quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Musha rain dum-a-do dum-a-da



mentira, que chover mêmo, não choveu

Por onde começar?

Tenho impressão de que se eu contar, acaba de vez ahahhaha. Me deixa aqui cas minha memória.

(Sim, este é o começo do relato da volta ao mundo em fintchy dia.)

Vou começar tranqüilizando as desesperada do “por que agência, meldels?” com duas simples razã:

- porque eu não sou bocó e pesquisei todos os preços se eu pagasse sozinha, reservasse sozinha, blábláblá sozinha and com a agência era mais barato. Se eles ganham dinheiro com isso, bom pra eles, eu gastei MENOS. A lógica? Eles conseguem, por exemplo, comprar todos os trechos de avião juntos, ainda que de companhias diferentes. Fiz um caminho bonito assim tipo Curitiba – São Paulo – Amsterdã – Dublin – Londres – Cardiff – Londres – Paris – Rio – Curitiba – UFA e isso ia custar o que custou a viagem inteira se eu comprasse separado.

- porque eu quero, porque sim, porque eu gosto de conforto, beu abô. Eu queria dicas, eu queria agilidade, eu queria alguém trabalhando pra mim. Eu queria SÓ APROVEITAR. E foi exatamã o que aconteceu, nenhuma dor de cabeça, nenhum erro, sóche gar. E se custasse mais, era bem capaz de eu pagar ahahhaha.

Pronto? Tão mais calma? Num tenho culpa se achei uma agência boa, vamos deixar esse assunto pra lá.

*****

a viagem
o teu amor chamou e eu regressei, todo amor é infinito

Aí tá. Chegou o grande dia. Eu sabia que ia passar duzentas horas em trânsito, de modos que tentei tirar uma soneca de beleza, tomar um banho de 4 horas antes de sair, levar coisas pra me manter digna e higienizada, alimentada e distraída no trajeto, fiz uma mala mega compacta com praticamente o triplo de coisas que eu precisaria pra não ter que gastar dinheiro com nada além de tralhas e a mala nova que eu precisaria pra elas e fui.

Peguei um avião pra sumpaulo que saiu na hora, chegou na hora e carregava, além de mim, todo o time do Bragantino. Achei que era sinal de sorte. Chegando em SP, dei de cara com o time da Lusa, de modos que olha que legal e irrelevante pra história. Tinha só CINCO HORAS até meu próximo voo, entrei esperando um lindo mundo de free shop e olha, que belo cocô que é isso, hein? Cêis se encanta com poco.

Milhões de reais a menos em coisas que eu não precisava, meio livro, 34 posições desconfortáveis, quinhentas mil olhadas no instagram e três pães de batata depois, chegou meu avião, viva, vambora.

Três dias pra embarcar a quantidade de pessoas que cabia naquele troço, fazer todo mundo sentar, atrasar porque tava trânsito no céu (que deselegante) e sair uma hora depois do previsto.

Mas eu tava no corredor do avião, nada poderia dar errado pelas próximas 11 horas.

Aí eu já tinha comido, brincado em todas as funções da telinha à minha frente, feito amizade com OITO PESSOAS (como? COMO?), escovado os dentinhos, me preparado pra sonequinha e num tinha passado nem uma hora dentro do avião.

Aí eu tirei a sonequinha, brinquei mais um pouquinho na tvzinha, reclamei noventa vezes de calor pra comissária, fiquei furiosa por não ter direito a uma conexãozinha capenga de internet que fosse, arrumei todos os travesseiros, cobertores e tralhas em geral pra me deixarem confortável, quando a fia do lado me chama.

- ô, abre aí o mapa do voo.
- pra que?
- PORQUE A GENTE NEM SAIU DO BRASIL AINDA.

Meu, fazia quatro fucking horas. A gente tava passando ali pelo maranhão e eu quis chorar, quis dizer que eu ia estar ficando por ali mesmo, porque não tinha condiçã de agüentar o oceano inteiro ainda.

Ok, mais uma sonequinha, por que não?

Por que uma senhora muito alegre descobriu que naquela hora, naquele lugar, onde no lugar de partida eram *apenas* onze da noite, TINHA SOL. Mas assim, num era um solzinho, um clarinho, uma esperança de um novo dia. Era o raio brilhante assassino da morte, atingindo a galera de forma cegante, num ângulo que o olho humano não está preparado pra processar. Num levou 10 minutos pra levar uma voadora da galera e das comissárias, deu uma fechadinha na janela, mas com aquela fresta amiga pra iluminar até as nossas almas. Num é uma fofa?

Em algum momento, alguma boa fechou aquele raio de janela e todos dorme. Quiqui os pessoal acha maneiro fazer quando finalmente a maioria dormiu? Servir o sorvete da madrugada, como não? Afinal, 3 hora da madrugs no Brasil já é OITO DA MANHÃ na Holanda, de modos que esse seria nosso fuso dali pra frente, vamo tomar um raguendáss, meus amigo.

