




Tenho impressão de que eu fui a penúltima pessoa no mundo a prestar atenção no post secret. Não da nem pra dizer *conhecer*, porque obviamente eu já tinha ouvido falar. Só nunca tinha visto a graça.

Aí recentemente eu me peguei com uns pensamentos aqui na minha cabeça, dentro do meu cérebro, enquanto pessoa e me dei conta de que tem algumas coisas que, ditas em voz alta, me fariam morrer sozinha.

De modos que eu fiz aqui um postal e mandei pro post secret.

Sei lá quanto tempo demora uma carta pra chegar nos estadozunido, sei lá se o tio vai achar relevante pra ser postada, mas nem adianta que jamais revelarei esse segredo.

Uma coisa eu posso dizer: realmente parece muito bocó o que me aflige quando vejo o desabafo de pessoas atormentadas, feridas, drogadas, abandonadas e birutas que tem lá. Inclusive eu acho aquele site super baixo astral. Mas só na hora em que eu saí da agência dos Correios, depois de passar um dia inteiro fazendo a “arte” (RISOS) do meu postal foi que eu entendi. O alívio que dá por pra fora. Foi tão incrível que fiquei uma semana sem nem pensar no assunto e só me dei conta hoje, quando vi os lápis de cor na gaveta. Recomendo a todos.

Fora a sensação poliânica de se alegrar com o próprio quintal, depois de ver o quintal alheio todo esburacado. Enquanto tem gente ali com problemas sérios, eu só tenho um problema na vida: me irritar com os outros. Não acho que meu problema valha menos por causa disso, mas é melhor que a ideia de, sei lá, querer morrer.

***

Chegar ao ponto de escrever pro post secret é um marco tão óbvio na minha vida que chega a ser engraçado. Eu guardo tanta coisa pra mim que dá até um pavorzinho de morrer e imaginar as pessoas revirando minhas coisas e pensando “má desde quando, minha gente?”. Ou então eu virando notícia e as galere comentando “sério que ela estava passando por isso e ninguém tava sabendo?”. Eu tinha um amigo que sempre me dizia que eu deveria escrever um diário. Que quando (veja bem, “quando”, nunca “se”) acontecesse alguma coisa comigo, as pessoas saberiam a razão. Hahaha.

Comprei diários, comprei cadernos, me apavorei com a ideia de alguém lendo isso e pof, não escrevi nenhuma linha até hoje.

Aí tem o blog e a tagarelice, que fazem as pessoas acharem que sabem muito sobre a minha vida e é até bonitinho, porque aí elas falam das vidas delas e parece que é tudo muito normal. Mas toda vez que eu tento contar alguma coisa realmente importante ou séria, vem um “stop the drama, bitch” e aí fim. Porque depois que eu cremo um assunto, não tem como desenterrar. Então não pergunte :)

***

Aí eu tinha esse relacionamento amoroso. Sei lá, não é amoroso porque não tinha amor. Um relacionamento romântico sem romance, um friends with benefits. Quase na concepção de Sheldon Cooper, porque apesar de ninguém pagar plano de saúde pra ninguém, resgates em hospitais, farmácias e locais de bebedeira foram providenciados.

Esse relacionamento está na história recente da minha vida e, num primeiro momento, eu achei que tinha sido o mais bem sucedido. Primeiro porque eu não acredito nesses negózdi amor e forever and ever e ninguém me pediu isso, oremos. Segundo porque eu não acredito em um mais um dá um e eu pude manter minha individualidade, meus pensamentos e minhas decisões. Incrusível, a outra parte concordou com a minha maluquice (e especialidade) em manter o negócio em particular. Eu sou ninja na arte do hidden-date, a sociedade só descobre quando acabou (às vezes nem assim). E por último, como se tratava de um BFF, eu achava que estávamos imunes àquela dinâmica idiota de relacionamento “comum”, de ciuminhos e cobrancinhas e todo o inho que acaba com a alegria de uma boa companhia.

Acontece que eu estava enganada. A outra parte achou que era amor e eu achei que era cilada. Acabou.

A vantagem do relacionamento não amoroso é que ninguém chora quando acaba. É meio complicado readaptar pro modo amizade sem benefícios, mas depois de um tempo tudo se ajeita. E com a maravilha do relacionamento sem propaganda, ninguém te faz perguntas idiotas, tipo “ué, quiqui aconteceu com o fulano?” e tudo fica bem. E eu achei que seríamos amigos pela vida toda e um dia eu iria ao casamento dele, só pra rir e dizer SIFERRÔ.

Mas eu estava enganada de novo, porque nada é simples quando envolve amor, mesmo que não seja amor. O indivíduo um dia quis relembrar o passado, eu não achei boa ideia e aí ele fez a única coisa - a ÚNICA - que sabia que poderia me magoar.

E fim.

Vez em quando vem algum desavisado me dar notícias não requisitadas – mas como a pessoa adivinharia, não é? Raramente alguma coisa que importe. E, como eu acredito que era o elo entre esse indivíduo e a sociedade (sou muito importante), todos foram se esquecendo, até que um dia o nome nunca mais foi dito.

Eu tenho uma facilidade incrível em deletar pessoas do meu eu, mesmo que tenha sido a pessoa mais importante de um período da minha vida, mesmo que meu amor amizadístico tenha sido profundo, intenso e fruto de admiração. A pessoa simplesmente some.

Até esta madrugada, quando meu cérebro resolveu sonhar com isso. Aliás, no meu mundo de sonhos tão alucinantes em que eu sempre sei que estou dormindo, o de hoje fez questão de parecer bem real.

O cerumano se desculpou pela bobagem, eu aceitei, iniciamos um lindo namoro (que palavra baixo astral que é essa), com direito a mãozinha dada (hahaha quequéisso, cérebro) e apresentação pra família.

Até aí tudo bem, muito fácil psicologuear e entender. Mas o mais engraçado é que o sonho inteiro eu olhava pras fuça do infeliz e pensava “se eu nem gosto dele, se ele é capaz de dar uma facada no meu coração, POR QUE RAIOS eu estou fazendo isso?”.

Acordei antes de achar a resposta. Estou procurando até agora. Foi pior que pesadelo de casamento, em que eu nunca consigo entender a razão de cometer um ato de tamanha insanidade.

No meu cérebro acordado eu sei que não aconteceria um namorinho nem em um milhão de anos, mas eu acordei mesmo muito chateada em lembrar que alguém que eu gostava muito simplesmente estragou tudo, virou as costas e nunca olhou por cima do ombro pra ver a destruição. Não voltou até hoje pra pedir desculpas. E provavelmente nem se importa.

Mais uma história que ninguém nunca vai saber e com a qual eu tenho que lidar sozinha. Entender porque acabou é fácil, difícil é mergulhar nas coisas que me fizeram cair na conversinha mole e deixar tudo começar in the first place.

Amizade é o tipo mais cruel de amor que existe, vou te contar. Não vai existir um divórcio nesse mundo que doa tanto quando um amigo partido (infelizmente, não ao meio).

Acho que vou mandar mais um postal pro post secret.


*este assunto acaba de ser cremado*