segunda-feira, 26 de setembro de 2016

self reminder



LORELAI: Yeah, that's good, 'cause I like to entertain. You know. I should have been a monkey in Washington square park with, like, a snappy hat. I feel so stupid. I really had myself believing it was gonna happen. [...] And the crazy thing is, I am ready [...]. I am ready to start the next phase of my life. [...] I don't want to wait anymore. I don't want to be patient. I've been patient long enough. I'm not happy, and I feel crappy all the time. And I just think I've had it.

CAROLYN: So...what are you gonna do? Only you can make you wait. Nobody else can. You need to decide what you want and what you're willing to give up to get it, and then you got to be okay with that, or you got to be okay with waiting.

LORELAI: I could lose him if I push too hard.

CAROLYN: You don't really seem to have him now, at least not the way you want to have him. You won't get anything unless you ask for it. And if you ask for it and you don't get it, maybe it wasn't worth having in the first place. Some things are just never meant to be, no matter how much we wish they were.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

balanço

ryzos

Toda vez que eu percebo que uma pessoa do meu convívio anda lendo meu blog (não precisa nem ser de forma declarada, quase sempre dá pra notar) bate aquele pequeno siricutico do desespero, especialmente se eu sei que é alguém de quem eu já falei (hihihi).

Existem vários instintos nesse momento, metade deles envolve sair apagando tudo, ir na casa da pessoa pedir desculpa pessoalmente, chorar, chamar minha mãe e tal. Passado o desespero inicial, o próximo passo é dar uma olhada nos posts recentes, pra ver o que a pessoa pode acabar lendo, pra já ir pensando num controle de danos. É difícil eu falar coisas ruins sobre a pessoa, mas nunca se sabe o que vai incomodar os outros, né?

*COF*

Mas assim, pra quem me conheceu recentemente ou pra quem faz tempo que não me vê, talvez eu precise avisar que tem uma vaneça nos arquivos daqui que já não mora mais em mim - e eu nem notei quando ela se mudou.

Muita coisa aconteceu nos últimos 2 anos, é verdade. Mais ainda se a gente voltar uns 5. Eu tive um monte de problema de saúde esquisito (o que pra mim é absolutamente normal), eu perdi amigos, eu tive relacionamentos ruins. Isso tudo se somou a (ou foi consequência de) uma condição de muita dificuldade com relacionamentos interpessoais e foi uma bomba. Alguns posts aí  pra trás dão um pouco de medo, porque a falta de autoconhecimento me levou pra uma espiral do horror.

A impressão que eu tinha, até bem pouco tempo atrás, é que eu era incapaz de sentir. E quando você acha que não conecta na mesma rede que os cerumaninhos todos, você entra num grande tanto faz. Tanto faz quem é seu amigo, quem é seu namorado, quem trabalha com você, quem te atende na padaria. É todo mundo de uma espécie diferente, que não fala sua língua, que não te entende. Nem preciso falar como que isso não acaba bem.

Um dia, eu estava lendo sobre autismo e achei que tinha descoberto finalmente o que acontecia dentro da minha cabeça. Eu cheguei a achar que estava na parte mais leve do espectro (gente, não é piada essa parte, é bem sério) e que por isso me dava tanta aflição qualquer coisa relacionada a: pessoas. Aí eu fui procurar ajuda e não era autismo não, era a combinação de 3 coisinhas bem simples:

- introversão
- ansiedade
- hipersensibilidade

As duas primeiras quase todo mundo conhece, embora praticamente ninguém compreenda. Mas a última, meua migo, é que dá todo o toque de dificuldade da coisa (como se ser ansiosa & introvertida fosse fácil).

A parte boa de descobrir essas coisas foi que agora é possível compreender e aceitar. Mais que isso: eu posso falar pra todo mundo "olhaki, kirida, eu tenho dificuldade de lhedar, mas é por essas razãs psiquiátricas aqui ó". Tá certo que eu tenho que passar metade da vida EXPLICANDO como meu cérebro funciona, mas facilita muito quando a pessoa entende que não sou eu, é meu eu desequilibrado.

Aí cê pensa "ihhh, agora lascou-se, tudo vai ser culpa dos problema mental!!111".

POIS VOCÊ ESTÁ ENGANADÍSSIMO, MONA MU!

Pode perguntar pra qualquer cidadão que tenha dividido um ambiente comigo nos últimos 20 meses: eu tô 120% melhor enquanto cerumano! Até pra mim a vida tá mais suave! Donde chegamos no fato de que eu não consigo mais pensar como a vaneça pré-problema-mental diagnosticado.

Não que eu tenha sido possuída por alguma força inexplicável e agora adore gente, gente me encostando, gente que eu nunca fui com a cara. Nada disso. A essência é a mesma. A forma de navegar a existência foi que mudou. 

Primeiramente, por mais que eu não goste que me encoste, eu descobri que fico insuportável quando EU gosto. Uns par de dias atrás eu tava com grandes problemas computadorísticos de programação e com um erro que não conseguia encontrar de jeito nenhum. Pois um dos meus cerumaninhos preferidos me deu 10 minutos de sua atenção para a resolução desse problema específico envolvendo aspas e apóstolos, de modos que o problema foi resolvido e eu super se agarrei no braço alheio pois grata e um pouquinho saliente também, talvez. Se eu nunca me dipindurei em você enquanto pessoa, é porque eu não gosto de você tanto assim, é verdade, mas eu não nego abracíneo nos amiguíneos.

Outra coisa é que minhas amizades ficaram muito melhores. Eu já compreendi que é impossível pra mim o conceito de amizade ocidental. Eu não consigo falar sobre as coisas que me atormentam ou que apenas passam pela minha cabeça e tá tudo bem. Isso faz com que as pessoas me tratem com um pouco menos de amor que elas tratam as não-problemáticas, mas tá tudo bem também, a gente vai ajeitando e vai vivendo com o que dels dá e ninguém vai morrer por causa disso. Hoje em dia eu posso falar "não vou porque estou num relacionamento sério com a parede do meu quarto" e as pessoas entendem que não estou deprimida ou #chatiada, apenas não tenho energias pra socializar naquele dia. Enquanto que em outros eu posso fazer companhia pras pessoas por 8 horas seguidas sem pensar em rasgar minha roupa estilo Bernardinho técnico de vôlei nenhuma vez. Vai do dia, vai de todo mundo acreditar em mim quando eu digo que dá ou que não dá.



Nos posts do passado rola todo um reforço constante de que eu precisava de solidão e espaço, de que eu JAMAIS me relacionaria amorosamente nesta vida, que eu odiava qualquer forma de comunicação realizada por aparelho telefônico e interação constante.

Fui abduzida? Não fui.

Continuo achando que casamento não foi feito pra mim, não fazendo ou atendendo ligações*, não curtindo muito o atizap em geral.

