quarta-feira, 27 de maio de 2015

the dark side of the blank space

título alternativo: explicando a vida com têilo suif




(o título alternativo era o original antes de uma postagem no facebook que não tem exatamente muito a ver com a história)

Estou over explicativa porque meu cérebro entrou num esquema de pensar vários nada depois da lavagem cerebral estatística que eu sofri. Estou há 3 semanas em riiiitmo... em ritmo de provaaaaaaa que não acaba nunca, de modos que quando eu paro pra pensar em escrever, acontece uma de duas coisas:

- tela azul;

- silencio, no hay banda.

Mas tava aqui no rascunho essa maravilha de explicar a vida usando músicas do pop merdão, as alternativas eram Ed Sheeran, Sia, Exaltasamba e Taylor, aí pensei que a última tinha muito mais a ver comigo e com o ~momento~ e WHY NOT? Existem várias razões por que não, mas eu sempre ouço a única porque sim: pela zueira.

Inclusive pensando se explico ou não a ~zuêra~ do título, porém sou contra explicação de piada, então não, sivirem.

Oi?

Vamos lá: abra seu player de música online favorito, digite blank space na busca (ser for aquele lixo de spotify, vai ficar a ver navios) e vem comigo sofrer com a eterna sétima série que é a vida amorosa (pelo menos a minha).

Nice to meet you, where you been?
I could show you incredible things
Magic, madness, heaven, sin

Quando cê conhece um boy magia, não fica aquela sensação de "onde estava essa pessoa" o tempo todo???// Cê não fica meio louca tentando descobrir a ~trajetória de vida~ da pessoa, pra descobrir se vocês já passaram na mesma rua? Pois eu fico. Por onde andava esse boy e por que demorou tanto? Não sei. Mas agora que chegou, vamo ver umas coisa mágica? E por mágica eu quero dizer super boring, pois eu sou assim? Mas a porção de loucura e pecado tamos aí, só chegar. Num é? É.

Saw you there and I thought
"Oh, my God, look at that face!"
You look like my next mistake
Love’s a game, wanna play?


O boy que está na minha mente no momento (em quem eu penso desde que ouvi essa música pela primeira vez) teve justamente esse impacto na minha vida. MEU DEUS OLHA ESSA CARA. E enquanto os minutos iam passando, mais eu pensava "gente, que erro. mas super vou cometer esse erro que eu já sei". Cometeeeeeer, assim, não cometi. Mas que foi um erro, foi. E se a gente considerar meu histórico do uáts, digamos que está em pleno processo de cometimento. Pelo menos o boy não está sendo analfabeto.

New money, suit and tie
I can read you like a magazine
Ain't it funny? Rumors fly
And I know you heard about me

Neste caso especificamã, não está rolando uma riqueza especial (mas já aconteceu). O que importa é: can read you like a magazine e I know you heard about me. O boy era tão previsível que eu tinha que me fingir de besta pra não parecer mais doida. But aren't they all? Sei lá, acho os boy tudo transparentíssimo. E em o boy não sendo catado na rua ou achado no lixo sempre rola todo um prometimento da minha pessoa ou fofocas a meu respeito. Fico pensando na tristeza que foi passar meses ouvindo coisas sobre mim e pensando que até valia a pena e se deparando com a minha cara de banana. PELO MENOS as notícias não voaram tendenciosamente dos meus ex neste caso, mas estou me adiantando.

So hey, let's be friends
I'm dying to see how this one ends
Grab your passport and my hand
I can make the bad guys good for a weekend

Vamo ser amigo? Vamo se beijar? Vamo trocar telefone? Inclusive, uma maneira ótima de garantir que o boy salve seu número na agenda é mandar mensagem no uáts. Cêis já viram que agora é obrigado a por na agenda e dizer que não é spam antes de começar a conversínea? Heh. E eu já sei que o ~romance~ vai durar quando envolve conversas práticas de deixar os muros deste país. Impressionante: se o boy for interessante, invariavelmente estaremos antes do terceiro encontro fazendo planos de passear além mar.

No tópico "make the bad guys good", eu sou muito profissional. Cê joga um potencial desastre na minha mão e ele parece uma pessoa domesticada e bem sucedida rapidamente. Todo mundo ama. Se tira ele da minha mão, todo mundo vê que não vale uma bala juquinha babada. Eu já fiz bad guys good por anos, tá, meu bem?

So it's gonna be forever
Or it's gonna go down in flames
You can tell me when it's over
If the high was worth the pain

A chance é de 98% de catástrofe, com desvio padrão de 2% apenas para mais. Tem vezes que eu até tenho muita certeza que tô amando, penso comigo mesma AGORA VAI, aí sei lá, gente. Tipo, quando eu comecei esse post, 3 semanas atrás, eu tava em franco amor. Agora já tô assim tipo "gente, o que foi que me acometeu?". Os boy permanece bonito, inteligente, engraçado, interessante, mas eu penso "num é suficiente". Então não vai ser pra sempre, provavelmente vai ser uma catástrofe quando acabar, mas vai valer a pena, eu prometo.

( ͡° ͜ʖ ͡°)

(três horas procurando esse kamoji, pqp)

Got a long list of ex-lovers
They'll tell you I'm insane
'Cause you know I love the players
And you love the game

Aí talvez a gente tenha que entrar em feminismo um pouquinho? Longa lista de ex namorados, mddc, check. Mas me deixa, porque eu tinha que aproveitar quando era magra e bonita, ao contrário de agora que não pego ninguém. Aí cê vai perguntar pra minha fila de ex "a Vanessa é como?" "ah, é louca, né?". Tem duas possibilidades:

Uma é a pessoa estar se referindo ao modo como eu deslizo pela vida, que não é assim muito convencional mesmo, porque NINGUÉM MANDA EM MIM. A outra é "nossa, ela não sabe o que quer", "eu achava que ela me amava", "ela me fez promessas e partiu", etc etc etc. O que é tudo mentira. É só aquela vibe home, que acha que mulher nasceu pra servir e amarlo, só porque ele existe. Inclusive, migos, vamo abolir o infeliz friendzone? O nome científico de friendzone é FRIENDSHIP, porque assim, se você é legal, divertido e boa companhia, a moça gosta da sua presença, mas não quer TIDAR, você está na zona da amizade sim, conhecida publicamente como amizade, que significa NÃO VOU TE DAR SÓ PORQUE VOCÊ QUER ME COMER, MERMÃO.

