quinta-feira, 26 de setembro de 2013

derrepentchy trinta



título alternativo I: eu crio expectativas porque sei o que elas comem 
título alternativo II: serendipity 
título alternativo III: perdendo os critérios 


Às vezes eu tenho um pouco de medo de me dar conta que perdi muito tempo da minha vida. Fazer aniversário tem esses inconvenientes, a gente fica pensando o que tá fazendo com a vida. (Como se não fizesse isso obsessivamente os outros onze meses do ano.)

Vai dizer que de vez em quando não dá aquela sensação de que você dormiu com treze anos, acordou com trinta e tudo que seu pequeno eu imaginou deu errado e você virou uma pessoa horrorosa, que não lembra em nada o que você queria ser, que não é nem o que você quer ser agora?

Tenho uns 48% de certeza que meu eu de 13 anos ficaria decepcionado e surpreso com o andamento dos fatos.

Um ano atrás, um pouco mais, talvez, esse eu estaria 89% decepcionado. Aí eu fiz uma lista imaginária do que estava errado e fui corrigindo. Dei umas derrapadas bem bonitas no processo, especialmente nas áreas nas quais eu não me desenvolvo naturalmente com graça – essa maravilha que vêm a ser as relações humanas. Mas eu tô tentando.

Devo dizer que na recentíssima história da minha vida, estou dando motivos pro meu eu de 13 anos ficar mais calmo.

Nesse processo de corrigir as vibes, recalcular as rotas e tal, é inevitável estabelecer metas. O que vem a ser apenasmente uma forma bonita de criar expectativas, cêis não acham? Eu acho. E eu tenho um dom, viu? Oda Mae Brown me entenderia, porque eu prevejo linda o futuro. Ou sei lá, sou chata pra cacildis e não paro até conseguir o que eu quero.

(às veiz não consigo)

Bom, o caso é que eu tenho umas metas recorrentes na vida. Não é que eu adapte pra fase que estou passando. É a MESMÍSSIMA ideia fixa, que de vez em quando eu esqueço, de vez em quando volta, de vez em quando fica.

Uma delas vem em ondas como o mar num indo e vindo infinito. Vou confessar: a primeira onda veio daquelas que mal vem já foi. Depois veio uma daquelas ondinhas que acabam fininhas na praia. Depois veio com espuminha, aí veio maiorzinha, aí veio já possibilitando pegar um jacaré, veio bonita pra surfista e, bom, uns cinco mêis atrás chegou o tsunami.

Quem nunca achou que podia sair nadando linda um tsunami, hein?

Peguei minha boia e fiquei aí prendendo a respiração, esperando a hora que eu chegaria na superfície ou a água ia abaixar.

TÔ ME AFOGANDO ATÉ AGORA.


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Quando a ondinha começou a bater, eu comecei a criar cenários na minha cabeça. Em todos eles eu sempre via duas saídas em algum ponto. Desde a primeira bifurcação até a última. Chegando, assim, nuns 1024 cenários diferentes, do completamente otimista ao completamente pessimista, tipo aquelas pesquisas eficientíssimas de satisfação.

Claro que como boa discípula de Summer, ficar no lugar do Tom me incomoda um pouco. E tendo a mentalidade pendendo muito mais pra Summer, eu tenho experiência em visualizar os quadrinhos de expectativas e realidades de formas muito próximas pra evitar desapontamentos.

Acontece que nesse caso específico tava falhando tudo. Eu não conseguia evitar o otimismo. Não conseguia evitar visualizar sempre o melhor resultado em caso de impasse. Eu tava o próprio Tom, creize expectations. Plano perfeito pra levar um stuplash da realidade.



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Já ouviram aquela frase “never meet your heroes”? Tendo a aplicar essa frase pra tudo na minha vida e evitar me aproximar demais das coisas e pessoas que eu gosto muito, porque  né? Mais alto o pedestal, maior o tombo.


Mas você já parou pra pensar  que loco seria se essa pessoa pra quem você dedica tantos pensamentos superasse suas expectativas? Já imaginou ver tudo o que você planejou acontecendo como num script, a pessoa inclusive acertando as falas? E aí você precisa até se distanciar por alguns minutos, pra ter aquele momento de reflexão, tipo "TÁ ACONTECENDO MESMO, EU NÃO TÔ MAIS IMAGINANDO". Aí você volta pra realidade e BOOOM, ela, de repente, num incrível plot twist, fica ainda melhor do que você esperava.

Eu não sei vocês, mas não sei como proceder.










epílogo

A história tá no meio. Quer dizer, acho que tá. Acabei de acordar com 30 anos e ainda tava achando que a expectativa é melhor que a realidade. Acabei de perceber que a realidade é melhor que a expectativa. Pra onde as coisas vão daí, não tenho a menor ideia.

A vida ficou tão boa que eu parei de planejar e resolvi aceitar a minha ligação pro SAC 0800: agora é hora de esperar, porque minha ligação é muito importante, mas os atendentes todos estão ocupados.

Não é todo dia que sua vida fica parecendo um filme do John Cusacknão é todo dia que você se dá conta que Sara Thomas era mesmo importante na sua vida (e olha que as inúmeras referências a Sara Thomas [que nem é uma mulher na minha história] nesse blog eu acho que nem os mais stalkers serão capazes de pegar).

Aguardemos os desdobramentos da sessão da tarde. Que pode muito bem ser vale a pena ver de novo.