*Outro dia meu bff Cassio (beijo, Cassio! - por favor leia isso, moça do google) me ligou e eu já atendi com muito carinho "CÊ TÁ MORRENDO? PRA QUE HOSPITAL DEVO IR?", porque se Cassio me ligou é porque tava morrendo e foi só por isso que eu atendi. Não era, mas tá tudo bem porque nóis se entende e se ama, mas é bem assim que eu rolo. Quando eu atender o telefone, eu já vou perguntando ONDE TÁ A EMERGÊNCIA, porque eu acho até violento quando as pessoas me ligam por qualquer outra razão.

E o contrário permanece válido também. Engraçado foi que outro dia o cerumaninho perdeu o telefone (ou sei lá o que sucedeu) e mandou aquele tradicional "me liga aí pra eu ver se tá tudo certo aqui" e já emendou um eloquentíssimo "pode ficar tranquila que não vou atender". É isso que faltava na minha vida, gente que COMPREENDE. Eu não poderia estar mais feliz com as escolhas de pessoas à minha volta.

Quanto ao aplicativo dos infernos que atende por whatsapp, eu continuo odiando. Tipo grupos. PUTAQUILAMERDA grupos. Que ideia infeliz da PORRA™, grupos. Tudo silenciado. Qué dizê, aqueles usados com parcimônia tão ok. Mas se tem mais de 10 posts por dia, tá silenciado. Uma coisa que eu não entendo: PRA QUE CARAIOS falar com uma pessoa específica no grupo e não apenas com ela? A pessoa materializou-se na minha frente reclamando que eu não respondia a mensagem, ligo o celular e não vejo mensagem nenhuma. Ni qui ela explica "tá sim, tá lá no grupo".

ENTÃO SIFODA, NÉ? Tá silenciado memo, eu só vejo quando eu quero (às veiz nem vejo, deleto sem ler hehehehehehehehehehehehehehe que rebelde).

MAS

Mas eu me vi tendo um princípio de ataque de pânico num dos últimos capotes do atizap por motivos que tem tipo duas pessoas com quem eu converso AND gosto. Isso é uma evolução que cêis nem imaginam. Do tipo que a minha miga SIRI até larga lá nos favoritos eternos por escolha dela mesma o contato da pessoa, porque eu falo com ela frequentemente. Falo até quando nem tem sinal de celular.

M e G são minha mãe e meu irmão, respectivamente

(Não faço a mínima ideia do que o snapchat está fazendo ali, porque não uso essa bosta há semanas.)

Um dos inconvenientes, contudo, é a GRACYNHA que as pessoas se tornam. Assim, eu já tinha abolido cumprimentar as pessoas do trabalho com beijinhos ou qualquer tipo de toque. Mas eu trabalho na administração pública, o que significa que quase todo mundo à sua volta é trocado de tempos em tempos. Hoje em dia trabalho com uma galera muito amorosa e recomeçou o ritual do ~beijinho~. 

VEJÃO BEM: EU DÔ BEIJINHO EM QUEM EU GOSTO, TEM GENTE QUE INCLUSIVE QUERO SE BEIJAREM MUITO, EU TÔ FALANDO É DO CIDADÃO COMUM.

Aí eu cheguei por último na rodinha outro dia e falei apenas oi, como uma pessoa civilizada, e não houve grandes comoções. Depois chegou outra fia, que fez a puxa-saca e foi beijando do mais importante pro menos importante (eu, no caso). Quando ela chegou em mim, eu falei NÃO TEM NECESSIDADE NÃO, PODE PULAR, ni qui ela e todo mundo arregalaram os olhos, como se eu tivesse ofendido a mãe de alguém. Aproveitei a oportunidade pra explicar que não gosto blábláblá e o que aconteceu em seguida? 

a) as pessoas falaram "ah, que curioso"
b) as pessoas chamaram de doida
c) as pessoas mandaram me tratar
d) as.pessoas.todas.me.apertaram.descontroladamente

PUTAQUELOSPARMITO, gente. Mas não foi só isso!!111

Uma das pessoas presentes disse que isso é muito ruim pro cerumano (a falta de toque) e SE ESFREGOU INTEIRA EM MIM. Mano, eu juro. Só dels sabe como não desmaiei, mas a roupa foi pro lixo. E agora tá essa palhaçada de todo dia as pessoas chegarem, me beijarem, me abraçarem e falarem AI MELDELS COMO É BOM DE APERTAR VOCÊ. 

Vão apertar seus çus.

Quinta teve ~evento de trabalho~ e os ursinho carinhoso tudo presente, né? Cheguei na mesa muito bem humorada (só que nunca, porque eu ainda sou eu) e disse oi à distância. To.do.mun.do. levantou e foi me afofar. E foi mais de meia hora no assunto de que vão me afofar daqui até a eternidade, pra ver se eu aprendo. Considerando que eu ainda não me demiti nem pedi remoção pra outra unidade, cêis vejam que equilibrada.

Inclusive no fim da noite fui afofar ozotro por vontade própria, só não afofei mais porque não foi possível. Entende? Eu gosto de encostar nas pessoas, só que é mais ou menos em tipo umas 4 pessoas em 7 bilhões, ué. Me deixa. MILARGA.

*****

Claro que as coisas não mudaram da noite pro dia. Muitas coisas aconteceram.

Minha saúde melhorou consideravelmente, o que melhorou outras 300 coisas. Eu fui fazer terapia (e inclusive me dei alta, porque, DÍSAS, que coisa chata). Entrei nesse mestrado faz dois anos e meio (eu sei quanto tempo dura um mestrado, mas minha história - como tudo na minha vida - é diferente e ✿especial✿). E esse bendito mestrado me deu TANTA bordoada que minha vida foi toda posta em perspectiva inúmeras vezes. Doenças feat. estudos fizeram aquela separaçãozinha esperta dos ~amigos~, de modos que deu pra ver quem são aqueles por quem vale a pena deixar de estudar no fim de semana uma vez a cada dois meses. E, o mais inusitado, eu conheci essa pessoa que arrombou meu coração :)

"Essa pessoa" é muito entrevista pro ego sobre relacionamento homossexual, né? Mas não é o caso, pois infelizmente hétera.

O mais legal é que eu sempre atendi todos os requisitos da auto-ajuda: eu me amo, amo minha companhia, tô de boas aqui vivendo sozinha, fazendo coisas sozinha, inclusive é tudo muito mais fácil sozinha. Alinhais, era nisso que se baseava toda uma insistência na solidão: no fato de que pessoas dão trabalho e eu sou autossuficiente. 

