terça-feira, 30 de junho de 2015

the worst nightmare

condições de existência do meu fiofó em chamas

Primeiramente, vou explicar uma coisa (que talvez nem precise de explicação): eu não sei vocês, mas não tem nada no mundo escolar ou acadêmico que eu odeie mais que ~apresentação~ de trabalho.

ODEIO.

ODEIO.

Veja bem: eu sei que uns 87,4% da população também odeiam e isso não vem a ser um (des)privilégio da minha pessoa. Eu só quero dizer que pra minha pessoa isso é o pior pesadelo que pode acontecer enquanto estou acordada.

Quando eu resolvi fazer mestrado, eu esqueci dessa desgraça. ESQUECI COMPLETAMENTE. As pessoas ficam "ai, estudar fim de semana", "ai, cálculos", "ai, artigos", "ai, ler até cair o olho". Algumas dessas coisas são chatas sim, porque o retorno demora. Mas nada grave. Desespero mesmo eu senti no momento em que disseram que tinha que eventualmente apresentar coisas na frente de todo mundo. NUM É ENGENHARIA ESSA MERDA???? Me dá uma calculadora e uma integral e me deixa ser feliz, cara. Que saco que ninguém inventou uma coisa menos imbecil que eu ficar falando como uma panaca, de um assunto que eu não domino, na frente de um monte de gente que não vai entender nada e vai gastar todo seu tempo analisando minha roupa, meu cabelo, minha forma física, meu jeito de falar, as palavras que eu repito sem perceber, os movimentos que eu faço pra confortar minha mente, ISSO quando se derem ao trabalho de olhar pra mim.

Cara, adoro.

Quando a autoridade máxima da sala fala "aula que vem, apresentação", eu escuto "aula que vem você oferecerá sua mãe em sacrifício, que você mesmo performará de acordo com o tratado internacional de crueldade".

Assim, bem suave.

eu, super desenvolta, em dia de apresentação de trabalho

*****

Aí tem a autoridade máxima da sala, né? Você sabe o nome científico de quem eu estou falando, mas NÃO VAI USAR nem nos comentários, sob pena de ter seu comentarinho tão bonito deletado. Eu vou me referir a essa pessoa, para fins didáticos, como toupeira.

Toupeira é um cerumano como eu e você, que teve tempo e paciência pra vencer obstáculos acadêmicos e ganhou um título de mestre, doutor, pós doutor imaginário (heh), sei lá, e acha que deus em pessoa desceu na terra e falou "cara, fica aqui com o meu posto, porque agora cê merece mais que eu". Mas como o próprio nome técnico diz, é apenas uma toupeira.

Falando em toupeira, migas, xô dar uma dica: se você fez uma especialização, um mba, um aperfeiçoamento ou qualquer pentelhação lato sensu, pelo amor, cara, não fala "ai, eu fiz uma pós". TUDO QUE VEM DEPOIS DA GRADUAÇÃO CHAMA PÓS, AMOR. Num é um choque? Aí a pessoa tá lá no mestrado e me vem "ai, na minha pós não era assim". ESTA.É.SUA.PÓS. Para de repetir bobagem, amiguinho. Ou cê fala que fez uma especialização, um aperfeiçoamento, um mba, ou cê cala a boquinha, né?

Bom.

Foco.

Aí tem um monte de PhD. Toupeira no mundo, porque não precisa ter inteligência pra conseguir um negócio desses, ao contrário da crença popular. Tem um desses em tudo que é profissão. E às vezes escapa uma dessas pra comandar uma sala de aula, if you know what I mean. E dela vai depender uma leva de outras toupeirinhas (entre elas eu) pra conseguir um título qualquer de pós. 

E aí qqCfas? Usa a inteligência? MÁ É NUNCA. Cê usa a diplomacia e a capacidade de seguir instruções. Foi pra isso que você leu tanto manual de instrução de brinquedo na vida. Foi unicamente pra esse momento. Pra ler aquela bosta de slide da primeira aula, contendo cronograma e critério de avaliação e fingir que é um joguinho que você tem que chegar no final vitorioso.

