terça-feira, 20 de setembro de 2016

balanço

ryzos

Toda vez que eu percebo que uma pessoa do meu convívio anda lendo meu blog (não precisa nem ser de forma declarada, quase sempre dá pra notar) bate aquele pequeno siricutico do desespero, especialmente se eu sei que é alguém de quem eu já falei (hihihi).

Existem vários instintos nesse momento, metade deles envolve sair apagando tudo, ir na casa da pessoa pedir desculpa pessoalmente, chorar, chamar minha mãe e tal. Passado o desespero inicial, o próximo passo é dar uma olhada nos posts recentes, pra ver o que a pessoa pode acabar lendo, pra já ir pensando num controle de danos. É difícil eu falar coisas ruins sobre a pessoa, mas nunca se sabe o que vai incomodar os outros, né?

*COF*

Mas assim, pra quem me conheceu recentemente ou pra quem faz tempo que não me vê, talvez eu precise avisar que tem uma vaneça nos arquivos daqui que já não mora mais em mim - e eu nem notei quando ela se mudou.

Muita coisa aconteceu nos últimos 2 anos, é verdade. Mais ainda se a gente voltar uns 5. Eu tive um monte de problema de saúde esquisito (o que pra mim é absolutamente normal), eu perdi amigos, eu tive relacionamentos ruins. Isso tudo se somou a (ou foi consequência de) uma condição de muita dificuldade com relacionamentos interpessoais e foi uma bomba. Alguns posts aí  pra trás dão um pouco de medo, porque a falta de autoconhecimento me levou pra uma espiral do horror.

A impressão que eu tinha, até bem pouco tempo atrás, é que eu era incapaz de sentir. E quando você acha que não conecta na mesma rede que os cerumaninhos todos, você entra num grande tanto faz. Tanto faz quem é seu amigo, quem é seu namorado, quem trabalha com você, quem te atende na padaria. É todo mundo de uma espécie diferente, que não fala sua língua, que não te entende. Nem preciso falar como que isso não acaba bem.

Um dia, eu estava lendo sobre autismo e achei que tinha descoberto finalmente o que acontecia dentro da minha cabeça. Eu cheguei a achar que estava na parte mais leve do espectro (gente, não é piada essa parte, é bem sério) e que por isso me dava tanta aflição qualquer coisa relacionada a: pessoas. Aí eu fui procurar ajuda e não era autismo não, era a combinação de 3 coisinhas bem simples:

- introversão
- ansiedade
- hipersensibilidade

As duas primeiras quase todo mundo conhece, embora praticamente ninguém compreenda. Mas a última, meua migo, é que dá todo o toque de dificuldade da coisa (como se ser ansiosa & introvertida fosse fácil).

A parte boa de descobrir essas coisas foi que agora é possível compreender e aceitar. Mais que isso: eu posso falar pra todo mundo "olhaki, kirida, eu tenho dificuldade de lhedar, mas é por essas razãs psiquiátricas aqui ó". Tá certo que eu tenho que passar metade da vida EXPLICANDO como meu cérebro funciona, mas facilita muito quando a pessoa entende que não sou eu, é meu eu desequilibrado.

Aí cê pensa "ihhh, agora lascou-se, tudo vai ser culpa dos problema mental!!111".

POIS VOCÊ ESTÁ ENGANADÍSSIMO, MONA MU!

Pode perguntar pra qualquer cidadão que tenha dividido um ambiente comigo nos últimos 20 meses: eu tô 120% melhor enquanto cerumano! Até pra mim a vida tá mais suave! Donde chegamos no fato de que eu não consigo mais pensar como a vaneça pré-problema-mental diagnosticado.

Não que eu tenha sido possuída por alguma força inexplicável e agora adore gente, gente me encostando, gente que eu nunca fui com a cara. Nada disso. A essência é a mesma. A forma de navegar a existência foi que mudou. 

Primeiramente, por mais que eu não goste que me encoste, eu descobri que fico insuportável quando EU gosto. Uns par de dias atrás eu tava com grandes problemas computadorísticos de programação e com um erro que não conseguia encontrar de jeito nenhum. Pois um dos meus cerumaninhos preferidos me deu 10 minutos de sua atenção para a resolução desse problema específico envolvendo aspas e apóstolos, de modos que o problema foi resolvido e eu super se agarrei no braço alheio pois grata e um pouquinho saliente também, talvez. Se eu nunca me dipindurei em você enquanto pessoa, é porque eu não gosto de você tanto assim, é verdade, mas eu não nego abracíneo nos amiguíneos.