Então eu posso afirmar que o apreço por outro cerumano vem a ser bastante sincero e desapegado, do tipo que não é disso que depende minha felicidade e tal. Mas parece que seria bem legal se a coisa evoluísse do campo das ideias para a realidade. AND THAT'S A FIRST! É meio estronho pensar "tá, mas e se esse negócio realmente acontece, pra onde que eu fujo?", que é o pensamento padrão nessas situações, e perceber que eu nem quero fugir, tô de boa aqui, inclusive QUERO.

Sei lá.



Só sei que outro dia eu tava sendo legal com uma pessoa super bocó, porque eu tava pensando de verdade que podia fazer diferença ali numa situação caótica. Eu vi que rolou todo um desconforto dos presentes no momento da minha ação, mas achei que era porque o indivíduo realmente não merece ser bem tratado. Esqueci. Quando ele saiu de perto, veio todo mundo perguntar o que foi que se apoderou de mim. Mas não só naquele dia. A frase foi algo como "já faz um tempo que você tem falado com as pessoas sorridente e isso é meio esquisito".

É memo. Eu sei. 

Mas vou falar pra você: eu acho que deve ser parecido com isso quando a gente atinge a paz de espírito. E por enquanto eu tô ~suave~.

:)




| ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄| ミ★bɛijѳs dɛ luz★彡
|___________| ∧_∧ || ( ´ω` ) || /   づ

sábado, 17 de setembro de 2016

o vigésimo terceiro dia do meu nome



Uma vez eu tava lendo um texto que já nem sei mais se era blog, se era site, ou de quem era. Só sei que a moça estava ofendidíssima por ter ouvido um comentário de alguém que dizia "você parece muito mais nova!". A vítima do comentário dizia que não queria parecer diferente do que era, que tinha orgulho da idade e de tudo que vivera até ali [/joão de santo cristo] e blábláblábláblá.

Lembro que meu único pensamento naquele momento foi "miga, pls".

AI, VANEÇA, CÊ NUM ACHA QUE AS MULHER SOFRE MUITA PRESSÃO SOBRE SUAS IMAGEM COMO UM TODO E SÃO IMPEDIDAS DE ENVELHECER?

Oxe, gente, super acho. Tamo aqui fora dos padrões globo de beleza há uma meia dúzia de anos já, se tem uma coisa que eu sei é o que é se sentir objeto de julgamento social.

Mas eu acho que a coisa da juventude é um estado de espírito, sabe?

Se tem uma frase que eu repito muito, é a frase "EU TENHO HORRÔ À VÉIA". Gente, detesto mesmo. Mas tem véia de 25 anos que não toma ~friagem~, não bebe água gelada, acha que chuva dá gripe, que não gosta de música alta, que acha que no seu tempo tudo era melhor e que às vezes é até do sexo masculino. Véia é um sentimento.

E é um sentimento que eu não sinto.

¯\_(ツ)_/¯


Mesmo eu tendo sempre que me virar sozinha, se alguma coisa der errado, eu ainda vou procurar um adulto responsável pra resolver. Aí eu vou pensar AH É, hihihi, sou eu. Mas acontece todo um Peter Pan comandando aqui a ponte de comando do meu cérebro.

E o bom de ser ~adulto~ é que a gente pode ser quem a gente quiser sem medo de ser feliz. Se eu quiser entupir meu quarto de Lego e Monster High, ninguém pode julgar. Porque além de tudo, os dinheiro é meu pra comprar os brinquedinhos que eu quiser. 

A verdade é que eu tenho sérias dificuldades pra entender e acreditar que eu seja uma pessoa adulta. Vai ver ter sido obrigada a crescer do dia pra noite quando ainda era criança tenha me deixado sem parâmetro pra perceber a diferença da vida aos doze e aos trinta, pode ser. Só sei que sempre que alguém me pergunta quantos anos eu tenho, o número que sai da minha boca parece uma informação sem significado nenhum. Prefiro contar como número de voltas que eu dei em volta do sol, porque eu sou jovem demais pra ter vivido esses anos todos.

Acho que nunca na minha vida adulta alguém chutou a minha idade corretamente.

Uma vez na faculdade eu fui pra diretoria da escola que funcionava no mesmo prédio, porque eu estava sem uniforme. E até alguém entender que eu não precisava de uniforme foi metade de uma aula. Dois anos depois, na mesma faculdade, me proibiram de tomar aspirina na enfermaria, porque era remédio exclusivo de adulto. Só uma vez na minha vida eu consegui comprar bebida no supermercado sem mostrar a identidade. Ano passado não me cadastraram na lista de motoristas de um carro porque acharam que eu não tinha o mínimo de tempo necessário com carteira de motorista - cinco anos. Hoje um cara tentou deduzir a minha idade depois de me conhecer na sala do mestrado, chutando que eu tivesse quase 30 pelo tanto de tempo que eu já estudei "mas é só porque você já estudou muito, aí tem que ter quase 30, senão eu chutava menos". 

Eu poderia passar a noite aqui escrevendo sobre a minha ~aparência jovem~, mas o ponto é que: eu gosto. Não porque ache que tem alguma coisa ruim em "ser velho", é que eu acho que minha cara combina com o que eu sinto.

Pra ser bem sincera, eu acho que parecer jovem vai muito além da configuração do seu rosto, da sua quantidade de ruga, da linha de expressão, da maquiagem, do corte do cabelo. 

Eu tava conversando com uma amiga que diz que quer morrer aos 70, porque acha que não vai dar conta de ser velhinha. Já eu não quero morrer nunca. Se for obrigada, quero que seja lá pelos 140, porque eu tenho impressão de que velhinha é uma coisa que eu jamais serei.

O bom é que falta muito tempo pra isso quando a gente está comemorando o aniversário de 23 anos, né? Mesmo que seja pela décima terceira vez.

HEH

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

01 post babaca

Eu queria, igualmente, me desculpar e agradecer.

Me desculpar por ser um cerumano inadequado e não conseguir me empolgar com o que a maioria das pessoas gosta, de modos que eu não consigo fazer igual. Exemplo? Hashtag. Não é que eu não goste de hashtag, é que eu ODEIO. Eu quero dar unfollow na pessoa que usa. Eu quero descer a mão na cara da pessoa que escreve uma frase usando essa bosta, porque, puta que pariu, não dá pra escrever uma legenda em texto e usar hashtag pra alguma coisa muito específica? Tipo, a pessoa quer marcar um veículo de informação, um jornal, uma campanha: usa a bendita hashtag. Não vou gostar, mas vou compreender. Mas escrever #adorojuntarafamiliapracozinharnodomingo me dá vontade de arrancar a mão da pessoa e proibir de usar a internet, porque dava pra botar UMA.BOSTA.DUMA.LEGENDA e usar hashtag #culinaria, sei lá, se você acha que é relevante o suficiente a foto mal tirada do seu feijão pra que alguém tenha interesse em encontrar isso numa busca.