E é por isso que você tem que amar os jogador, não o jogo, ok? E isso não é insanidade, é a vida. A mina não é louca porque te deu um pé quando você ainda quer. A mina não é louca porque te diz que te ama quando claramente não é correspondida. Isso é o que os mino faz desde a era das cavernas e todo mundo acha normal. RESPEITA AS MINA.

Moving on.

'Cause we're young and we're reckless
We'll take this way too far
It'll leave you breathless
Or with a nasty scar

Cê sabe quantos anos eu tenho? Pois não importa, pois forevis young. Reckless not so much, porque eu me amo e não tô de palhaçada (velha), mas quando se trata de ~amor~, quem é que não passa do ponto? Eu normalmente fico sem ar também, mas aí já é culpa de uma certa asma ocasional, assim como o caso da cicatriz e tal, tô cheia hahaha risos que engraçada. Mas não tem um ex meu que não me queira de volta ou não me queira estendida na BR, então talvez seja interessante avisar que aqui o negócio é intenso.

Got a long list of ex-lovers
They'll tell you I'm insane
But I've got a blank space, baby
And I'll write your name

Muitos ex, meu corpo, my decisions, blábláblá. Mas deixa eu te falar aqui uma coisinha: pode demorar, meu amô. Pode levar duas temporadas, pode levar quatro. Mas se eu reservar um espaço pro seu nome na minha listinha, escrever-lho-ei.

HEH

Cherry lips, crystal skies
I could show you incredible things
Stolen kisses, pretty lies
You're the King, baby, I'm your Queen
Find out what you want
Be that girl for a month

É impressionante como qualquer boy que passe um tempinho comigo acaba dizendo a seguinte frase "você vê as coisas de um jeito diferente, né?" ou "nunca tinha pensado por esse ângulo" ou "como você viu isso?". MORES, morar dentro do meu cérebro é uma emoção a cada dia, de modos que estar do meu lado com certa frequência tem o mesmo efeito. Enquanto você estiver comigo, a coisa toda vai ser muito fora do padrão que você tá acostumado e você vai adorar isso nos 10 primeiros dias e odiar o resto todo do tempo, chorando porque "nada em você é normaaaal". Eu nunca disse que seria feat. não sou obrigada. Esse negózdo beijo roubado, cara, acontece muito, porque dá uma certa emoção ao negócio todo. As belas mentiras não tem mais, porque cê fala pro cara que tá se apaixonando por ele pra ver se ele sai correndo pras colinas e te deixa quieta e ele... se apaixona por você. Cê fala que não tá nada envolvida, pra não assustar o cara, ele reclama que você é fria e vai embora. Então aqui é sinceridade, ok? Não te amo, nunca vou te amar, se quiser é assim. Ou talvez eu me apaixone, vai durar uns 8 meses, eu vou ficar grudenta, mas eventualmente eu vou enjoar da sua cara e te liberar da maldição.

O importante é que quando você estiver comigo, vai se sentir muito importante e só vai ter olhos pra mim, porque eu vou derreter seu cérebro.

Wait, the worst is yet to come, oh no
Screaming, crying, perfect storms
I can make all the tables turn
Rose garden filled with thorns
Keep you second guessing like
"Oh, my God, who is she?"
I get drunk on jealousy
But you'll come back each time you leave
'Cause, darling, I'm a nightmare dressed like a daydream

Considerando que ~no momento~ não estou me relacionando amorosamente, posso concluir que todos meus relacionamentos falharam até este momento e usar a lógica para prever que será assim até o fim. Mas reflita: se eu consigo terminar até relacionamento platônico, que supostamente era pra ser perfeito, cê imagina que difícil que é aceitar a pessoa normal (zzz) da vida real. Eu não tenho estrutura.

Então vai acontecer aquele dia que eu vou acordar, vai dar um estalo na minha cabeça e eu vou pensar "o que eu tava pensando????". De modos que neste dia eu vou ter que agir muito naturalmente, pra não deixar o cara apreensivo, pra ele não ter tempo de se fazer de vítima ou me chantagear emocionalmente, porque, filho, cê vai rodar. E não tem choro. Acabou, fim, segue seu rumo.

"DE ONDE SAIU ISSO, VANESSA? ATÉ ONTEM TAVA TUDO BEM!!11"

Tava memo, mas agora eu não gosto mais de você e não quero mais olhar pra sua cara de pastel, então vaza, ué. A-seita-que-dói-menos. Midesgupi se não acontece devagar (às vezes acontece e os infeliz não pegam a dica mesmo assim), mas eu não vou me submeter ao horror de ficar com alguém de quem não gosto mais só porque vou parecer louca, vou parecer desequilibrada, vou parecer grossa. A vida é assim mesmo, sorte sua que tu é homi e o mundo já te favorece o tempo todo. Você vai sobreviver.

E ó, não teve uma vez nesta vida que eu tenha tido um ciuminho injustificado. Eu não sou ciumenta, eu só sou esperta. Se eu reclamar das suas amiguinhas, migo, eu sei que é porque você não tá valendo muita coisa naquele momento, viu?

De modos que o que você chama de pesadelo disfarçado de sonho, eu chamo de EU TENHO NEURÔNIOS E NÃO SOU PALHAÇA, porém sou uma fofa, nasci assim.

Daí vem os refrão tudo de novo blábláblá, já passamos essa fase.

Boys only want love if it's torture
Don't say I didn't say, I didn't warn ya
Boys only want love if it's torture
Don't say I didn't say, I didn't warn ya

Aí nos encaminhamos para o fim apoteótico, que não é realmente o fim, porque música pop repete, né? E o fim é: SE EU QUISER EU VOU PEGAR e tal.