Outra coisa é que minhas amizades ficaram muito melhores. Eu já compreendi que é impossível pra mim o conceito de amizade ocidental. Eu não consigo falar sobre as coisas que me atormentam ou que apenas passam pela minha cabeça e tá tudo bem. Isso faz com que as pessoas me tratem com um pouco menos de amor que elas tratam as não-problemáticas, mas tá tudo bem também, a gente vai ajeitando e vai vivendo com o que dels dá e ninguém vai morrer por causa disso. Hoje em dia eu posso falar "não vou porque estou num relacionamento sério com a parede do meu quarto" e as pessoas entendem que não estou deprimida ou #chatiada, apenas não tenho energias pra socializar naquele dia. Enquanto que em outros eu posso fazer companhia pras pessoas por 8 horas seguidas sem pensar em rasgar minha roupa estilo Bernardinho técnico de vôlei nenhuma vez. Vai do dia, vai de todo mundo acreditar em mim quando eu digo que dá ou que não dá.



Nos posts do passado rola todo um reforço constante de que eu precisava de solidão e espaço, de que eu JAMAIS me relacionaria amorosamente nesta vida, que eu odiava qualquer forma de comunicação realizada por aparelho telefônico e interação constante.

Fui abduzida? Não fui.

Continuo achando que casamento não foi feito pra mim, não fazendo ou atendendo ligações*, não curtindo muito o atizap em geral.

*Outro dia meu bff Cassio (beijo, Cassio! - por favor leia isso, moça do google) me ligou e eu já atendi com muito carinho "CÊ TÁ MORRENDO? PRA QUE HOSPITAL DEVO IR?", porque se Cassio me ligou é porque tava morrendo e foi só por isso que eu atendi. Não era, mas tá tudo bem porque nóis se entende e se ama, mas é bem assim que eu rolo. Quando eu atender o telefone, eu já vou perguntando ONDE TÁ A EMERGÊNCIA, porque eu acho até violento quando as pessoas me ligam por qualquer outra razão.

E o contrário permanece válido também. Engraçado foi que outro dia o cerumaninho perdeu o telefone (ou sei lá o que sucedeu) e mandou aquele tradicional "me liga aí pra eu ver se tá tudo certo aqui" e já emendou um eloquentíssimo "pode ficar tranquila que não vou atender". É isso que faltava na minha vida, gente que COMPREENDE. Eu não poderia estar mais feliz com as escolhas de pessoas à minha volta.

Quanto ao aplicativo dos infernos que atende por whatsapp, eu continuo odiando. Tipo grupos. PUTAQUILAMERDA grupos. Que ideia infeliz da PORRA™, grupos. Tudo silenciado. Qué dizê, aqueles usados com parcimônia tão ok. Mas se tem mais de 10 posts por dia, tá silenciado. Uma coisa que eu não entendo: PRA QUE CARAIOS falar com uma pessoa específica no grupo e não apenas com ela? A pessoa materializou-se na minha frente reclamando que eu não respondia a mensagem, ligo o celular e não vejo mensagem nenhuma. Ni qui ela explica "tá sim, tá lá no grupo".

ENTÃO SIFODA, NÉ? Tá silenciado memo, eu só vejo quando eu quero (às veiz nem vejo, deleto sem ler hehehehehehehehehehehehehehe que rebelde).

MAS

Mas eu me vi tendo um princípio de ataque de pânico num dos últimos capotes do atizap por motivos que tem tipo duas pessoas com quem eu converso AND gosto. Isso é uma evolução que cêis nem imaginam. Do tipo que a minha miga SIRI até larga lá nos favoritos eternos por escolha dela mesma o contato da pessoa, porque eu falo com ela frequentemente. Falo até quando nem tem sinal de celular.

M e G são minha mãe e meu irmão, respectivamente

(Não faço a mínima ideia do que o snapchat está fazendo ali, porque não uso essa bosta há semanas.)

Um dos inconvenientes, contudo, é a GRACYNHA que as pessoas se tornam. Assim, eu já tinha abolido cumprimentar as pessoas do trabalho com beijinhos ou qualquer tipo de toque. Mas eu trabalho na administração pública, o que significa que quase todo mundo à sua volta é trocado de tempos em tempos. Hoje em dia trabalho com uma galera muito amorosa e recomeçou o ritual do ~beijinho~. 

VEJÃO BEM: EU DÔ BEIJINHO EM QUEM EU GOSTO, TEM GENTE QUE INCLUSIVE QUERO SE BEIJAREM MUITO, EU TÔ FALANDO É DO CIDADÃO COMUM.