Porque é pra isso que essas merda de hashtag funciona: pra alguém encontrar essa sua bosta de post ou foto, amor. Não é pra mandar recado não.

Aí, ó. Eu me altero.

Se tem like meu em postagem de texto ou foto sua que tenha mais de uma hashtag, saiba que eu te amo. Se tem like em publicação com hashtag de frase, ou minha conta foi hackeada ou eu cliquei por engano ou estava sob uso de fortes entorpecentes legalizados ou foi minha gata. 

Se for uma foto e ela contiver a hashtag #nofilter, eu podendo, vou ocultar. Mano, cê acha que seu iphone é uma câmera e você é Sebastião Salgado? É só uma foto digital com luz boa, ninguém se importa se você colocou filtro, grandes bosta. Se a pessoa usa essa hashtag demais, eu já dou é unfollow pois sem estrutura.

MAS AINDA NÃO É SOBRE ISSO QUE QUERO ME DESCULPAR, porque nesse quesito acho que estou corretíssima, vocês que não sabem usar o ~recurso~.

Outra coisa da internet que eu O D E I O é aquele tipo de post estilo apanhadão. "Melhores posts da semana". Caraio, que inferno. Nóis tem internet em casa, no celular, no trabalho. NÓIS JÁ VIU!!!!!1111 Se não viu, é porque não interessa. Trinteoito blogs alucinando coletivamente sobre um mesmo post que, quase sempre, chato pacacete. E tá lá em TODOS, linkado como melhor da semana. Eu vou no feedly e marco esses post tudo como lido sem abrir e tiro o blog dos feeds se publica esse tipo de coisa demais. EU DECIDO O QUE EU QUERO VER NA INTERNET, BRIGADA.

Aí é nesse tópico que eu tenho que me desculpar, porque as miga vive me recomendando e isso enche meu coração de calor e alegria, porém sou INCAPAZ de fazer igual. Qué dizê, recomendar os blogs como um todo eu acho super fácil, dizer que todo mundo que tá ali no blogroll é porque eu gosto de verdade, também. Mas daí a fazer um apanhadão de postagens específicas e colocar que me inspiraram ou sei lá, eu não consigo. Às vezes eu consigo fazer isso com UM post muito específico, mas é raro. 

Então: midesgupi eu ser essa pessoa medonha que se irrita com bobagen & obrigada por gostarem de mim mesmo assim. 

Ainda que eu duvide que alguém recomende algum post meu daqui por diante, mas a amizade é a mesma.

*******************************************

O causo é que recentemente uma miga recomendou um post meu num mesmo post que recomendou outra pessoa e eu, INEXPLICAVELMENTE, cliquei no link. Qué dizê, eu tava muito desorientada da minha cabeça, porque cliquei nos link tudo daquele post, mas apenas um deles me chamou a atenção.

Já aviso que NÃO VOU linkar aqui, nem nos comentários, porque não quero que a pessoa que escreveu encontre meu blog por links neste post, porque o que eu vou escrever não é PRA ELA, não é pra discutir com ela, não é pra discordar dela. Foi só um pensamento que me ocorreu aqui porque eu li o que ela escreveu. E minha experiência é TÃO diferente da que ela descreve, que eu resolvi escrever minhas próprias mal traçadas linhas a respeito. Até mesmo porque eu estava justamente no vórtex do overthinking sobre esse exato assunto quando eu li, então foi só meique um "nossa, como que eu não pensei em escrever isso antes?". MasssSssSSsS, eu sei que vai ter gente que vai reconhecer a inspiração aqui, daí o disclaimer.





O post era mais um de uma infinidade de ~todo mundo foi uma criança prodígio~. Só que esse dizia alguma coisa tipo "e todo mundo cresceu e virou um adulto normal e agora não sabe lidar". A argumentação era que você sai de notas 10 na escola pra descobrir que na faculdade não é bem assim, além do fato de que as pessoas assistiram mais filmes iranianos que você, que elas viajaram mais, conhecem mais museus e você nem era tão fodão assim in the first place. Uma coisa que eu chamo de Síndrome de Rory Gilmore. Aí a pessoa vai concluindo que o importante é a gente se amar (ou foi o que eu concluí, nunca se sabe, li e saí correndo) e aceitar nossos pontos fortes e que a vida real é diferente e bláblábláblá.

Pois olha. Não sei.

TIPO ASSIM.

Não que eu fosse uma criança prodígio, LONGÍSSIMO disso. Mas eu sempre fui uma pessoa problemática. Eu queria saber TUDO sobre TODAS AS COISAS e eu nunca fiz nada que não fosse pra fazer melhor que todo mundo. Raramente eu atinjo esses objetivos - saber tudo, fazer melhor -, mas é assim que eu entro no jogo.

Eu nasci com a habilidade semi útil de compreender a escola. Veja bem: eu não chamo isso de inteligência ou prodígio, é só que o método tradicional de avaliação nunca me assustou. De modos que eu fui uma criança nota 10 o tempo todo.
Eu não fiz pré, jardim, sasmerda, fui alfabetizada em casa aos 3 anos. Aos 5 eu lia gibis da turma da mônica, aos 7 eu lia os da Disney, incluindo aqueles almanaques. Lia livros de histórias sem figuras, nas vibe Hans Christian Andersen tão nova que, quando lançaram a Pequena Sereia em fita e eu mal tinha 10 anos, eu não quis ver por medo do final, que eu jurava que seria fiel ao livro. 

GRANDES BOSTA.

Eu mudei de escola 14 vezes em 11 anos de estudo. Peguei os mais variados métodos de ensino. Escola particular do bairro, escola particular de gente rica, escola particular internacional com 5 alunos por turma, escola pública do centro, escola pública do interior, escola com ênfase em matemática, escola americana. Tirei 10 em todas as matérias, em todas elas. INCLUSIVE em educação física, que as crianças-prodígio sempre usam pra lembrar que não tinham aptidão corporal. Eu tinha. Eu tenho medalha em TODOS os esportes que eu já pratiquei, em grupo ou individuais. Eu sei andar de bicicleta, sei dançar, sei nadar, sei resolver uma integral, sei classificar uma oração coordenada sindética, sei desenhar o sistema circulatório da planária, sei quanto de força é necessário pra mover um corpo preso em uma corda que passa por uma roldana, sei balancear equações, sei todas as falas de Ferris Bueler's Day Off e de Aladdin, sei fazer bolo de fubá e cozinhar feijão, sei trocar lâmpada, chuveiro e bujão de gás, sei fazer download de músicas e atualizar meu sistema operacional, sei qual remédio tomar pra dor de cabeça e pra enjoo. Não sei falar no telefone, por exemplo, pra vocês verem que ninguém realmente sabe tudo. 

GRANDES BOSTA.