Mas o fim da letra consiste de: aprece que os boy só gosta se significar tortura, de qualquer foma, eu te disse, eu avisei.

Que em português significa: eu disse não pro moço. Algum filho de chocadeira falou que não quer dizer sim, então ele não me dá sossego. Aparentemente eu tenho que falar sim pra que ele se assuste e saia correndo pras colinas, porque homem é tudo burro e acha que não é sim e sim é socorro.

Sério, caras, tão linda as cara, tão burro os cérebro. Por que vocês não aprendem? Por que vocês não podem tratar bem as meninas por quem estão interessados e aceitar que elas se interessem por vocês de volta? Por que vocês não dão a real nas mina "eu não tô apaixonado, eu só tô passando tempo" caso isso seja a verdade e não uma forma de definir poder? Por que não dizem "miga, eu só quero te comer?" que muitas de nós darão graças a deus de não ter que ficar falando com você no celular ou dormindo junto, podendo simplesmente levantar e ir pra casa comer brigadeiro com um gato no colo? Vamo ser sincero? Vamo parar de encher o saco de quem não te quer? Vamos respeitar quem te quer, mesmo que você não queira? Vamo parar de achar que alguém ganha alguma coisa competindo?

Ai, que preguiça que eu tenho de gente e de homens, no geral, sabe?

Por isso que eu vivo sozinha, porque eu sei o que eu quero e não tenho paciência pra quem tá começando.



¯\_(ツ)_/¯ 

sexta-feira, 8 de maio de 2015

my life as an introvert

cê jura

Esta provavelmente não será a última vez que vou falar sobre isso, até porque deve ser a primeira??

Here we go.

Eu nunca tive o poder da invisibilidade.

Já falei aqui que que estudei em literalmente 10 escolas diferentes, numa época em que existiam 11 séries, mudando de cidade 3 vezes enquanto isso. Cada vez que vinha a notícia "arruma as malas, escola nova", eu pensava: agora eu vou fazer tudo diferente. Fazia diferença? Nenhuma.

As pessoas todas aprendem meu nome numa rapidez incrível. Professores, então? Vish. Não interessa se é na primeira série, no primeiro dia da faculdade, no mestrado. Todo mundo sempre sabe quem sou eu. Sempre fui o tipo de aluna que passa na escola 8 anos depois e a diretora vem alegremente cumprimentar.

Não faço ideia do motivo. 

Nunca fui bagunceira (mentira, teve uma fase que fui sim), nunca tive nenhuma característica marcante, nem dava tempo de parecer especial.

Mas não era só na escola. É em todo lugar. Eu posso me manter firme no propósito de chegar incógnita em um lugar ou grupo de pessoas, mas não dura muito tempo.

Na história recente, por exemplo, teve um dia em que eu estava com uma amiga no shopping e a irmã dela ligou convidando pra ir a um bar. Lá, um grupo de umas 20 pessoas dividia uma mesa e, além da minha amiga, eu conhecia mais uma pessoa e só. Minha amiga logo se fundiu na conversa que já acontecia e eu fiquei do lado do meu outro amigo, olhando o movimento das pessoas. Esse meu amigo fazia mestrado em letras e estava com um livro sobre a história da linguagem que me interessou bem mais que a conversa que estava acontecendo ali. Abri o livro e comecei a ler, rindo sozinha de algumas partes que explicavam o surgimento de algumas expressões da língua (até onde eu me lembro, tinha do português e do inglês). Meu amigo me perguntou do que eu tanto ria e eu comecei a comentar as que mais me interessaram e a gente estabeleceu uma dinâmica que consistia em ele ficar olhando pra minha cara, enquanto eu lia, achava alguma coisa engraçada, interpretava e a gente ria junto. Quinze minutos depois, não tinha mais nenhuma conversa acontecendo na mesa, todas as pessoas olhavam fixamente pra mim, esperando a próxima bobagem que eu narraria dramaticamente. O problema é que depois que eu me dou conta de que isso está acontecendo, a naturalidade vai embora imediatamente. Se eu aguento o tranco, a porção teatral da minha personalidade me arrasta até o limite. Se eu me desespero, fico vermelha, faço a tímida e calo a boca pra todo o sempre. Nesse dia eu fiz um show de umas duas horas, até acabar o estoque de energia da minha pessoa e parti para o meu lar, não sem antes ouvir do meu amigo que era ótimo ter uma amiga engraçada, porque mulher nunca é engraçada. E que mulher nunca é engraçada porque homem não gosta. Mas isso não é relevante pra história. (Ou é, não sei.)


*****

Eu passei anos da minha vida tentando entender se eu era tímida. Porque não era exatamente timidez que parecia, parecia outra coisa. Me perguntava se não era uma timidez bipolar suave, que ia e vinha, dependendo da situação. Ou se era um caso raro que não fazia muito sentido mesmo. Ou se eu era só falta de vergonha na cara. Ou muleta pra situações desconfortáveis.

Demorou muito pra eu aceitar que não é que eu não precise de pessoas o tempo todo, eu preciso ficar SEM pessoas por longos períodos de tempo. Mas não é que eu não goste delas, é que eu preciso de tempo e espaço pra compreender a mim mesma.

Só que tem esse probleminha de ter uma humorista do zorra total aprisionada em mim.

Por que não é que eu seja engraçada, mas eu acredito que seja. Ninguém tá rindo, mas eu não consigo parar. Você tenta abaixar o volume, mas eu ainda estou falando alto demais. De modos que é um pouco difícil não chamar a atenção de toda a humanidade. E aí no fim do dia, todo mundo sabe meu nome. No fim do mês, todo mundo sabe muitas coisas a meu respeito, no fim do ano todo mundo sabe até que marca de papel higiênico eu prefiro.

E, mesmo com esse eterno holofote que anda em cima da minha cabeça, o padrão é entrar em pânico com toda essa atenção.

