segunda-feira, 8 de agosto de 2016

o incrível caso da chinela voadera



Olha, gente. Eu vou contar a história aqui, mas as 3 pessoas pra quem eu contei (duas ao vivo e uma pelo uóts) não entenderam nada, então vocês se vira, ok? Não façam perguntas difíceis e aceitem que algumas pessoas não possuem controle sobre a vida ou sobre movimentos corporais ou sobre nada, no caso.

MOVING ON.

Cêis sofre de ansiedade? Conhece alguém que sofre? É uma condição desgraçada, porque a vida tá lá transcorrendo normalmente e de repente alguma coisa que o cidadão comum nem percebe te deixa miserável.

Pra entender a chinela voadeira do domingo de madrugada, temos que voltar 10 dias. POIS É. 

A última semana de recesso escolar estava acabando, de modos que na segunda o campus estaria cheio novamente. Isso, por si só, já é um fator estressante para a minha pessoa. Só que no meio da sexta eu descobri que o campus estaria com um problema na segurança justamente na segunda, na volta às aulas. Como meu campus tem duas entradas (de alunos, uma por semestre), seria um dia cheio de gente, gente nova e pro.ble.mas.na.se.gu.ran.ça. Só que o campus cheio de alunos era O MENOR dos problemas que a pouca segurança podia causar. Ainda assim, me lembrei do começo do semestre anterior, tão suave que teve momentos como ligação na minha casa 8 da noite, quando eu já estava de pijama e jantando (como uma boa senhorinha), porque aluninhos estavam sendo presos em bares ou com álcool dentro do campus. Sabe? Aí cê pensa: magina esses IDIOTA livres enquanto a segurança tem outros problemas pra resolver? Eu já entrei em modo desgraça na própria sexta-feira. Lembrando sempre que: esse era o MENOR dos problemas.

Pois sábado eu fui ao campus e não apenas falei com estranhos - os seguranças que eu nem conhecia -, como dei meu celular para esses indivíduos me ligarem em caso de emergência. 

Domingo eu estava uma pilha de nelvos e, além de tudo, meu código do programa do mestrado estava faiado e eu não achava o erro. 

Segunda eu estava com 3 mochilas na mão (a da vida, a do mestrado e a da academia), andando em círculos pela sala de casa, porque tinha me dado conta que estava TÃO atrasada que não encontraria vaga pra estacionar no campus, de modos que teria que ir trabalhar a pé, de modos que não conseguiria carregar as 3 mochilas e teria que escolher apenas uma. Depois de extensos cálculos e modelagens matemáticas [/piada interna], reduzi tudo a uma mochila só. Porém, mais de meia hora atrasada, me peguei imóvel na cozinha de casa, chorando estilo super vicky, sem conseguir sair do lugar.

OITO DA MANHÃ DE UMA SEGUNDA FEIRA.

Em condições bastante precárias de existência, fui levada ao trabalho por uma mãe bastante compreensiva e passei o dia executada em modo de segurança (no pun intended), à beira de um novo colapso neuvosor a qualquer momento. A situação foi revertida apenas quando o moço dos queijo™ (um dia preciso contar a história do moço que traz queijos de minas pra gente de dois em dois meses) veio pessoalmente me catar na minha sala e me encher de requeijão em barra e provolone desidratado (vejem que eu estava contemplando suicídio pois ALERGÍSSIMA).

O resto do dia foi mei estressante, incluindo pessoas que acharam conveniente sair de férias em plena volta às aulas e gentes desaparecendo misteriosamente, mas eventualmente eu cheguei na minha casa sã, salva e com todos os compromissos do dia cumpridos.

*****

Terça eu tava surtando por um motivo completamente irrelevante, já que o resto das coisas já tinha voltado ao normal. Tava lá brigando novamente com o computador pra tentar entender o erro em uma linha do código e falhando miseravelmente, quando fui convidada para uma festa que eu julgava ser a maior furada do ano™ e fiquei naquelas de confirmo depois. No meio de uma tarde que parecia calma, 23 pessoas vieram fazer a social na minha mesa do trabalho, ni qui um cerumaninho de quem eu gosto gostava muito pega meu cubo de rubik e zoneia ele todinho sem que desse tempo de eu impedir. Da última vez que isso aconteceu, logo após a descoberta do fogo, eu tinha levado 3 meses pra botar no lugar de novo e foi uma emossaum ver todos os presentes EM SHOCK, jurando que eu ia matar C E R T O S R A P A Z. O próprio mandou um MIDESGUPI TO NEUVOSOR com pânico no olhar hahhahahahahahhahaahaha.



Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, porém surgiu a informação de que pessoas de quem eu gosto gostava estariam na festa caída™ e eu pensei: por que não? 

Mano, tinha umas 5 mil razão porque não, né? Mas eu liguei e confirmei minha ida, que surpreendeu a todos. 