E você tá no mestrado, né? PhD. Toupeira diz "vocês têm que apresentar na frente da sala porque vocês serão todos professores".

MIGA, XÔ USAR AQUI RODRIGO AMARANTE PRA TE DAR UM RECADO:


NÃO
PORQUE 
NEM
SEMPRE

Eu, por exemplo, quero dar ao longo da minha vida um total de ZERO aulas enquanto eu viver. Eu estudo porque eu gosto de aprender coisas (o que é um FAIL sem fim no mestrado), porque eu gosto de me sentir inteligente, porque eu quero ir pra Suécia e isso facilitaria, porque eu quero ganhar mais dinheiro, porque eu queria conhecer gente nova com um QI melhorzinho, sei lá, mil coisas. Eu não estudo pra dar aula, porque eu odeio gente e quero que todo mundo exploda.

A gente devia ter o poder de falar que não quer dar aula não, que vai só ficar ali fingindo que absorve conhecimento dos coleguinhas que passam meia hora lendo slide, que eu poderia ter lido sozinha em casa em 20 minutos economizado tempo e minha parte eu quero em prova no fim do trimestre, pode ser? Tranquilo? Fora que meus pensamentos sobre aulas com apresentação, essencialmente, são:

- PhD Toupeira numa preguiça brava de dar aula, bota os outros pra fazerem isso pra ele e finge que suas interrupções estratégicas são suficientes pra estabilizar o conteúdo;
- PhD Toupeira  tá sem ideia pra atualizar o material, então bota os outros pra ficarem lá brincando com o power point, de modos que ele simplesmente vai pegar os melhores (menos piores) slides e incorporar na sua matéria da graduação, onde ele tem que fingir que ensina com um pouco mais de esforço.

(Miga, manda seus arquivos em pdf. Em pdf não editável HAHAHAHHAHAHA. Sua nota pode ser menor, mas alegria no coração é CAMPEÃ.)

E é só isso mesmo. A coisa benevolente da didática e desenvoltura é só a desculpinha esfarrapada, já que nas aulas de continhas não têm essas babaquice e a gente aprende até melhor.

*****

Eu curto uma dificuldade, então o que eu fiz? Uma faculdade de 5 anos, que pra todo o resto das pessoas, levaria 4. E não é que eu seja burra ou preguiçosa, a faculdade levava MESMO 5 anos, não dependia da minha vontade. E o que eu fiz em seguida? Duas pós especializações. Porque minha faculdade era numa área que tava pra ter um filhinho, então eu fui me especializando na área da outra metade do DNA, pra chegar bem preparadinha pra essa porcaria de mestrado que eu levei 10 anos pra fazer. Ao todo, foram 7 anos estudando (mais 10 enrolando, porém ainda dentro do mundo acadêmico de uma forma ou de outra), em que basicamente a gente aprende as mesmas coisas sobre como evoluir com graça em aulas de matação de tempo apresentação de trabalho.

Só que no seu caminho está a PhD Toupeira Suprema, que fala lindas coisa como "você não deu um tema pra mim estudar" ou "houveram erros de português na sua apresentação" ou "as palavras chaves estão mal escolhidas". Se você não consegue identificar o erro nessas frases eu espero MUITO que você não seja brasileiro. Mas eu, do alto da minha esculhambação portuguesística, lhos juro: TÁ ERRADÍSSIMO. E se Doctor Toupeira quer dizer que aquele é um ambiente formal, que a gente tem que falar como se tivesse sido corretamente catequizado, pois que se lembre que a regra vale pra todos.

Aí cê vai lá pro altar, oferecer sua mãe em sacrifício, na frente de 30 pessoas, que metade cê gosta, metade cê daria de comida no zoológico, fala uma frase e Doctor Toupeira te interrompe pra corrigir. Errado. Cê pensa "que dia horrível pra ser inteligente", mas o que você não sabe é que os próximos 20 minutos serão exatamente iguais: você fala, a pessoa te interrompe e fala uma asneira. Você agradece pela iluminação alcançada, fala errado porque dá menos trabalho que discutir com a pessoa que recebeu o cargo diretamente das mãos de deus e ela te interrompe de novo pra falar que tava errado e o looping eterno da desgraça te suga e você pensa MÁ QUE CARAMELOS EU TÔ FAZENDO AQUI QUANDO PODERIA MUITO BEM ESTAR EM CASA ASSISTINDO SENSE8 E COMENDO COOKIES TODDY?????