Quando eu terminei minha escola tão cheia de notas 10 que não tive nem que gastar dinheiros com vestibular, pois tudo pago, eu descobri que tinha ansiedade. Meus vestibulares no meio do ensino médio foram excelentes, passei em todos, sempre nos 5 primeiros lugares, pois prova não é problema. Nos que eu fiz pra valer, nas faculdades que eu queria, não passei em nenhuma. Tive tanta crise de ansiedade que passei dias sem comer, desmaiei em todas as provas, saí antes de terminar todas as vezes. Mas não era medo DA PROVA. Era medo de decepcionar minha família. A gente era MUITO pobre. No dia do vestibular da fuvest, por exemplo, meus pais tiveram que me levar a mais de 100km de casa pra fazer a prova. Com o dinheiro gasto com combustível, não tinha dinheiro pra comer. Que a gente não tinha muito, no geral. Minha mãe levou bolacha recheada daquelas tão ruins que você come só pro seu estômago não desintegrar, alguns sanduichinhos de pão amanhecido com manteiga, essas coisas. Todo mundo comeu isso com suco de pozinho quente. Enquanto eu fazia a prova, eles ficaram todos no carro, debaixo de uma árvore, numa temperatura de quase 40 graus. Eu, dentro da sala de prova, sofrendo o que eu normalmente sofro no calor, pensava nos meus pais e meus irmãos presos num carro, com comida ruim, por 5 horas, pra que eu pudesse fazer uma prova. Eu mais chorava que pensava. Cê passaria num vestibular nessas condições? Pois nem eu.

Quando mudei pra Curitiba fugida, eu sabia que meu vô assumiria ~os gastos~ e eu deixaria de ser um peso pros meus pais. Essa parte do plano deu certo, a faculdade que eu entrei tinha mensalidade mais barata que da escola que eu estudava antes, tinha mais nome que a federal, meu vô pagava minhas contas, win win win win win situation. Minha saúde mental foi pras cucuias. Eu permanecia sem dinheiro pra existir, porque meu vô pagava mensalidade e contas da casa, mas o xerox, o salgado do intervalo, o ônibus, ele achava que minha mãe pagava. Eu dizia pra ela que quem pagava era ele. Então eu não comia, andava a pé e estudava a partir das minhas anotações ou de algum dinheiro que milagrosamente eu ganhava em datas festivas. Felizmente não tinha ninguém prestando muita atenção em mim pra notar que eu levava 2 horas pra chegar em casa todo dia, por exemplo. Na faculdade de gente rica todo mundo achava estranho a quantidade de vezes que eu repetia roupa ou eu não ter o hábito de comer fora de casa, mas eu parecia apenas excêntrica.

Nesse momento, eu pensei: acabaram-se os 10. É aqui que eu vou descobrir como é ter um cérebro mediano, que eu não conheço nada.

Não foi.

Devo ter tido uma ou outra média 7, menos de uma por ano, dos 5 que a faculdade durava. Eu NUNCA peguei uma DP na minha vida, nunca estive desperiodizada, nunca senti que não era capaz de acompanhar uma matéria. No quarto ano, quando eu finalmente consegui autorização familiar pra trabalhar, já que não tinha mais condição de viver com tanta pobreza, eu pensei: agora sim, agora eu vou me sentir burra, vou precisar estudar, vou usar o salário inteiro em xerox.

Não foi também.

Eu acordava cedo e arrumava a casa, ia pro trabalho de tarde, ia pra faculdade de noite, estudava no sábado se fosse muito necessário. Com dinheiro, eu passei a ter vida social e sair. Nem assim tive problemas de ordem intelectual. 

No fim da faculdade, com a obrigatoriedade do exame nacional dos cursos de administração, aconteceu uma proposta pra que a gente não boicotasse. Aqueles de nós que obtivessem nota A, ganhariam bolsa para especialização. Se a nota geral fosse A, todos ganharíamos bolsa, independente de nota. Pois eu tirei A, a instituição tirou A e eu saí da faculdade imediatamente para a pós-graduação. E aí eu pensei: AGORA não tem como, eu vou pegar matérias aleatórias, eu vou trabalhar numa fábrica 14 horas por dia, vou estudar até no sábado, vou me sentir burra.

Ainda não.

Me sugeriram até fazer uma matéria que habilita pessoas a darem aulas em cursos superiores, porque minha carreira acadêmica era promissora. Fiz a especialização em um ano sem grandes sustos, tudo nota 10. De novo. Ainda. Descontente com o trabalho que estava me matando, fiz concursos. Passei em todos e escolhi onde queria trabalhar. Fui fazer mais uma pós-graduação, agora em universidade federal, em engenharia, engenharia mecânica. AGORA NÃO É POSSÍVEL QUE EU ACOMPANHE ESSA DESGRAÇA.

Acompanhei.

Calculadora especial, operação de máquina, pesquisa operacional. Nenhuma dificuldade, nenhuma nota baixa, nenhum sofrimento.

Se tem uma coisa que eu nunca achei que não fosse na minha vida, essa coisa é inteligente.

******************************************

Minha família sempre fez questão de viajar pelo país. De que eu não crescesse como qualquer outra criança paulistana que achava que não existia nada além dos limites do município de São Paulo, que não tem energia elétrica em Minas Gerais ou que pessoas andam de cipó e desviando de jacaré em Manaus. 

Mesmo com pouco dinheiro, eu sempre tive livros e gibis e meus pais sempre fizeram a gente assistir filmes, levavam em museus e faziam todo tipo de programa educativo. Minha mãe fazia conservatório de piano e me levava junto pras aulas, o que quer dizer que eu cresci rodeada de músicos de todo tipo, perto de instrumentos musicais e com piano em casa.

Isso quer dizer que, inteligente ou não, meus pais queriam que a gente fosse culto.

Então enquanto eu não tinha dinheiro pra cantina na oitava, no segundo ano ou na faculdade, eu ainda não me sentia menos que ninguém. Eu tinha feito muitas viagens, lido muitos livros, visto muitos filmes e sempre me sentia confortável em conversar com todo tipo de pessoa.

Ainda que a gente jantasse arroz, feijão e bife todo dia - macarrão com salsicha, quando as coisas pioraram - a gente nunca passou vergonha intelectual fora de casa. 

Podia não ter brinquedo, podia ter pouca roupa, podia ter tênis 2 números maior que o pé pra durar mais tempo, mas a gente tinha educação.

Toda família vai ter piano morando na favela? Não vai. Toda criança vai ter um vô financeiramente estável pra pagar viagem pra Ouro Preto pra conhecer as obras de Aleijadinho, mesmo tendo pouca verba pra alimentação do dia-a-dia? Provavelmente não. Felizmente, eu tive. Tive também incentivo pra estudar outras línguas, sozinha em casa, já que ninguém tinha dinheiro pro cursinho de inglês. Piano eu aprendi vendo minha mãe ensinar pros outros. Bicicleta eram todas de segunda mão, assim como os patins. Eu tive UMA Barbie, comprada com muito custo. Mas eu nunca me senti menos do que ninguém e demorou MUITO pra eu entender que minha família era pobre.