Que ideia estapafúrdia, meldels. O lugar cabia 20 pessoas e tinha 20 MIL. Eu fui pra ver ~a banda~, mas não conseguia me locomover pra chegar perto do palco. Quando eu finalmente cheguei, o cantô falou "é isso aí, brigada pela presença, adeus". Eu tentei ir embora, mas fui impedida. Tentei falar com C E R T A S P E S S O A e num conseguia, não tinha comida, não tinha água (depois tinha água), não tinha nada. Aí teve minutos de tensão sobre os quais não falarei (quando eu já tava fora do local e fui laçada pelo vórtex do ERRO EM SAIR DE CASA), o que fez com que eu ficasse bem doida mesmo. Cheguei em casa e não conseguia dormir de vergonha própria, fiquei vendo seriado até desmaiar de cansaço.

Pra ser bem sincera, eu não tenho muitas memórias do restante da semana, além de tentar estudar e falhar miseravelmente, trabalhar igual uma condenada pois todo mundo de férias, academia todo dia pois autoimagem péssima, tristeza, dor e sofrimento. Fora descobrir que uma das poucas pessoas que eu gosto gostava no trabalho não trabalha mais comigo. 

Sábado eu tava toda trabalhada na auto piedade, meu cabelo tava lindo e eu tava presa em casa, eu tinha conseguido descobrir o erro no código com ajuda de C E R T A S P E S S O A, mas não tinha conseguido andar muito além disso, tava calor e eu tava com fome, de modos que estava realmente mal humorada. Depois de horas na frente do computador, cujo único lugar possível de uso é na sala, enquanto o restante da família que nasceu bonito e bem sucedido aproveitava pra ver netflix, eu já não aguentava mais estudar ao som de Blacklist e alguém resolveu ver filme de drama e eu saí gritando que o mundo era uma bosta e eu ia largar tudo e vender miçanga na praia novamente (caceta, foi exatamente um ano antes), me tranquei no meu quarto com dois computadores, 8 apostilas e muito sofrimento. Meia hora depois 01 alma corajosa apareceu na porta falando palavras mágicas:

QUER PIZZA?



Claro que a pizza não viria até mim e eu teria que me vestir como se fosse colonizada pra sair de casa, mas o cabelo estava tão fabuloso que eu disse: sim.

O plano era sair, ver cerumanos, comer, falar com cerumanos se eu ainda lembrasse como, passar em alguns pokestops (vamo colocar as palavras pokemon go aqui pra ver se ainda atrai visitas?), voltar pra casa, tomar banho, dormir cedo, acordar feliz no domingo e partir daí.

Deu tudo mais ou menos certo, se a gente ignorar o fato de que eu comi PIZZA, que vem a ser um composto de QUEIJO e eu tava corajosa e comi PROVOLONE, de modos que cheguei em casa ENTUPIDA :)


01 pouco alérgica

O que a pessoa nessa situação faz? Ela manda mensagens sobre transformers (não pergunte) pra C E R T A S P E S S O A S que pacientemente continuam a conversa, provavelmente até dormir (como se espera daquele adiantado da hora). Quando fiquei sozinha com mim mesma novamente, tomei banho (duas da manhã), tomei um xarope de curandeiro que tem lá em casa e é MÁGICO para desentupimentos, deitei na minha cama e não consegui dormir porque não conseguia respirar. 

TREZORA da manhã eu tava passando canais na tv e chorando por variadas razões, desde eu não ter ingressos para ver rugby nos jogos olímpicos, passando por "nas olimpíadas de Londres eu tava em Londres e agora nem no Rio de Janeiro eu tô" e chegando em ~vendo PS eu te amo~ pela milésima vez. 

O que acontece quando a pessoa chora? Ela ENTOPE. Mas e se ela tá entupida? Ela EXPLODE.

E foi nesse momento que começou o fim da saga das chinela (ah, é, né? era disso que a gente tava falando!).

01 PARÊNTESE: meu catioro tem problema na coluna que piora com o frio. Não que sábado estivesse frio, mas em dias quentes com noites frias (era o caso), é ainda pior por causa do choque térmico. O fiduma mãe não pode sair no quintal depois que esfria, a menos que esteja de brusinha, o que ele não estava. Tinha levado ele pro último pipi antes de infernizar os outros no whatsapp e, teoricamente, ele não sairia mais naquele dia.

Bom, 3:30 eu fiz um ritual de desentupimento bem sucedido e tava pegando no sono (FINALMENTEEEEeEeeEEEEeEee), quando ouvi passinhos de catioro debaixo da minha janela. Pensei "nossa, tô tão loca, afinal o desinfeliz tá dormindo aqui no pé da cama e..." NÃO TAVA.