*****

Foi só recentemente que entendi que mal me acometia: eu sofro de introversão. Mas num é uma coisa assim pouca e suave. É hardcore introversion, é acabar chegando num site chamado introvert, dear e ver o mundo fazendo sentido pela primeira vez na vida.

Vamos por partes: 

Aparentemente, existem 16 tipos diferentes de personalidade, de acordo com Jung, Briggs e Myers (aloca da referência teórica). Já fiz esse teste um trilhão de vezes, em várias fases da minha vida e sempre fui INFJ. O que isso significa? Introversion, intuition, feeling, judging, ou, em outras palavras, QUE DELÍCIA SER EU. INFJs correspondem a menos de 5% da população, não conseguem sentir aquela alegria de adequação e sentem como se tivessem caído da nave-mãe e se perdido. Uma frase que eu repito desde que descobri o conceito de extraterrestre. Aí tem aquela parte "são comumente confundidos com extrovertidos, porque se importam demais com os outros". MAS NUM É QUIÉ? Perfeccionistas (o que é diferente de fazer as coisas muito bem feitas), birutas que vivem no mundo da lua, APASHONADOS POR ♥PALAVRINHAS♥, independentes, analisadores (judging you), idealistas e etc. Temos a vida regrada pelas sábias palavras de Katia Cega: não está sendo fácio.

E é isso aí mesmo, gente. Teve um dia, em Dublin, que eu tava vivendo um momento de filme. Tava num pub cheio de gente bonita, com sotaque legal, pints voando por cima das cabeças das pessoas, tudo de acordo com um roteiro bem escrito de róliúd. De repente, o DJ coloca Mumford and Sons pra tocar a música modinha da época, Little Lion Man, cuja letra eu sabia de cabo a rabo. Berrando do fundo dos meus pulmões, como 100% das pessoas dentro daquele bar, por um momento eu olhei em volta e enxerguei uma clareira imaginária. Não tinha nem 10 centímetros entre mim e os amiguinhos, mas eu enxergava um buraco, dentro do qual estava apenas eu. Todas as pessoas de braços erguidos e olhos fechados, todo mundo cantando igual. Por uns 3 segundos eu me senti parte do todo, sim. Mas não durou muito a sensação, de repente eu não estava mais ali e, se eu sumisse (mais), ninguém perceberia.

Sabe?

Meus amigos estavam ali, abraçados uns nos outros, sorridentes, e eu sentia como se fosse desmaiar. "Se eu não estivesse aqui, faria diferença?". E é um pensamento que eu não consigo evitar. E dessa hora em diante, a única coisa que meu cérebro consegue pensar é: vai pra casa vai pra casa vai pra casa vai pra casa. A casa estando 10 mil quilômetros de distância, fica um pouco complicado. Tem que se controlar, né? Aí vai pro banheiro, se fecha na casinha, respira, mentaliza o silêncio do quarto, volta, faz cara de bonita e segue.

Esse é o sentimento em absolutamente todas as festas em que eu vou na vida. Tem mais de 10 pessoas e existe a possibilidade de eu não poder participar de uma conversa? Vai rolar um momentinho de extrema inadequação.

*****

Agora vou usar este artigo pra explicar alguns tópicos da alegria da introversão (os chatos eu vou estar pulando sem medo de ser feliz).

O sentimento de ser mal entendido

Às vezes eu simplesmente sei as coisas e não sei como explicar. Exemplo? O elevador do meu prédio no trabalho é da era das cavernas (anos 60). Fizeram uma plástica no exterior, ele parece jovem, mas tem um corpinho véio e cansado. Trava 200 vezes por dia, geralmente com gente dentro. Quando acontece, de lááááá da minha sala, eu aviso "alguém pode ir lá resgatar as pessoas presas no elevador?". Eu não vou porque não tenho ferramentas pra isso, mas aviso toda vez. Um dia me perguntaram como eu conseguia acertar 100% das vezes. A resposta é simples: eu ouço o alarme. Porque, veje bem, o alarme não é ligado em lugar nenhum. Não tem um painel ou uma pessoa que fique ali a postos pra salvar pessoas presas. Tem um apito dentro do elevador que a pessoa aperta e ora pra que alguém escute. 200 pessoas no prédio e quem é a única pessoa com habilidade pra isso? POIS É, a surda. Agora tem um coleguinha novo na minha sala e, depois da décima vez que eu falei "elevador travado, send help", ele perguntou como eu sabia. Eu só respondo que ouço o bendito alarme e não tento explicar mais nada.

É assim com tudo. Às vezes eu sei, não sei como eu sei e estou certa. O problema é esperar as pessoas todas chegarem lá onde eu já estou. Demora. E eu levo mil patadas no processo.

Absorver as emossaum dozotro

AI.QUE.PESADELO.

Todo dia de manhã, quando eu chego pra trabalhar, eu sei quando uma c e r t a p e s s o a não está no prédio. Não preciso nem olhar na sala dela, não preciso nem entrar no prédio. Cheguei na marquise, sei que a pessoa não tá lá. Se eu saio pra fazer alguma coisa e volto pro prédio e o indivíduo foi embora, eu também sei. 

MAS NÃO É SÓ ISSIUUUU

Outro dia eu entrei no subway, pedi meu sanduíche e fiquei triste imediatamente. Fiquei prestando atenção no menino que estava fazendo meu lanche e fui perguntar no caixa o que estava acontecendo de errado com aquela pessoa. A moça disse que não sabia e foi perguntar. Pois o menino tinha acabado de ser demitido. Eu já tinha visto ele na vida? Não. Ele me atendeu de má vontade? Não. Mas as vibe emanante da pessoa já me derrubaram imediatamente. Acontece o tempo todo, inclusive em casa. Curto muito chegar de boinha e ter alguém #chatiado. É muito difícil reverter.