Depois de 20 minutos de TÁ ERRADO! BRIGADA! COMO EU IA DIZENDO... TÁ ERRADO, BRIGADA, ETC ad eternum, a pessoa diz "vamo parar de perder seu tempo e o meu, chega de falar, vai pro seu cantinho". 

Porque é assim o nível de profissionalismo do pós-graduado brasileiro. Tão inteligente que não deu tempo de aprender a língua pátria, o assunto da aula e educação one-o-one, já que os neurônios tavam ocupados com informações mais importantes.

E cê faz o que?

(  ) chora
(  ) se demite dessa merda, você não precisa disso
(  ) usa seus poderes sobrenaturais da era de aquário pra desejar o bem (ryzo) (e funciona)
(  ) tenta recuperar sua vida sugada por PhDementador
(  ) segue em frente tem outros trimestre

Ou faz tudo isso e vem reclamar no blog, né? Porque se fosse pra agradecer, ia pra Aparecida.

Migas, se você já tem dinheiros, um bom trabalho ou felicidade na vida, jamais se iluda com essa bobagem acadêmica. Sério. Fica aí sendo feliz e deixa isso pros pobres de juízo e de habilidades em geral.

Depois não digam que não avisei.

terça-feira, 16 de junho de 2015

Este não é um post sobre HSP




Até porque eu tenho todo um rascunho sobre isso pro futuro.


Mas vamo conversar aqui um pouquinho sobre como é viver com uma pessoa com alta sensibilidade (Highly Sensitive Person). É conversando que a gente se entende, né? (Aparentemente, não.)

Vamo começar assim ó: para uma pessoa HS, tudo - e eu friso, T U D O - é pessoal.

Cê entendeu, mermão? Não tem essa "mas não era com você, era com a ideia". A ideia é minha? É comigo.

A gente tá em silêncio, olhando o horizonte e eu digo "eu gosto de mamão". Aí cê responde de que forma? Fazendo o dom Lázaro "eu prefiro melão".

EU VOU FICAR OFENDIDA PELAS SEGUINTES RAZÕES:

- te fiz uma pergunta? FIZ? Não fiz. Apenas proferi em voz alta meu apreço pela fruta: mamão;

- você não tá me ouvindo, cara. O assunto era m-a-m-ã-o;

-  don't make it about yourself.

Sério. Eu tô tentando iniciar um assunto aqui, que envolve EU e MAMÃO. O que ele não envolve é VOCÊ e MELÃO. Tipo, cê não pode descer aí desse seu pedestal dois minutinhos pra falar de uma coisa que outra pessoa gosta? Pra falar de outra pessoa at all? Gente, é muito desgastante você tentar o tempo todo conversar com as pessoas, porque elas só querem falar de si mesmas ou estão só esperando você parar pra respirar pra falarem de si mesmas, porque elas não.estão.te.ouvindo.

E quando cê tá num dia especial de sorte, a pessoa te ouve sim. Mas aí ela resolve te dar ~conselhos~. "Mamão dá caganeira, miga".

Novamente: PERGUNTEI?

Não.

Aí você me diz "ai, fia, calm your tits, porque do mesmo jeito que ninguém tá prestando atenção em você, ninguém tá prestando atenção em ninguém, você não tá prestando atenção em ninguém".

AÍ É QUE VOCÊ SE ENGANA, KIRIDA.

O trouxa sofredor de HS não consegue se desconectar das pessoas, é tipo o wifi mais poderoso do mundo, não cai nunca.

A pessoa acaba com a sua vida, enfia uma faca nas suas costas e cê pensa "será se vai dar muito trabalho pra tirar a mancha de sangue da lâmina? eu tenho um produto tão bom aqui, vou indicar". Sabe? é de uma imbecilidade sem fim.