Isso quer dizer que eu nunca senti o baque de descobrir que eu era menos do que eu pensava que era. Quando a situação financeira da família melhorou e a gente começou a frequentar eventos e casas de pessoas ricas, eu nunca me senti deslocada. Eu posso não ter comido caviar, lagosta e escargot nesta vida, mas um dia eu já tive a oportunidade. E, se fosse do meu agrado provar, jamais me envergonharia de dizer que não sabia usar os talheres adequados, nos quais eu nunca nem peguei. Grazadeus minha filosofia de não comer nada que um dia teve olho me livra de ter que passar por esses constrangimentos. Mas eu já conversei com gente importante de todo tipo de igual pra igual, porque eu posso não conhecer alguns assuntos específicos por falta de interesse ou até mesmo de acesso, mas eu não me sinto uma pessoa desprovida de recursos intelectuais pra compreender uma conversa de alto nível.

Esse baque de não se sentir o suficiente, eu nunca tive.

ENTÃO QUAL É O PROBLEMA, KIRIDA????

É que isso não garante nada, ué.

Tô rica? Não tô. Não é mais igual quando a gente tinha que tomar tropi-cola uma vez por mês e comprar bolacha do pica pau, porque era o que dava. Hoje mesmo compramos oitenta reais em chá importado apenas pela alegria de nossas papilas gustativas. Mas meu carro tem 20 anos e tá batido (não por mim) em 3 lugares diferentes, porque eu não tenho dinheiro pra arrumar. 

Eu tenho um ~trabalho invejável~ por ser servidora pública federal, estabilizada. Mas isso não me rende viagens anuais ao exterior, como eu sonhava.

Faço parte de um grupo muito seleto - 0,5% da população até o começo da década - de pós-graduados, cursando mestrado. Deve ser menor ainda se a gente considerar que é em universidade federal. Menos ainda na área de engenharia. Menos ainda que conseguem se expressar adequadamente em português. MEIO POR CENTO DA POPULAÇÃO DO PAÍS. Moradora do hemisfério cor-de-rosa do Brasil, onde parece até mentira que em alguns lugares as pessoas não têm água encanada e energia elétrica. 

Quer dizer, no panorama geral das coisas, eu faço parte de uma estatística de privilegiados. This much I know. Mas quase todo mundo que eu conheço já viajou pra fora do país mais que eu, por exemplo. E meu sucesso pessoal eu quero basear justamente nisso: em quantos lugares eu serei capaz de conhecer com a renda que eu sou capaz de produzir.

Além disso, eu faço parte também da estatística dos fracassados-odiadores-de-segunda-feira. Não é que eu deteste meu trabalho e ele me deixe doente, pra eu acreditar nesses posts motivacionais de largar tudo e ser feliz com menos. É só que é um trabalho muito aquém das minhas habilidades e da minha inteligência, parece que eu tô desperdiçando um processador i7 16gB pra jogar paciência e desenhar no paint. 

Nada do que eu tive na minha vida foi suficiente pra ~viver de arte~, que é o que eu adoraria fazer. Queria ser daquelas herdeiras que pode se dar ao luxo de tentar ser estilista, fotógrafa, escritora sem me preocupar se vou voltar à tropi-cola ou NEM ISSO.

O baque, pra mim, não foi descobrir que as pessoas sabiam mais que eu, que eram mais interessantes do que eu, que tinham mais que eu. O baque foi descobrir que tem pessoas com MUITO MENOS dentro da cabeça, mas que vão muito mais longe porque têm muito mais dentro das carteiras. Foi saber que a menina cujo nome eu coloquei em todos os trabalhos da faculdade mora numa mansão e viaja pro exterior 4 vezes por ano ou que outra só fez faculdade pra pendurar um diploma na parede e viver da renda da empresa da família, que é administrada por outras pessoas e jamais vai trabalhar ou arrumar a própria cama um dia sequer da sua vida. Foi descobrir que pessoas têm lavabos maiores que meu quarto, apesar de elas não terem tirado uma nota boa na vida. Que suas casas têm CINCO ANDARES e mordomo, mas elas não leem muito porque é chato. Que elas fazem viagens periódicas pra NY, mas nunca entraram num museu ou num teatro porque dá sono e estão lá apenas pra fazer compras.

A grande decepção da minha vida é saber que eu posso ser muito inteligente, mas não vou a lugar nenhum, porque não tenho dinheiro.

Baque é descobrir que inteligência tem muito pouco a ver com sucesso e muito a ver com frustração.

É se dar conta de que uma capacidade intelectual extraordinária não te livra de uma existência bastante ordinária.

:)

sábado, 3 de setembro de 2016

ano passado eu morri...

...mas este ano eu não morro, já diria mestre Belchior.

Olar, menines, tudo bõ?

Hoje foi um bom dia. Hoje, no caso, a última sexta, caso eu passe dias escrevendo.

E foi bom porque eu tive que usar todas as minhas energias pra fazer algumas coisas que eu sou bundona demais pra fazer geralmente. Vamos falar de uma delas: falar em público.

Já adianto pra vocês que aqueles vídeos do começo do ano pra tentar aceitar essa sorte triste não serviram pra NADA. Masss, com todos os plot twists do mestrado mais bizarro do mundo, eu agora faço parte de um grupo de pesquisa da CAPES (huMmMMmmMm que inteligentona), que só funciona pra deixar os lattes de todo mundo mais bonitos se a gente cooperar. E como a gente faz isso? Escolhendo um assunto que a gente domine e... APRESENTANDO pra sala toda, que é composta de 5 professores, inúmeros doutorados, mestrandos, jóves da iniciação científica, de uns 3 programas diferentes. É bem pouca pressão, como deve dar pra notar. Se eu posso OZAR ser sincera no meu próprio blog, eu tenho que dizer: é um ambiente onde eu me sinto a mais burralda entre os presentes E ISSO ME INCOMODA +QD+ pois não tô acostumada?

Aí eu tô lá bem tranquila absorvendo conhecimentos, quando alguém faz a seguinte questã: e você, Vaneça? Apresenta quando?

Eu quase capotei de desespero, porque O QUE É QUE EU VOU CONTRIBUIR com a galera das mais avançada matemática e programação quando eu mema tô iniciando nessa carreira? Bateu aquele pavorzinho existencial feat. vergonha de sentir que tô ali apenas pra sugar e não pra compartilhar.