Poder estúpido de previsibilzação do futuro

Isso é um grande cocô mole. As pessoas são previsíveis, as coisas são previsíveis. Isso todo mundo concorda, né? É assim que a gente sabe se vai chover amanhã, mesmo estando um sol escaldante hoje. Mas pessoas como eu reparam nos outros, mesmo quando não querem. É incrível, porque você parece que tá jogando xadrez vê 45 jogadas pra frente. Eu vivo mandando mensagens pros amiguinhos com as minhas previsões, que é pra quando o troço acontecer, eu falar EU NUM DISSE???? com provas. É muito raro eu errar. Mas não é nada místico ou transcendental, é só falta do que fazer com o cérebro mesmo. 

Hoje mesmo eu fui tomar um suquinho com uma miga e falei "fia, não me pergunta de onde isso saiu, porque é impossível explicar (oh, lord, pls don't let me be misunderstood, tópico 1), mas daqui duas semanas bláblábláblábláblá. Ela ficou com uma cara de pavor e vamos ver as coisas como se desenrolam. Eu tenho 98% de confiança na minha previsão.

Incrusível já me dei-me a mim mesma o codinome Madame Vaneça, porque minha mente tudo sabe, tudo vê. Menos se for importante, aí fico tapada igual uma porta.

Introvertidíssimo

Diz os pesquiseitor que um introvertido perto de pessoas que curte +qd+ ou defendendo uma ideia parecem extrovertidos. AÍ EXPLICA TUDO, NÉ? Mas no caso de eu estar sendo consultada, eu adoraria poder falar com grupos de no máximo 5 pessoas de cada vez, apenas sobre coisas felizes e calmas. 

O melhor foi entender porque ODEIOOOOO que as pessoas venham até minha casa: porque eu nunca sei quando elas vão embora. A melhor coisa é encontrar as pessoas na rua, na casa delas, em qualquer lugar de onde eu possa ir embora na hora que eu bem entender, porque não aguento mais interação humana. Não é por mal, eu juro. Mas se fosse possível dizer "quer vir aqui em casa das 8 às 9? tenho uma hora de estrutura emocional pra socializar", eu provavelmente seria uma excelente hostess.

Fazendo a Laura do Carrossel

Tãããão sentimental!111 Ahhh, que delícia que é assistir jornal na tv. Ver os baixo astral dos feeds do facebook. Muito simples essas coisas todas com o total descontrole das glândulas lacrimais. Eu nem sei a razão de estar chorando, cara. Hoje de manhã tava passando no jornal as mãe de criança estrupiada e eu pensando na minha mãe quando eu passei dias no hospital vendo a morte e BUÁÁÁÁÁ. Faz mais de 20 anos isso, nem minha mãe lembra mais e eu virando no avesso de chorar.

Multiplica isso por O TEMPO TODO e veja se eu não deveria estar magra de tantas vezes que seguro o choro ao longo de um dia. É uma maratona, é uma olimpíada. Tudo. faz. sofrer.

Sabe demais dozotro

Não é minha culpa, pois não estou interessada em você nem um pouco, mas eu sei a última roupa que eu vi você usando. Isso mesmo, ainda que eu tenha te visto pela última vez em 2010. NÃO FICA ME PERGUNTANDO, CARA. Cê não vai lembrar e eu vou passar por doida. Eu sei também a roupa que eu tava usando, que dia foi, que dia da semana era e um fato engraçado ocorrido no dia. Não estou obcecada, é só meu cérebro.

Carniunha, alma gêmea

Isso é um pouco complexo pra pessoa que não acredita em amor ou em conexão emocional com terráqueos, porque eu só aceito me relacionar com outro cerumano se for amor transcendental, físico, psíquico, químico, estomacal, monogâmico, idolatrístico, mesopotâmico. Se é pra num sentir nada ou sentir blé, não vamo gastar nem meu tempo nem o seu, né? Tem que rolar uma conexão de infinitos giga, com wi-fi. 

Uma vez a cada eclipse da lua com a Terra no meio, eu sinto essa conexão com outro indivíduo. O probleminha é que raramente ela é recíproca HAHAHAHAHAH bem feito, trouxa. "INFJs may struggle to create the kind of relationships they desire. When they do find people with whom they truly connect, it feels almost miraculous." Só que o milagrinho teria que ser uma via de mão dupla, né? Porque quando a gente quebra a cara depois de achar aquela pessoa mágica e unicórnica que preenche todos os requisitos e ela tem mais o que fazer, pensa que simples e fácil é pra pessoa inadequada e sentimental encontrar o caminho de volta pra sanidade mental.

AINDA ESTAMOS PROCURANDO A TRILHA. 

Até porque tomei dois coices unicórnicos seguidos, né? Quais as chances de conectar com duas pessoas diferentes na mesma vida? Na mesma década? No mesmo quinquênio? No mesmo biênio? E levar dois não?

Pois é.


*****

Eu estava planejando fazer um hit combo com um outro artigo, porque algumas coisas se sobrepõem, mas nem eu mesma tô aguentando esse assunto mais hahahahadkfj. De modos que se preparem pra parte II, em que explicarei os motivos dos textão, o que acontece na minha mente, as razões de eu viver uma vida de eremita e porque eu odeio vocês todos quando se encontram e não me avisam, mesmo sabendo que eu não vou. Além de reafirmar aqui até toda a humanidade entender que não é pra me ligar de jeito nenhum.

E por hoje é só.

Aqueles de vós com doutorado em psicologia que quiserem vir me encher o saco, podem reverter esse tempo pra uma coisa muito mais produtiva que é responder aquele questionário maneiro que a cada 10 acertos doa uma quantidade de arroz pra países famintos, já que não pedi opinião, tô só fazendo um manual informal de instruções de como não me tirar do tênue equilíbrio psicológico que sou capaz de atingir :)


sábado, 2 de maio de 2015

something to believe in

(isso é uma musga tão brega de glam rock que dá até vergonha os título)





Esse é um daqueles posts que eu vou começar com uma ideia e terminar sem falar dela. Falando nada com coisa nenhuma, inclusive. Porque eu.não.consigo.falar.o.que.eu.quero. E porque eu quero evitar a fadiga da exposição e das perguntas idiotas.