Exemplo: você (no caso, eu) planeja uma atividade qualquer, num dia qualquer, que não envolve mais ninguém, não ocupa o tempo de ninguém, não ocupa os recursos de ninguém. Mesmo assim, você avisa todo mundo, com detalhes - vou no lugar x, hora y, meio de transporte z, etc etc etc. Você acha que as pessoas estão te ouvindo. Você segue o plano. Chega o dia, você começa a se arrumar e todo mundo pergunta "oncê vai?". Você responde e a pessoa diz "ah, é". Segue as pergunta tudo, que horas, de que jeito, vai demorar? E você pensando MAS MINHA SANTA RITA DO PASSA QUATRO, ESSA CONVERSA JÁ ACONTECEU!111, mas no fim a pessoa completa com "é que eu tinha pensado que a gente podia..." e aqui você insere qualquer coisa que eu detesto fazer ou que eu não planejei fazer ou que depende do meu carro ou que vai ultrapassar o horário ou... gente, queria estar morta, sabe?

Porque se eu mantenho meu plano, meu dia já foi destruído pelo fantasma do "mas bem que a gente podia". Se eu desfaço meu plano, o dia está destruído pelo fantasma do "não era isso que eu queria estar fazendo".

Não tem como ganhar.

Aí cê passa seus dias minimizando - mi NI mi zando, lê direito - derrotas. Eu, pelo menos, passo. Eu faço meus planos com uma margem de erro tão grande, que tem dias que eu simplesmente desisto e passo na frente da tv, pensando que, se eu me mover, alguém vai atrapalhar. Sério.

E isso tá me causando um desespero sem fim, porque eu fico pensando que minha vida tá passando enquanto eu tô imóvel ou realizando desejos alheios. (E tá memo.)

E a maior derrota do mundo é quando você desiste de contato convencional e resolve se fechar no miolo da sua internet, escrevendo blogs e status no feici. Você acredita que por escrito a pessoa tem que prestar mais atenção, ler, ler de novo, pensar vinte vezes antes de falar abobrinha e tal e GRAÇAZADEUS ela não pode te interromper. Você pensa que vai facilitar pros outros entenderem seu lado.

Você faz um desabafo (que nem é um sofrimento, porque na internet ninguém tá realmente sofrendo, quem sofre tá no chão do banheiro, né?) e ninguém te leva a sério e você consegue o número total de NENHUM apoio.

Daí eu concluo qual é a definição de solidão:

Conviver com 800 pessoas e não conseguir respeito e empatia nem de 8.



¯\_(ツ)_/¯ 

domingo, 14 de junho de 2015

santantonho's day

Antes de irmos para os BIZNES, quantos de vocês notaram que caguei o layout minimalista na tentativa de colocar um sistema de comentários que suporte respostas (e não consegui)?

Uma palma de parabéns pra mim, por favor.

Brigada.

O que sumiu, provavelmente sumiu pra sempre, uma vez que troquei os negócio que não devia no blogger e não sei colocar mais o ask ali do lado. Não que alguém ainda usasse, mas né?

*****

disclaimer: 
imagem meramente ilustrativa
St. Ant., não tô insinuando nada!
nenhum santo ou bebê foi afogado no processo

Pois bem. Estamos oficialmente em junho, o mês que desespera muita gente (o pior já passou, respira). Eu só me dou conta que foi o dia dos namorados quando chega o dia 13 e o ódio toma conta do meu coração, por morar no sul. Ok, o frio é importante pra manutenção da minha vida, mas que tipo de lugar horrível não tem um trilhão de festas juninas e quermesses? Pelamordedels, como foi que eu aceitei falhar tanto assim na vida? Ontem uma miga mandou o ~roteiro de festas juninas em Curitiba~ e eu dei uma risada muito grande porque quase tudo envolve um milhão de coisas e nenhuma delas é festa junina. É uma com dupla sertaneja, outra com food truck de batata frita, outra com food truck de comida húngara (meu, é sério). É capaz de rolar um pierogi junino nesse lugar, mas achar pipoca, bolo de fubá, quentão (E NÃO É VINHO QUENTE, SEUS HEREGE), isso a gente não acha. Quadrilha, forró, sanfona, triângulo são sons dos quais você só vai sentir saudade. Sério, que decepção.