Então eu comecei a pensar aqui no meu cabeção que TINHA QUE ter alguma coisa que eu soubesse tanto, que fosse possível contribuir para o crescimento acadêmico de outros cerumanos. Foi numa aula de inglês, nessa mesma turma, que me veio o estalo. A aula era sobre processo de escrita, de uma professora da universidade de Duke. A gente teve essa aula pra aprender a escrever em inglês, mas eu me dei conta que ajudava a escrita em português também e, WHY NOT, traduzi o barato todo. Considerando que aulas de inglês têm faltas em massa, tava aí minha ~oportunidade~.

Fui lá e vi os vídeos umas 500 vezes, fiz anotações, fiz uma apresentaçãozinha no power point, pensei numas piadinhas e nem acreditei nos meus ouvidos quando me escutei falando que podiam colocar minha apresentação no calendário.

Cêis tão entendendo?

Eu procurei VOLUNTARIAMENTE um assunto, criei VOLUNTARIAMENTE uma apresentação e me ofereci VOLUNTARIAMENTE pra falar na frente de pessoas mais inteligentes que a média.

É o que, isso? Tô tentando causar um desequilíbrio no meu sistema pra dar reboot? Suicídio português? Cansei de viver? Jamais saberemos. Só sei que eu tava razoavelmente tranquila com a minha decisão de assunto, com a beleza dos meus slides e com as coisas que eu falaria.

Mas como se é pra jogar, eu vou escolher o level hard. De modos que a apresentação ficou marcada pra um dia que eu já tinha outro momentchinho estressante marcado. Com a diferença que esse outro eu não podia escolher o dia e etc. 

OUSSEJE

Eu tinha que juntar todas as minhas energias pra viver até quinta, passar m a l a n d r a m e n t e pela sexta e chegar respirando até o sábado.

E respirar foi um desafio particularmente grande, já que eu consegui adquirir um resfriado cavalar no começo da semana, que é pra dar aquele toque suave de desespero pra coisa toda. 

Confesso que quinta de noite eu tava bem desacreditada e 120% arrependida de todas as decisões para o dia seguinte, mas é aquele ditado, né? 

Acordei, catei minhas tralha, taquei no meu automóvel, peguei a estrada e ME DEI CONTA QUE DEIXEI O CELULAR EM CASA. Não que eu não viva sem o celular. Não que eu não tivesse esperança de atingir o level 20 de poké mongo. Não que eu não pudesse passar aquelas próximas 10 horas sem um telefone. MASSSS ele era parte importante do meu plano pro dia, então eu voltei pra casa pra buscar o bendito. O bom é que essas pequenas derrota diária™ tiram aquele pouquinho de estabilidade que a gente tinha pra viver e tal.

Como boa pessoa ansiosa, EU MARQUEI HORÁRIOS dentro da minha cabeça. 

8:15 - chega na sala
9:00 - termina de revisar a apresentação
9:30 - come alguma coisa pra não desmaiar de hipoglicemia
10:00 - apresenta trabalhos
12:00 - atravessa de volta pro campus oficial de trabalho
14:00 - começa a trabalhar finalmente
15:30 - manda mensagi importantíssima

E segue daí, porque eu não tinha estrutura emocional pra pensar além.

Só que nem a essa altura da minha vida eu aprendi que o universo não é regido pelo meu relógio. Num bateu um horário corretamente no cronograma, só digo isso. Porém, ali pelumas 10:30 da manhã, meu professor estava proferindo a frase "Vaneçilda, a sala é sua". 

Assim, eu fiquei meio alterada psicologicamente nos dois primeiros slides, não vou mentir. Mas quando eu vi todo mundo prestando atenção com cara de real interesse, eu.gostei.do.sentimento.

ACODE, DELS!

Ali pelo 4º slide o professor perguntou se podia fazer perguntas durante a apresentação e eu achei ótimo, porque dá aquelas vibe de interação e coisa e tal, de modos que eu encorajei a participação de quem quisesse, pra ninguém perder o fio da meada. Aí eu vi pessoas ANOTANDO coisas. E vi olhares de espanto, tipo "úia, isso eu não sabia!". A parte I da minha apresentação foi meique uma tradução livre do curso de inglês, mas a parte II foi de minha própria autoria, aquelas diquinhas espertas (SE SEGUREM NA CADEIRA) de como escrever português corretamã. AHAHHAHAHAHAHAH tem gente que se surpreende que eu SEI, eu só não quero.

E pra justificar minha ~qualificação~ pra falar no assunto eu fiz o que? Taquei um print de capa da revista Capricho e saí desse armário para o mundo acadêmico. Agora já posso incrusivemente colocar no meu lattes sem passar vergonha :)

Quando eu tava quase terminando os meus slides, eu lhos juro que passou na minha mente que eu gostaria de ter MAIS slides, pra poder continuar com aquilo mais uns minutinhos. Todo mundo participativo, colaborativo, cheio de dúvida e de "ahhhh, é assim que usa isso???", aquele calor no coração. Acabei de apresentar e as pessoas todas agradecendo, pedindo opinião, pedindo pra eu compartilhar a apresentação, uma coisa que eu não sei nem explicar. 

Me convenci de que eu seria uma professora bem maneira se eu seguisse a minha vocação verdadeira e não essas em que eu vivo insistindo. [Alguns meses atrás, na mesma aula, a gente teve que fazer uma apresentação de tema livre, em que falei de fotografia. Mesma comoção, mesmo amor, mesmo sossego em frente à multidão.] Não sei se vocês já experimentaram essa sensação de inteligência que dá quando você divide uma coisa que você sabe. Mas é mó legal, começo a entender o que leva pessoas a serem professores. Cê vê, o mestrado me surpreendendo novamente.

Só sei que saí da sala com uma sensação de vitória bem rara na porção acadêmica da minha vida e estou me apegando a ela pra levar esses meses finais - e a famigerada defesa da dissertação, da qual não escaparei.

Talvez o povo que vive insistindo pra que eu me inscreva pra um TED não esteja lá tão doido assim. Ó AÍ A LOUCURA DOMINANDO A CABEÇA DA PESSOA.



*************************************************************************************************


Vocês têm a impressão que algumas coisas se repetem nas suas vidas, mesmo que vocês não façam o menor esforço para ou tenham poder sobre? Tipo o ano que toda menina que eu conhecia que tinha um filho, todos eles se chamavam Lucas. Conheci umas 8 mulheres com um filho naquele ano, em várias cidades, diferentes cenários, muitas situações. Todas mães de um Lucas. Sabe essas coisas meio bocós?


Tipo todos seus ex irrelevantes fazendo aniversário no mesmo dia?