Vamos por partes, pra ver se faz sentido (eu tô mais é tentando organizar meu cérebro que qualquer outra coisa).

Primeiro eu me pergunto: no que você acredita? As in sentido da vida e tal? Cê veja, eu não acredito em destino, eu tenho um pé atrás com a história de missão, eu tenho lá minhas idas e vindas com relação a um ser supremo (mais acredito do que não acredito, mas de vez em quando dá uns pavor aqui tanto pra um lado quanto pro outro), não acredito em horóscopo, eu não sei. Se a gente considerar a minha criação religiosa, eu devo considerar que nada acontece por acaso, ainda que eu tenha total liberdade pra trilhar meu caminho. Quer dizer, um monte de coisa acontece e pronto, mas elas são meique o caminho pras coisas realmente importantes acontecerem. 

Seguir pelo pensamento filosófico-religioso é sempre uma dificuldade, mas acompanhem. Quer dizer, se quiserem, né? Se não quiserem segue em frente que tem outros blog na internet.

Uma vez eu li um livro escrito pela mesma ~base religiosa~ em que eu fui criada. E o livro dizia que a gente nasce com uma missão principal e pequenas missões pelo caminho. E que a gente se dá diversas oportunidades de resolver essas missões pelo caminho, a missão "grande", principalmente. E se a gente se propõe àquilo, não interessa o tempo que leve, vai cumprir, nem que seja a última coisa que a gente faça. Nesse livro, especificamente, a pessoa foge loucamente da desgraça a que se impôs (para fins de evolução), mal sabe ela que se deu meia dúzia de oportunidades pra resolver essa missão e, em último caso, sofreria desgraçadamente. Foi o que se deu.

Desde que eu li esse livro, uns 18 anos atrás, eu sempre me pergunto o que fazer quando estou diante de uma situação horrorosa: encaro essa merda de uma vez? Ou empurro com a barriga e espero pra sofrer no futuro? É uma maravilha de pensamento, porque você nunca sabe como escolher suas desgraças. VAI QUE eu gastei horas de vida com uma coisa que era só uma missão pequena e opcional? Não sei.

Sem contar que ainda existe a possibilidade de não existir nada além desta vida, de ela ser um grande e estúpido acaso (e eu odeio que essa possibilidade exista e eu não tenha nascido Gisele ou Kim ou Paris e tenha que ter essa vidinha sem vergonha que eu tenho na minha única oportunidade) ou de os evangélicos estarem certos e eu ir sem escala pro sétimo círculo do inferno. Já pensou? Num seria maneiro?

Não.

Mas o que me incomoda mesmo são as pessoas.

Aquela sensação de sentar no meio da praça de alimentação ou de um show do John Mayer e pensar "mas olha ques tanto de coadjuvante desnecessário?". Eu sempre penso isso. A pessoa passa por mim numa calçada em uma cidade do hemisfério norte em que nunca pisei na vida antes ou até mesmo num bairro onde eu nunca vou e eu lembro que ela tem uma vida complexa, cheia de pessoas, acontecimentos, trabalho e tudo mais e pra mim ela é um coadjuvante 100% inútil.

Também tem as vibe de conhecer pessoas mais profundamente e ter aquela conversa de "a gente frequentou o mesmo lugar na mesma época" e pensar quantas mil vezes você passou por aquela pessoa, que num momento foi coadjuvante inútil, e se dar conta de que JÁ PENSOU QUE MERDA SE ELA NÃO TIVESSE CRUZADO SEU CAMINHO DIREITO??// (Ou que sorte, nunca se sabe.)

E aí tem eu, olhando agendas e diários antigos, empacando em algumas histórias, porque absolutamente não tenho nenhuma memória daquelas pessoas ou acontecimentos. Vinte e cinco dias seguidos em que eu e uma pessoa qualquer saímos pra andar de bicicleta, fomos no clube, numa festa, na casa de alguém, assistimos fita (hahahaha jovem) na minha casa, fizemos aulas de teatro e... puf. Nenhuma memória. Eu lembro do dia que meu irmão imaginário (pessoa real, porém sem parentesco verdadeiro) foi me buscar no teatro, porque eu tava no meio do maior castigo da vida e eu pedi pra que ele acobertasse, porque o menino que eu gostava passaria naquela rua dali 15 minutos e eu não queria ir embora ainda. Ainda no teatro, eu lembro do dia que a gente teve aula de beijo na boca, que eu tive que fazer com um menino chamado Ricardo, que eu tinha 89% de certeza de que era gay e não sei qual dos dois estava mais apavorado e cuja memória eu reprimi, PORQUE NÉ?, eu lembro inclusive da aula que ensinava a gente a se comportar como deus. Mas da pessoa que fez essas aulas todas comigo e que tem o nome escrito em tudo quanto é página do meu diário: não lembro.

Agora cê reflita comigo se não é estranho que uma pessoa que foi tão importante um dia simplesmente desaparece. E hoje em dia nem coadjuvante é, não sei nem se vive, não sei nada. Não lembro nem o nome, depois que joguei essas agendas comprometedoras fora. Será se essa pessoa se lembra de mim? At all? Do meu nome? Muito me pergunto.

Inclusive eu tinha (hahaha a quem estou querendo enganar usando esse verbo no passado?) uma obsessão muito incrível com os nomes das pessoas, de modos que eu escrevia a lista da chamada da escola todo santo ano. Essa idiotice continuou na faculdade e, grazadeus, tô semi livre dela no mestrado, já que a turma é o samba do criolo doido e dificulta acompanhar. Mas aí tá lá a listinha dos pequenos infantes que dividiram a sala comigo durante um (ou dois, nunca mais que isso, já que eu não parava em escola nenhuma) anos letivos e eu lembro de 3 ou 4 pessoas em cada bolo. Tem aquela meia dúzia de dez pessoas com quem eu convivo até hoje, mas tem uns pessoal que não bate um mísero neurônio na cabeça. Tem anos COM FOTO das pessoas e nem assim. Minha questã vem a ser: qual foi o sentido? A pessoa passa na vida dozotro por que razão? Eu queria saber, cara. Eu queria saber qual é o fenômeno que decide as pessoas juntas num mesmo avião por 11 horas. Se esse barato cai, por que ESSAS pessoas estavam lá? Fico doida.