Todo ano eu penso "é agora que eu vou pra Caruaru, Campina Grande, Recife, QUALQUER lugar no nordeste em junho". Todo ano eu levo uma porrada da vida e fico presa neste lugar que não tem uma bandeirinha voando pelo céu. 

Mas não é pra isso que estamos aqui hoje.

É pra lembrar da maravilha que é ter Santantonho como santo casamenteiro e as maravilhas que acontecem neste lado do país em que a gente não pode dançar o pau de fitas (heh).

Pois eu me mudei pra região mais blé do país em 1998, ano que entrei na faculdade. Se isso acontece em outro lugar do planeta, eu já aviso que em São Paulo nunca vi. Mas aqui em curitola tem toda uma tradição do bolo de Santo Antonio. Que eu não sei como é hoje, mas vinha a ser aquele pesadelo do bolo gigante na igreja em que eventualmente todo mundo era convidado a atacar e tal. Em alguns pedaços do bolo vinha um mini santo de metal, que quebrava o dente da pessoa descuidada, que resolvesse realmente comer o bolo em vez de fazer a única coisa realmente sã: amassar tudo em busca do santo e melecar a mão com o glacê pavoroso.

A igreja onde essa maravilha acontecia vinha a ser onde? Isso mesmo, na minha faculdade. Quando eu digo na minha faculdade, eu quero dizer: os franciscanos eram donos de um quarteirão bem no meio da cidade, onde enfiaram uma faculdade, uma escola de primeiro e segundo graus, uma pizzaria, 8 quadras de esportes, um berçário, etc etc etc e uma igreja na esquininha. Ninguém é só capitalismo, né, mores? O que acontecia era o seguinte:* as meninas - predominantemente - se aglomeravam no portão da igreja e eu acho que as alunas da faculdade tinham algum tipo de preferência de entrada ali. Mas o mais emocionante era que meninas não levavam falta no dia 13 de junho!!11111111 Não era assim tão simples, claro. Você tinha que IR pra faculdade e estar na sala quando a aula começasse. Aí era só dar seu nominho pro professor e ir linda pra igreja esperar seu bolo. Não precisava voltar nunca mais, mas as que conseguiam o santo sempre voltavam pra contar da glória alcançada. Sim, só as meninas eram liberadas. Sim, nesse dia ficava eu e um monte de meninos dentro da sala, porque olha bem pra minha cara de quem vai se estapear por um pedaço de bolo (odeio bolo) em que ainda podia se encontrar um pedaço de metal cuja procedência não sei, não sei nem se alguém esterilizou antes de tacar na comida. OLHA BEM.

De modos que nunca comi esse bendito bolo.

Eu sei que o bolo existe até hoje, mas aparentemente você precisa comprar e pode ser tanto no dia 12 como no dia 13 e não vejo que graça tem em civilizar o ritual. Só me pergunto se as meninas da faculdade franciscana ainda estão autorizadas a sair da aula pra arrumar marido, já que essa é a única razão pela qual mulheres fazem curso superior.

*****

Aí uma miga postou no feici que ia pegar esse bolo, mas tava desanimada por causa da fila e eu pensei numa solução bem simples:

- olha se tem homem na fila;
- se tiver, fica esperando ele pegar o bolo;
- quando ele morder o bolo e quebrar o dente no santo, se ofereça pra levar ao dentista;
- BOOOOM, amor.

Mas veio alguém e disse que hoje o santo é de plástico e concluo que não tá fácil pra ninguém.

*****


Dia 12 acordei com essa canção na cabeça e lembrei da incrível história do santo de cabeça pra baixo.

Meu vô, pai do meu pai, veio da Bahia e tinha uns costumes que nunca entendi muito bem de onde vieram. Um deles era manter um São José numa prateleira de canto numa varandinha que tinha atrás da cozinha. Era fazer café, uma xicrinha ia pro santo. Era um neto estar sem fazer nada, que o vô berrava "vanesssskaaaa, vai trocar o café do santo". 