O primeiro mancebo que beijei na minha vida era um estudante de engenharia elétrica. Os 37 seguintes também eram. O menino que eu amava quando tava na sétima série se tornou engenheiro eletricista quando cresceu. Meu melhor amigo. O cara que me deu o maior fora sem que ao menos eu estivesse interessada nele. O stalker mais assustador que eu já tive. O professor mais legal. O cara gente boa que trazia umas hortelã maneira pra eu fazer chá. Quando um cara começa a participar demais da minha vida, eu nem preciso perguntar o que ele estudou. Tem dias que a pessoa abre a boca e eu só penso "01 karma chamado engenharia elétrica".

O que isso tem a ver com qualquer coisa nesse mundo?

NADA.


*************************************************************************************************

Se tem uma coisa que eu gosto nessa vida, essa coisa é dar presente. Só que esse talento nem sempre tem chance de brilhar, devido às minhas condições psicológicas. Cê vê: eu tenho dificuldade de me relacionar com o amiguinho, mas isso não quer dizer que eu não tenha um apreço bem grande pelas próprias pessoas. Não por todas, mas aquelas meia dúzia que arrombam as porta do meu coração, né? 


Aí não sei se é a vibe que eu emano, de pessoa sem sentimentos e essas coisas, que eu dou presente prozotro e rola todo um NOSSA QQ TÁ CONTE SENO que me desmotiva 240%. É um presente, não tem motivo, eu gosto da sua pessoa e achei que você ia gostar disso aqui, ué. MILARGA. Mas eu evito, sabe? Se eu dou um presente e a pessoa fica procurando MOTIVOS em vez de ficar feliz com a graça alcançada, eu guardo pra mim.

(cabocla magoadinha ressuscitando expressões em desuso)

Falando nesse sentimento universal chamado MEH, semana passada eu passei por tanta vibe assassinada que eu cheguei a compartilhar adaptação do meme imbecil acha que tens o que é preciso para esmagar minha rata, dada a desempolgação geral para com a minha pessoa.

Não querendo entrar em detalhes pra evitar ozotro se justificando aqui, pensa que cê tinha programado 23 passeios com a pessoa e acorda pra ver que ela tá não apenas passeando, mas postando no instagram SEM VOCÊ? Gente, vocês não imagina quantas quantidade de autocontrole foram necessárias pra não apenas não matar o indivíduo como para manter a amizade. 

Em caso não relacionado, eu recebi uma notícia muito boa, mas muito específica, que tinha um total de ZERO UM cerumano no mundo que compreenderia a extensão da alegria. Como eu procedi? Esperei uns dias, até eu parar de soar como uma pessoa perturbada de felicidade pra contar como se fosse uma coisa casual, porém boa. Resumi, expliquei, coloquei umas exclamações na mensagem e enviei. 

VISUALIZADA E NÃO RESPONDIDA.

Mas tipo, cêis não tão entendendo. Aqueles parça, sabe? Não é como o email que mandei alguns dias atrás pra um aleatório que eu sabia que provavelmente não responderia just to prove a point. Os desempolgados aí de cima são brother demais, o coração num guenta.

Esse tipo de vibe killer foi o que me fez largar mão de dar presente, fazer plano e me relacionar com as pessoas.

MAS

Mano, eu sempre me prometo que não vai ter, só que sempre tem o ~mas~.

Mas aí tem essa pessoa, né? Eu mando uma mensagem bosta e vêm 87 emoji chorando de rir 


we're on the same vibe, babe



e cê pensa: essa pessoa me entende. 

Aquele cerumaninho especial que responde sempre em menos de 45 segundos quando você entra em contato (mesmo que você nem sempre faça o mesmo pois surda). Responde até mesmo pra dizer que não vai responder agora porque tem mais o que fazer? Sabe essa pessoa? Então tem essa pessoa.

E tem umas 437 coisas que eu já pensei "nossa, podia comprar isso aqui pra ESSA PESSOA, porque seria muito perfeito, porém total sem estrutura aqui pra ficar explicando a motivação por detrás do movimento, então vamo deixar". Complexo, né? Essa sociedade em que eu não posso ser mim mesma sem passar por louca.

Acontece que a oportunidade presented itself. Qué dizê, já diria Geraldo Vandré que quem sabe faz a hora e etc. 

Pensei "em que oportunidade não parecerei desequilibrada se eu comprar isso aqui?". Encontrei a oportunidade, porém a ~coisa~ estava esgotada :) Mas num sopro de conjunção astral favorável, reapareceu numa outra lojínea o presente exato que eu queria adquirir, com data de entrega pra 4 dias antes do que eu precisaria. Orei, acendi velas, comprei e fiquei torcendo só pro barato não atrasar e eu ficar lendo sinais do universo no ocorrido.

Deu-se o contrário: chegou ANTES DEMAIS. Tão antes, mas tão antes, que vamos dizer que chegou num momento bem ruim, em que meu último pensamento tinha sido "mas que cifoda, quero nem falar oi mais". Aí chegou, joguei no armário, já pensando em 14 destinos diferentes praquilo ali, quando o cerumaninho se materializou na minha frente e assoprou as nuvens de odinho imaginário (tudo tinha acontecido dentro da minha cabeça, como sempre) e o presente até ganhou uma embalagem engraçadinha pra quando chegasse a hora. 

Pois a hora chegou e eu confesso que pensei umas 38 vezes - ou 3800, pode ter sido - se prosseguia ou não nessa coisa insana de presentear pessoas. Mas vamo lá, vamo manter a esperança de ver a pessoa compreendendo o presente e a expressão de curiosidade virar surpresa e sorriso no rosto alheio. Vamo lá.

Olha, se minha vida fosse um seriado ou a pior comédia romântica já escrita no mundo - o que às vezes eu desconfio que seja -, e eu fosse a expectadora, eu tacaria um chinelo voador na tv. Porque até quando as coisas dão certo o timing é todo errado e fica naquela ~construção da tensão~ infinita. Eventualmente, você estica os braços com o embrulho nas mãos e passa pras mãos alheias e 


espera. 


Aquele medinho de ter um ah como resposta, né? Sempre tem. 

Olhos fixos no embrulho. No rosto. 

- O que é iss... Ah, não acredito!!!!!!!!111111111111

E lá, na cara, na risada, na mão, no corpo inteiro, a empolgação que eu tava esperando. Se tem coisa mais legal que dar um presente pra alguém e ver a pessoa feliz inteira, eu sinceramente não sei o que é.

Você sabe que acertou, porque em seguida a pessoa te abraça e num vou negar que era exatamente o que eu tava esperando, de modos que fica óbvio o me interesse em presentear a pessoa assim tão acertadamente.

Algumas horas depois você ainda está recebendo mensagens sobre o assunto e rindo igual uma boboca, porque é só isso que você espera de uma pessoa: empolgação equivalente.

E um abraço, né? Ou dois. Se não for pedir demais.



accurate image is accurate


(Fazia tempo que eu não queria un poquito más.)




How do I get you
Alone