Outro dia eu tava falando com um boy que conheço faz umas três vidas, praticamente. Aí a gente tava falando do nosso incrível romance infantil que nunca se concretizou e os dois confessando que tavam sim querendo muito sibejar e ninguém fez nada, por que ninguém fez nada? Eu não fiz porque sou uma pateta ansiosa sem auto estima e não tenho estrutura emocional pra levar fora. Ele disse que tava tímido, ou alguma coisa assim e ainda protestou que pensou alguma coisa do tipo "tenho que tomar iniciativa só porque sou homem?". Tem não, more, mas além de eu ser uma pamonha, tinha um agravante: ele convidou um amiguinho pra passar o dia com a gente. O amiguinho se chamava Rodrigo e, enquanto eu estava no primeiro ano do segund... COOOOF, do ensino médio, o boy tava na oitava série (temos a mesma idade, porém os pais dele tiveram paciência e os meus não) e o Rodrigo estava na sétima. Eu tenho provas da existência do Rodriguinho porque estávamos em plena competição escolar e tanto o boy como o Rodrigo me deram suas camisetinhas nesse dia. As duas devidamente estropiadas e em pleno uso até os dias de hoje, pra ficar em casa e fazer faxina, cada uma com o nome do respectivo ex-dono. Aí falei isso pro boy, né? Que fica difícil a pessoa tomar a iniciativa amorosa quando o rapaz leva um amigo junto e o amigo JAMAIS sai de perto. Qual foi a resposta: Rodrigo??? Má che Rodrigo, minha filha?

O boy nem lembra da pessoa.

E eram bff, os dois. Ou sei lá de quem raios o Rodrigo era bff, porque essa pessoa vivia pendurada na gente e ninguém nem sabe como foi que surgiu. O boy passou meia hora chutando Rodrigos diversos - todos errados - e ninguém lembra o sobrenome daquela criatura que assombrou nosso último date em 1995 fingindo aqui que o boy não usou essa mesmíssima técnica quase 20 anos depois, de carregar um amigo que não pega a dica e dificulta todo o meio de campo. Ou vai ver era essa a intenção mesmo, dessa vez.

Esse boy, por exemplo. É engraçado como nossa vida teve uma coisa engraçada desde o dia em que a gente se conheceu até hoje. Eu acho, né? Tem 135 mil posts sobre este boy escondidos neste blog, acho que nem eu aguentaria mais ouvir falar dele se eu fosse minha amiga. De tempos em tempos me pergunto as razões de essa pessoa permanecer na minha vida. Claro que eu fiz muito esforço pra isso, porque eu tenho uma leve ideia fixa por esse indivíduo (do tipos que é a pessoa mais legal que já pisou neste planeta e etc), mas tanta gente que eu queria ter mantido na minha vida e não deu, sempre há de se perguntar a razão daquelas que ficam. Tem gente que fica porque vai ficando e você nem se importa de verdade, só aceita. Tem gente que te faz agradecer pela internet e pelas redes sociais, porque não sabe o que seria se não fossem elas. Sei lá. Eu me pergunto.

Aí tem essa pessoa em quem eu tô pensando agora, que é o problema em questão.

Sabe quando você conhece uma pessoa antes mesmo de conhecer, porque as pessoas insistem que vocês seriam melhores amigos?

PAUSE pra uma história besta +qd+

Muitos mil anos atrás, eu tinha 17 anos, era a copa de 98 e eu passei ela toda viajando pelo país (hahaha). Eu morava numa cidade, meu pai em outra, minha mãe em outra, minha vó em outra... Cada jogo eu tava num lugar. Uns dias antes da final, incrusível, eu tava na cidade do boy ali da ideia fixa, procurando ele pelas ruas da cidade acesa, encontrando apenas o irmão um pouco menos interessante. Mas isso não é importante. O importante é que perto de um dos últimos jogos eu estava em São Paulo, no lugar onde eu cresci, e uma das minhas amigas mais antigas, que me conhece desde quando a gente tinha 4 anos, veio com essa conversinha de CONHECI SUA ALMA GÊMEA. A gente numa festa junina imensa, nunca que ela achava o menino. Depois de muitas meia hora de encontros e desencontros, eu conheci um menino que, meu deus, que lindo. Uma coisa assim sem precedentes na minha vida. Não lembro como a gente se conheceu, mas não faltou assunto por mais de uma hora depois do "oi". Em algum momento minha amiga viu a gente conversando e falou "MENTIIIIIIIRA QUE VOCÊS SE ENCONTRARAM SOZINHOS111", porque era ele mesmo que ela queria me apresentar. A gente realmente se deu muito bem e eu tava indo muito alegremente sibeijá-lo, quando ele falou "melhor presente de aniversário". Antes de concluir a missão, perguntei "aniversário de quantos anos?"

CA-TOR-ZE.

(Um ano depois ninguém tava nem aí pra idade nenhuma e tava tudo ~fluindo~ muito bem, já que minha idade mental era compatível. Hoje temo os dois mais que 30 e ninguém tá traumatizado.)

FIM do pause

Um tempo atrás tinha esse moço-problema, que sempre surgia nas conversas. Ah, cê vai adorar o Nescau (vamos chamar-lho de nescau porque essa seria a única possibilidade de esse indivíduo encontrar seu nome numa lata). Eu fui pra Irlanda e ele morava lá e "nossa, cê precisa encontrar o Nescau". Preciso não, viu? Quando voltei, era um mimimi sem fim porque não encontrei. Depois ele voltou e eu precisava conhecer ainda. Depois eu conheci e olha, gente, eu deveria muito ter ido ver Nescau na Irlanda, só digo isso.