Meu pai pegou a mesma mania e na minha casa tinha um São José na mureta que separava a cozinha da área de serviço, que me intrigava muito, porque ficava do lado de um pote de sal em que o sal crescia e eu achava que tava ligadíssimo ao sistema alimentar do santo. 

Bom, um dia esse São José da minha casa capotou-se e perdeu a cabeça. Minha mãe colou, mas numa das 435 mudanças ele não tinha mais lugar na casa, foi ficando esquecido e sumiu. Cê vê: ele caiu ali por 1992 e a história se passa em 1999. Nessa época, eu e meus irmãos dividíamos um ~beliche de 3 andares~. Cheguei em casa da faculdade e quase tive um treco ao ver o santo decapitado pendurado no pé da cama de cima por um cinto de algodão, rodando. Dei um grito de horror, porque vai que a pessoa tava possuída!11 Mas não, era só minha irmã fazendo simpatia pra ter sorte no amor, já que ela confundiu só um pouquinho os santos e ju-ra-va que tava maltratando um santantonho. 

Aí cê pensa - poxa, que pena. E eu te digo: deu certo. 

Sei lá, vai ver São José tava com um tempo livre, sei lá.

*****

O dia dos namorados em si é um grande "é memo, é?" na minha vida. Sei lá, sempre tive outros problemas nessa semana do ano, quando eu vejo já foi e eu já tô esbravejando porque não tem festa junina. Aí cê fala "será se não é porque cê é eternamente encalhada?" e eu te digo: pior que não? Eu já passei essa data estúpida de tudo quanto é jeito. Já passei pashonada e não correspondida, já passei namorando gente que não amava, já passei desligada, já passei namorando, já passei na pegação e já passei inclusive neste ano na frente de uma loja, pensando "pelamor, que preguiça esses coraçãozinho tudo na vitrine, dia dos namorados já foi faz..." aí parei pra fazer as contas e descobri que era dia 8 de junho de 2015 e só dels sabe onde tava minha mente. Fazendo cálculos estatísticos, provavelmente.

Mas é sempre incrível, porque eu vivo ganhando coisas nessa data e o total de presentes que já comprei pro dia dos namorados soma o número ZERO. Foi muito emocionante mesmo um dia dos namorados ali por 2000, que o pessôo chegou na minha casa com 8 pacotes diferentes e foi recebido por um "ué, mas isso que a gente tem é namoro, é?". 

¯\_(ツ)_/¯ 

Ninguém mandou.

Chego a preferir épocas como agora, que tô assim completamente abandonada no universo (ô, dó), porque não causa esse tipo de constrangimento.

*****

Mas não importa o quanto eu me constranja, não importa o quanto meus amigos se constranjam, não importa se você não tá namorando e nem queria, se você tá casado e tá feliz ou se você tá em qualquer lugar no meio do espectro, você nunca será mais imbecil que quem usou as rede social pra postar...


"seu namoro é tão legal que até eu participei".


A não ser que você seja uma dessas pessoas, aí é hora de fazer um examezinho na cabeça pra recontar os neurônio, porque se você acha isso bonito, miga, tá puxado ser você.

E por miga eu quero dizer todo mundo, independentemente de gênero ou binariedade

Se o dia 12 de junho te desequilibra tanto, pense no que a Britney de 2007 superou. E segue em frente, tem outros dia.







*nunca houve tanto uso de : neste blog

segunda-feira, 1 de junho de 2015

crapping rules

todo mundo deveria ter cabelo azul


O primeiro blog de moda que eu comecei a ler, provavelmente como todo mundo que tem teia de aranha na internet, foi o Hoje Vou Assim. Mais porque eu achava a combinação de roupa tão bizarra do que por qualquer outro motivo. Eu sempre gostei de usar estampa, de usar calça 3 vezes maior que eu, de misturar coisas que normalmente ninguém usa. Paguei o preço por isso na aborrescência, quando os pais das minhas amigas me chamavam de esquisitinha e achavam que eu era má influência. Acabei me conformando e ficando mais... "normal" ao longo do tempo. Não dá pra dizer que uma pessoa que usa jeans e tênis 90% do tempo tá revolucionando muita coisa.