Só que não. Odeio sorvete, odeio que me acordem, só não quebro tudo (ui, violenta), porque tô ino pra europa.

Sono vai, sono vem, a gente acorda, brinca com a telinha de novo, come de novo (pqp, como entucham comida nas pessoas no avião, parece até que vão usar a gente no próximo menu), toma café da manhã, todos abre as janelinha menos a véia das madrugadas, viva viva viva tamo chegano em amsterdão aloco, vou chorar.

Hora no Brasil: 6. Hora na Holanda: 11. 

*****

Tinha uns 4 comissários no meu gominho do avião. Três deles me deram pavor só de olhar. Um sumiu rápido, porque era do lado direito, no fundo e eu estava do lado esquerdo, na frente. O outro (direito, frente), parecia e soava como mordomo de filme de terror. Não sorria. A outra era uma véia de uns 700 anos, respirei aliviada quando vi que ela era do fundo. E a nossa comissária, uma holandesa fofa e linda, tornou a experiência muito mais divertida.

Coitada.

Numa das 480 refeições eu já não agüentava mais a curiosidade da seleção de sucos do avião: maçã, laranja e TOMATE. Fiquei achando que devia ser um negócio lindo, né? Todos toma. Perguntei pra moça se podia experimentar e ela achou muito engraçado alguém nunca ter tomado suco de tomate na vida. Quer provar, caro leitor? Cata uma lata de pomarola, abre, põe no copo e toma. DELISSIA. Só que não.

Tive um ataque de riso de nervoso, ela teve um ataque de riso porque eu sou mongol e ela me deu oito litros de suquinho de maçã pra vencer o trauma.

Horas depois, quando ela veio com o café, trouxe um copinho muito bonitinho com uma estampa de azulejos holandeses e tulipas e moinhos e AIMELDELS MOÇA, EU NÃO QUERO CAFÉ MAS QUERO ESSE COPO (põe aí no SAP com um inglês bem sem vergonha). A moça achou muito maneiro alguém querer o copinho, contou a história da Holanda em 10 minutos, disse pra eu lembrar sempre dela quando olhasse o copinho, que era o presente dela pra mim ounnnn. Ganhei dois kkk.

Na saída do avião, enquanto ela dizia ~apenas~ tchau pra todo mundo, veio toda fofa se despedir da minha pessoa, pedindo pelamordedeus pra eu ter cuidado com o meu jeitinho *amoroso* e empolgado pela Europa e me desejou muitas felicidades na minha jornada. Quilinda. Quero ela de aeromoça forever.

*****


Saímos atrasados, obviamente chegamos atrasados, não é?

Quando alguém disser pra você que o aeroporto de Amsterdã é grande, mas péra, é GRANDE, calma que cê não entendeu ainda, deveria ser chamado de aeroporto internacional de Itu, meuá migo, acredite.

A gravação repetia enlouquecidamente que os bocó com destino a Dublin deveriam sair correndo como se suas vidas dependessem disso, do portão E pro portão M. E eu pensando “gente, será mesmo necessário correr por causa de 8 portões? A gente tem uma hora e meia...”. O que eu não sabia era que estava no E11 e teria que ir até o M87. Pegou? Tinha um zilhão de portões no meio do caminho, mil véias, mil holandeses, mil indianos (mal sabia eu quantos mil indianos estariam no meu caminho), e muita correria. Chegamo tudo estraçalhada no portão de embarque, por último, obviamente. Grazadeus o avião não saiu sem a gente.

Aí uma das fia resolve olhar o cartão de embarque, só pra descobrir que não ia junto com a excursão, tinha mais duas horas pra mofar ali. HAHAHAHAHAHAHAHA. Coitada.

Mais maneiro foi ela discutindo em português com o moço holandês. Aliáááás, que sensacional, que a gente entrou no voo e num tinha mais condição de falar português se você quisesse sobreviver. Num sei como nego vai pra, sei lá, Japão.
Mas a pessoa olhando nossos códigos de barras dizia “bom dia” em português com um sotaque muito engraçado, mas só pra brasileiros. Como ela sabia quem era a gente, eu não sei. Concluí que era o atraso, que nem nossa culpa era. WHATEVS.

Adentrando o avião irlandês, eu comecei a ter pavor da viagem pela primeira vez na vida. Maquiagem medonha, uniforme verde leprechaum pavoroso, muita falta de educação dos passageiros e dos comissários e eu me perguntando se seria bem sucedida na minha empreitada por Dublin. Estava a uma hora e meia de descobrir.

Por hoje é só, porque eu ainda tô caída de jet lag, me deixa, eu explico nos próximos capítulos.

Um beijo!