Saí correndo loucamente pra catar o cachorro e guardar, muito feliz que ia ter que dormir tudo de novo. Mas o estrago estava feito e ele entrou em modo siricutico (acontece com frequência) que só passa quando ele fica confinado num lugar onde não possa correr. Só que isso tem que ser na cozinha, que é onde não tem poltronas ou camas pra ele subir e descer loucamente, aí meu corazón dói, porque ele não pode dormir comigo ou na caminha que ele sempre dorme. Mas era quase 4 da manhã e eu não tava no meu juízo perfeito, fechei a porta interna da cozinha, mas esqueci a de fora aberta. Não notei, porque o fiadamãe tava na caminha quando eu saí. Deitei na minha cama, pensando "vou dormir só sete da manhã, certeza", quando eu ouvi o que? PASSINHOS.DEBAIXO.DA.JANELA.

Gente, cêis não tão entendendo o ódio no coração!

Eu tenho sônia, eu tenho SONO, eu tava com sono e eu só não consigo dormir satisfatoriamente quando tô entupida - o que era o caso - e eu tava cansada e já tinha saído da cama umas 40 vezes e queria martelar minha cabeça... ENTENDE? Aí o cachorro, que já tava em modo sofrência me sai de novo no frio? Eu saí pronta pra matalo (figurativamente, né, meu filho nhoin nhoin nhoin). Quando eu cheguei no meio do quintal, o que eu vejo? O cão deitado na GRAMA MOLHADA.

Fiquei TÃO CONTENTE com a visão que eu fiz o chaves nervoso, mais ou menos assim:



Só que sem as caixas, chutei o ar.

Com uma força que eu realmente não medi.

Porque eu tava a uns 20 metros da churrasqueira (naonde vem a estar o telhado em questã) - e tava bem longe do catiorro também, porque tem gente que acha que eu tava tentando violência contra ele ¬¬

Foi tanto ódio daquela noite, semana, vida como um todo, que eu propeli a chinela com uma força inesperada. 

Inicialmente, quando eu vi o ~corpo em movimento~ se descolando da minha pessoa, eu jurava que atingiria a porta de vidro da churrasqueira, onde vem a ser o quarto do meu irmão. Já imaginei o vidro estraçalhando, a pessoa acordando assustada e cacos everywhere. Pra minha surpresa, o chinelo continuou subindo e subindo e subindo e voando e eu pensei PUTAQUEPARIU VAI PARAR NO VIZINHO!!11111 Quando a aterrissagem aconteceu, eu não acreditava na distância que ele estava (foi quase pro vizinho memo. Imagina acordar e encontrar UM PÉ de chinelo aleatório no quintal?). 

O que eu fiz? Catei o cachorro, guardei na cozinha - com as portas devidamente fechadas desta vez e choreEEEeeEEeEEEEEeei. Peguei o celular pra mandar mensagem prozotro novamente, mas vi o relógio marcando 4:17 e imaginei que talvez fosse inconveniente e não fiz isso. Deitei na cama cansada, entupida, sofrida e pensando que tinha um pé de chinelo no telhado e outro no meio da garagem, porque eu chutei esse também no fim das contas.

Peguei no sono e acordei 11 da manhã, com o som da família inteira na cozinha.

Dez segundos se passaram entre o despertar e as memórias voltando na minha cabeça. 

Visualizei a chinela voadora e... ri.

Ri mais.

Comecei a rir tão violentamente que engasguei, levantei da cama, e fui em direção à cozinha, avisar que não estava nem chorando nem morrendo, porém não obtive sucesso, porque eu ria TANTO que verbalizar não era uma opção. Quando minha família me viu, ninguém entendeu nada, obviamente. Mas eu não conseguia parar de rir e quanto mais eles tentavam adivinhar o que tava acontecendo, mais eu ria. Uma hora eu cansei e só arrastei todo mundo pela mão até o ponto que o chinelo fosse visível e todo mundo começou  a rir junto, porque QUANDO e COMO isso teria acontecido? Parecia um bando de bobo no quintal, todo mundo rindo igual uns idiota, até meu pai falar "o outro pé desse chinelo não tá lá no outro lado da garagem (uns 30 metros de distância, maizomenos)?

E todo riu mais 5 minutos.

Finalmente eu consegui contar a história, mas ninguém ainda consegue compreender que movimento conseguiu causar aquela propulsão toda. Pra ser bem sincera, nem eu. A pessoa que eu não acordei de madrugada me perguntou do ocorrido assim que viu a ibagem e eu juro que tentei explicar por mensagens, mas a resposta foi: 

tô ligada sim, kirido


Então eu realmente não consigo explicar pra vocês todas as leis da física aplicadas ao acontecimento. Eu só sei que eu estava mais exausta que luciana gimenez e perdi o pouco controle que tenho da minha coordenação motora.

Algumas horas depois, enquanto ginastas brasileiras deixavam as pessoas embasbacadas com o domínio de seus corpinhos, eu e mamai usávamos escadas e varões de cortina para pescar o chinelo do telhado.

Gostaria de avisar a todos que o par foi reunido e todos passa bem.

Com exceção da minha sanidade mental, que não se recuperou completamente ainda.

:)