Bom, pois o blog (HVA) foi evoluindo, foram nascendo outros, eu fui mudando minhas razões pra acompanhar um blog de moda. Eu passei a procurar influências do mundo real. Sabe aquele pensamento "nossa, nunca tinha pensado em combinar dessa forma"? Cris dizia que não usava maquiagem, tinha muito jeans, muita camiseta, muito casaco, muito tênis. Era uma moda possível pra vida, que só dava uma modernizada naquilo que a maioria de nós veste quando sai de casa de manhã.

E é justamente por isso que esse não é mais um dos blogs que eu acompanho. Quando a moda dessas meninas ultrapassa a vida e começa uma coisa ~tendência~, eu não me interesso mais. Se eu quisesse ver moda conceito, eu iria a desfiles, eu assinaria a Vogue. Eu quero ver como manter a graça nas roupas vivendo de loja de departamento, trabalhando em escritório, no comércio, em lugares que a nossa sanidade mental é questionada se a gente aparece com uma daquelas pantalonas curtas (deus me livre) ou com sobreposições meio fora do padrão ou, sei lá, com uma saia 3 palmos pra cima do joelho. Miga, a gente adoraria, mas é inviável pra nossa realidade.

Outro dia vi uma blogueira de média expressão (aparentemente não vive do blog, mas tem nome conhecido) falando que era um a-be-sur-do as meninas se fotografarem com roupas de dia a dia, porque kd inovação? Inovação tá lá no sartorialist, fofa, pra quem pode tacar um casaco de pelúcia com um shortinho e sandália com meia e sair na rua sem medo de ser feliz. Quem tem que levantar de manhã, pegar um ônibus (ou até mesmo seu carrinho), ir trabalhar, dividir escritório, atender pessoas, almoçar na praça de alimentação ou no restaurante por quilo da quadra da frente não pode se dar ao luxo de sair de casa parecendo uma palhaça, que só ficaria bonita no meio de um ferro velho, com as duas mãos na cintura pra favorecer a saboneteira, as pernas abertas pra parecer mais magra e com um shot de baixo pra cima pra parecer uma girafa, depois de passar 3 horas da manhã lavando, esticando e babylissando o cabelo, pra parecer que todo mundo acorda igual à Gisele, né?

NÃO É POSSÍVEL.

Aí a gota d'água (quase literal) caiu essa semana. Caso minha mente permita, meu mestrado deixe e as meninas (eu não leio blog de moda de homem porque não gosto) continuem falando bobagem, talvez haja uma seção não periódica aqui, que não sei se chamarei de crapping rules (traduzindo eloquentemente o nosso maravilhoso cagando regra), ou se farei um shit blogueiras say

Não estarei estando dando nome aos bois, NEM ADIANTA VIR AQUI ENCHENDO A PACIÊNCIA PERGUNTANDO QUEI FOI. Vou dizer a bobagem e porque ela me incomoda e vocês fazem o que quiserem com essa informação. Menos vir defender a miga blogueira aqui, porque se você não concorda é super mais simples fechar a janela e ir doar arroz. Também é mais útil.

*****

A bobagem de hoje: brasileira lava o cabelo errado.

Ai.meu.fiofó.

Não sei quem foi que reuniu as blogueira tudo e falou "olar, vou ensinar aqui um troço bem imbecil pra vocês, olha só: taca shampoo num potinho, taca água, aí taca na cabeça. Depois faz a mesma coisa com o condicionador e enfia o cabelo no pote e fim, mas não pode ser todo dia, porque tá errado lavar cabelo todo dia".

QUEM DISSE?

Esta semana uma fia lá, crapping rules, falando "a brasileira tem mania de lavar o cabelo todo dia". Eu quase derrubo minha mesa ao ler essa sentença, mas ela já responde à própria indignação no mesmo parágrafo "aqui é quente a gente sua e..." E O QUE? E é por isso que as miga limpinha lavam o cabelo todo dia, amor. Porque alguém te disse que isso é ruim, cê vai dormir de cabelo sujo e deixar seu travesseiro um nojinho? Cê vai sair de casa e botar seu cabeção gosmento no meio do ônibus pra ajudar a dieta de todo mundo à sua volta com um cabelo formando gominhos da Mônica? Não, não vai. Se seu cabelinho termina o dia oleosinho e você lavou ontem, num tem mistério, LAVA DE NOVO.