A gente se deu bem logo de cara, passamos quase duas horas conversando sem faltar assunto, combinamos uma coisa pra dali alguns dias, tentei fazer a pessoa casual aparecendo muito coincidentemente no lugar onde ele estaria e o plano falhou miseravelmente. O infeliz mudou de cidade sem deixar recado. Casualmente na cidade onde ele estava, lembrei de escutar onde ~pessoas~ disseram que ele estava trabalhando (uma rede daquelas que tem um em cada esquina) e ainda assim, tentei em vão encontrar CASUALMENTE (tudo muito por acaso). Não deu. Passei um tempão desencanando.

Um dia eu tava bem desencanada da minha vida, horrorosa, parecendo uma sobrevivente de desastre e quem aparece na minha frente? Pois é, karma is a bitch.

Fui ignorada por algumas semanas, achei que era culpa do meu comportamento suave de obsessão. Até que um dia, sem nenhuma explicação, ele veio me seguindo e começou a falar comigo como se a gente se conhecesse há um tempão (o que era o caso, mas não era o caso) e foi desse jeito que ele voltou pra minha vida. Passei alguns dias me perguntando se não foi um momento isolado, mas não foi. Cada vez que a gente se via, era como se colocasse um tijolinho novo na amizade. Um dia a gente tava se falando meio sem jeito, no outro a gente já tava se fazendo pergunta imbecil, no outro a gente já tava almoçando junto, no outro a gente já estava conversando por duas horas sem acabar o assunto, depois "passei aqui só pra falar oi", depois elogia, depois começa a cutucar, depois começa a arranjar desculpa pra se separar do bando, depois começa a passear por aí, depois começa a ter piada interna, depois começa a chamar pelo nome (eu sempre acho muito importante esse momento do nome), depois começa a falar da vida, depois começa a falar das coisas difíceis da vida, depois começa a confidenciar coisas e pedir conselhos.

Aí eu acho que a gente chegou num patamar bem alto de convivência. A gente não tem mais meta-conversa. A gente conversa sobre coisas que um não sabe sobre o outro e pede opinião. Isso, no meu universo, significa um passo bem importante, aquele que a gente sabe que a amizade não tem volta. Claro, pode ser que dê um problemão no caminho e as pessoas se desentendam ou se mudem pra bem longe ou deixem de ter coisas em comum. Acontece. Mas, normalmente, é quando chega nesse ponto que uma amizade gruda. É nessa hora que eu acredito que a gente pode se falar por telefone (o que não significa, de maneira nenhuma, ligar um pro outro, veja bem), se adicionar em rede social e se referir à pessoa como amigo.

E eu tava lá toda empolgada, no meio de um raciocínio, quando fomos interrompidos. Falei "terminamos essa conversa na segunda" e fui viver. Ainda escutei como resposta "vou abrir uma pasta no dropbox e compartilhar esses arquivos com você". Uma conversa no meio, certo? Ainda o universo deu uma ajudinha na piada interna envolvendo garrafas e nomes estúpidos e eu tava com uma sacola cheia de palhaçada pra compartilhar. Mas não aguento esperar, tiro uma foto, vou mandar pelo whatsapp e... cadê? Há controvérsias sobre de que forma o contato de uma pessoa some da sua lista do uáts sem que você tenha deletado da agenda do telefone, mas a resposta mais óbvia é que a pessoa mudou o número e não vinculou o aplicativo ao novo número. Se era pessoal comigo, eu duvido. Mas se não considerou a ideia de me manter na lista já é triste suficiente.

Aceito a realidade (em partes) e vou até onde eu costumo encontrar o indivíduo. Nada. Espero dois dias, porque tem outro lugar onde eu também sempre vejo essa pessoa. Nada. Todo mundo que a gente conhece em comum, incluindo quem tanto insistiu em "vocês serão ótimos amigos" no mais completo silêncio. Que que eu faço? Nada. Se alguém faz tanta força assim pra não me ver, então faz a Elsa e lérigou, né?

Donde me identifico muito com a ibagem ali de cima.

não é uma merda que as pessoas possam entrar na sua vida por um tempo e te tratarem mal ou mesmo até te tratarem bem até o momento em que elas vão embora quando decidem que você não é importante e quando eles vão eles levam uma parte de você com eles e você nunca se recupera então você se vê afetado por isso pelo resto da sua vida mas pra eles você não era nada além de uma lombada na história


(A falta de pontuação característica do tumblr é pra dar o tom do desespero, pras madame não iniciada.)

Uns dois dias antes do número do desaparecimento eu me peguei acordando no meio da noite, porque meu cérebro precisava urgentemente refletir qual era a necessidade da existência dessa pessoa na minha vida. Se você me perguntar a razão, eu não sei. Do minuto que eu vi esse indivíduo pela primeira vez e no fim de todos os dias que a gente se viu até aqui, alguma coisa dentro da minha cabeça me deixava sempre muito intrigada, com um milhão de porquês. Eu não sei nem explicar. Tinha dias em que eram dúvidas simpáticas, dias com dúvidas de desespero, dias de dúvidas de dúvida mesmo. Mas alguma coisa sempre me incomodava.

O mais engraçado era que eu meique conseguia prever o que ia acontecer, conforme ia acontecendo, como se o negócio todo tivesse um roteiro. O que eu não previ foi que um dia, de novo, essa pessoa desapareceria abruptamente, deixando um monte de conversa pela metade e quadruplicando os porquês todos que já existiam até ali.

(E agora tenho uma gaveta cheia de coisas de piada interna que não tenho coragem de jogar fora e não tenho pra quem dar e me deprime um pouquinho cada vez que abro pra pegar uma coisa não relacionada.)

As pessoas não entram na nossa vida por acaso?

As pessoas cruzam nosso caminho por alguma razão?

A razão de eu ficar atormentada assim pela simples existência (e um pouco das reações idiotas) de uma pessoa, qual seria?

Se alguém souber a resposta, favor vir me contar.




(Mas provavelmente algumas delas existem apenas com o propósito de enlouquecer o cidadão de bem.)