terça-feira, 16 de junho de 2015

Este não é um post sobre HSP




Até porque eu tenho todo um rascunho sobre isso pro futuro.


Mas vamo conversar aqui um pouquinho sobre como é viver com uma pessoa com alta sensibilidade (Highly Sensitive Person). É conversando que a gente se entende, né? (Aparentemente, não.)

Vamo começar assim ó: para uma pessoa HS, tudo - e eu friso, T U D O - é pessoal.

Cê entendeu, mermão? Não tem essa "mas não era com você, era com a ideia". A ideia é minha? É comigo.

A gente tá em silêncio, olhando o horizonte e eu digo "eu gosto de mamão". Aí cê responde de que forma? Fazendo o dom Lázaro "eu prefiro melão".

EU VOU FICAR OFENDIDA PELAS SEGUINTES RAZÕES:

- te fiz uma pergunta? FIZ? Não fiz. Apenas proferi em voz alta meu apreço pela fruta: mamão;

- você não tá me ouvindo, cara. O assunto era m-a-m-ã-o;

-  don't make it about yourself.

Sério. Eu tô tentando iniciar um assunto aqui, que envolve EU e MAMÃO. O que ele não envolve é VOCÊ e MELÃO. Tipo, cê não pode descer aí desse seu pedestal dois minutinhos pra falar de uma coisa que outra pessoa gosta? Pra falar de outra pessoa at all? Gente, é muito desgastante você tentar o tempo todo conversar com as pessoas, porque elas só querem falar de si mesmas ou estão só esperando você parar pra respirar pra falarem de si mesmas, porque elas não.estão.te.ouvindo.

E quando cê tá num dia especial de sorte, a pessoa te ouve sim. Mas aí ela resolve te dar ~conselhos~. "Mamão dá caganeira, miga".

Novamente: PERGUNTEI?

Não.

Aí você me diz "ai, fia, calm your tits, porque do mesmo jeito que ninguém tá prestando atenção em você, ninguém tá prestando atenção em ninguém, você não tá prestando atenção em ninguém".

AÍ É QUE VOCÊ SE ENGANA, KIRIDA.

O trouxa sofredor de HS não consegue se desconectar das pessoas, é tipo o wifi mais poderoso do mundo, não cai nunca.

A pessoa acaba com a sua vida, enfia uma faca nas suas costas e cê pensa "será se vai dar muito trabalho pra tirar a mancha de sangue da lâmina? eu tenho um produto tão bom aqui, vou indicar". Sabe? é de uma imbecilidade sem fim.

Exemplo: você (no caso, eu) planeja uma atividade qualquer, num dia qualquer, que não envolve mais ninguém, não ocupa o tempo de ninguém, não ocupa os recursos de ninguém. Mesmo assim, você avisa todo mundo, com detalhes - vou no lugar x, hora y, meio de transporte z, etc etc etc. Você acha que as pessoas estão te ouvindo. Você segue o plano. Chega o dia, você começa a se arrumar e todo mundo pergunta "oncê vai?". Você responde e a pessoa diz "ah, é". Segue as pergunta tudo, que horas, de que jeito, vai demorar? E você pensando MAS MINHA SANTA RITA DO PASSA QUATRO, ESSA CONVERSA JÁ ACONTECEU!111, mas no fim a pessoa completa com "é que eu tinha pensado que a gente podia..." e aqui você insere qualquer coisa que eu detesto fazer ou que eu não planejei fazer ou que depende do meu carro ou que vai ultrapassar o horário ou... gente, queria estar morta, sabe?

Porque se eu mantenho meu plano, meu dia já foi destruído pelo fantasma do "mas bem que a gente podia". Se eu desfaço meu plano, o dia está destruído pelo fantasma do "não era isso que eu queria estar fazendo".

Não tem como ganhar.

Aí cê passa seus dias minimizando - mi NI mi zando, lê direito - derrotas. Eu, pelo menos, passo. Eu faço meus planos com uma margem de erro tão grande, que tem dias que eu simplesmente desisto e passo na frente da tv, pensando que, se eu me mover, alguém vai atrapalhar. Sério.

E isso tá me causando um desespero sem fim, porque eu fico pensando que minha vida tá passando enquanto eu tô imóvel ou realizando desejos alheios. (E tá memo.)

E a maior derrota do mundo é quando você desiste de contato convencional e resolve se fechar no miolo da sua internet, escrevendo blogs e status no feici. Você acredita que por escrito a pessoa tem que prestar mais atenção, ler, ler de novo, pensar vinte vezes antes de falar abobrinha e tal e GRAÇAZADEUS ela não pode te interromper. Você pensa que vai facilitar pros outros entenderem seu lado.

Você faz um desabafo (que nem é um sofrimento, porque na internet ninguém tá realmente sofrendo, quem sofre tá no chão do banheiro, né?) e ninguém te leva a sério e você consegue o número total de NENHUM apoio.

Daí eu concluo qual é a definição de solidão:

Conviver com 800 pessoas e não conseguir respeito e empatia nem de 8.



¯\_(ツ)_/¯