As miga da lavagem diária estão condenadas a um cabelo bosta? Cê vai chorar se eu falar que não?

Meu cabelo é lindo, macio e brilhante, embora eu viva descabelada. Eu taco shampoo direto na cabeça sem potinho nenhum, lavo com Pantene, passo condicionador do jeito que eu quiser porque você não manda em mim, NINGUÉM MANDA EM MIM e, embora eu viva parecendo uma louca, todo mundo concorda com a qualidade inegável dos meus fiozinhos maravilhosos.

Não entendo a razão de as meninas não dizerem "isso é o que eu faço no MEU cabelo, funciona pra mim, pra minha rotina, pra região do planeta em que eu vivo e você tem que fazer o que é melhor pra você". E aí explica o que ela faz, pra todo mundo testar, que é pra isso que a gente vive na internet, copiar ideia das outras, até acertar no que funciona pra gente.

Tem duas blogueiras cujas roupas detesto, mas que curto muito como cerumanas que também foram pegas pelo inconsciente coletivo da semana do cabelo lavado no potinho que nem me incomodaram, embora eu ache todo mundo meio bocó e fique pensando na parte prática do procedimento de largar lá litros de água caindo do chuveiro, enquanto você enfia o cabelo no potinho. Num venha me falar "mas a gente fecha o chuveiro enquanto faz isso, depois abre de novo" se você não mora num lugar em que a água meique congela no cano, de modos que cada fechada de chuveiro significa 5 minutos de água caindo até que esquente novamente, fora o horror da água gelada de destruindo enquanto isso não acontece. E ó que eu não sou friorenta. Não é viável.

Agora se você falar que isso só serve pras fofa que aceitam a verdade universal de não lavar o cabelo todo dia, eu vou mandar você pastar (até porque nem assim).

Cê vê: aqui em casa mora trêis muié, correto? Todas dividindo DNA. Uma tem o cabelo tão fino que criou um desafio em certas aula de engenharia, já que ninguém conseguiu encontrar um instrumento capaz de medir uma coisa tão fina. Outra tem cabelo pra preencher a cabeça de 4 tiagos lacerda, numa espessura média. Outra tem um fio tão grosso que dá pra usar de varal e pendurar jeans. Cada uma tem uma cor natural, cada uma tem um hábito de química e hidratação, cada uma tem um... como chama quando é liso, enrolado, de ondinha? Aqui os cabelos não repetem. Assim como não se repetem os cuidados. Tem umas que ficam 4 ou 5 dias sem lavar o cabelo e você não nota, nem se ela te avisar você acredita que faz 5 dias que aquele cabelo não vê água. Tem outras que ficam uns 3 dias com dignidade total, mas no quarto dia cê começa a questionar suas escolhas de vida. E tem aquelas que lavam todo dia e se reclamar lava duas vezes no mesmo dia. E são todos cabelinhos que vivem ganhando elogios (o meu só pelo brilho mesmo, que acho essa coisa de pentear muito pentelha). 

Resumindo: todo mundo quer parecer bonita, né? EU, enquanto pessoa, acho que (grande) parte da beleza vem da LIMPEZA. Se você é linda mas dá pra ver que seu cabelo tá sujo (e, miga, dá pra ver sim, viu?), eu vou achar que você é mei preguiçosinha. Mas também vou achar que esse problema é 100% só seu, desde que você não venha me abraçar ou não taque esse cabelo na minha cara (tipo minha irmã costuma fazer com aquela juba de rapunzel o dia inteiro). Mas caso você ache que tá diboa o cabelo gosmento, cara, seja feliz. Quer lavar com shampoo de 2,50 o pote? Lava. Quer usar aqueles que tem que comprar fracionado pois ninguém tem mesada suficiente pra isso? Até eu já caí nessa. O importante é você testar o que é bom pra você e não ficar 4 dias sem lavar o cabelo só porque uma blogueira falou que tá errado.

Migas, vamo se ajudar.

Em breve, mais reclamação, pode ter certeza.