Aí eu cheguei por último na rodinha outro dia e falei apenas oi, como uma pessoa civilizada, e não houve grandes comoções. Depois chegou outra fia, que fez a puxa-saca e foi beijando do mais importante pro menos importante (eu, no caso). Quando ela chegou em mim, eu falei NÃO TEM NECESSIDADE NÃO, PODE PULAR, ni qui ela e todo mundo arregalaram os olhos, como se eu tivesse ofendido a mãe de alguém. Aproveitei a oportunidade pra explicar que não gosto blábláblá e o que aconteceu em seguida? 

a) as pessoas falaram "ah, que curioso"
b) as pessoas chamaram de doida
c) as pessoas mandaram me tratar
d) as.pessoas.todas.me.apertaram.descontroladamente

PUTAQUELOSPARMITO, gente. Mas não foi só isso!!111

Uma das pessoas presentes disse que isso é muito ruim pro cerumano (a falta de toque) e SE ESFREGOU INTEIRA EM MIM. Mano, eu juro. Só dels sabe como não desmaiei, mas a roupa foi pro lixo. E agora tá essa palhaçada de todo dia as pessoas chegarem, me beijarem, me abraçarem e falarem AI MELDELS COMO É BOM DE APERTAR VOCÊ. 

Vão apertar seus çus.

Quinta teve ~evento de trabalho~ e os ursinho carinhoso tudo presente, né? Cheguei na mesa muito bem humorada (só que nunca, porque eu ainda sou eu) e disse oi à distância. To.do.mun.do. levantou e foi me afofar. E foi mais de meia hora no assunto de que vão me afofar daqui até a eternidade, pra ver se eu aprendo. Considerando que eu ainda não me demiti nem pedi remoção pra outra unidade, cêis vejam que equilibrada.

Inclusive no fim da noite fui afofar ozotro por vontade própria, só não afofei mais porque não foi possível. Entende? Eu gosto de encostar nas pessoas, só que é mais ou menos em tipo umas 4 pessoas em 7 bilhões, ué. Me deixa. MILARGA.

*****

Claro que as coisas não mudaram da noite pro dia. Muitas coisas aconteceram.

Minha saúde melhorou consideravelmente, o que melhorou outras 300 coisas. Eu fui fazer terapia (e inclusive me dei alta, porque, DÍSAS, que coisa chata). Entrei nesse mestrado faz dois anos e meio (eu sei quanto tempo dura um mestrado, mas minha história - como tudo na minha vida - é diferente e ✿especial✿). E esse bendito mestrado me deu TANTA bordoada que minha vida foi toda posta em perspectiva inúmeras vezes. Doenças feat. estudos fizeram aquela separaçãozinha esperta dos ~amigos~, de modos que deu pra ver quem são aqueles por quem vale a pena deixar de estudar no fim de semana uma vez a cada dois meses. E, o mais inusitado, eu conheci essa pessoa que arrombou meu coração :)

"Essa pessoa" é muito entrevista pro ego sobre relacionamento homossexual, né? Mas não é o caso, pois infelizmente hétera.

O mais legal é que eu sempre atendi todos os requisitos da auto-ajuda: eu me amo, amo minha companhia, tô de boas aqui vivendo sozinha, fazendo coisas sozinha, inclusive é tudo muito mais fácil sozinha. Alinhais, era nisso que se baseava toda uma insistência na solidão: no fato de que pessoas dão trabalho e eu sou autossuficiente. 

Então eu posso afirmar que o apreço por outro cerumano vem a ser bastante sincero e desapegado, do tipo que não é disso que depende minha felicidade e tal. Mas parece que seria bem legal se a coisa evoluísse do campo das ideias para a realidade. AND THAT'S A FIRST! É meio estronho pensar "tá, mas e se esse negócio realmente acontece, pra onde que eu fujo?", que é o pensamento padrão nessas situações, e perceber que eu nem quero fugir, tô de boa aqui, inclusive QUERO.

Sei lá.



Só sei que outro dia eu tava sendo legal com uma pessoa super bocó, porque eu tava pensando de verdade que podia fazer diferença ali numa situação caótica. Eu vi que rolou todo um desconforto dos presentes no momento da minha ação, mas achei que era porque o indivíduo realmente não merece ser bem tratado. Esqueci. Quando ele saiu de perto, veio todo mundo perguntar o que foi que se apoderou de mim. Mas não só naquele dia. A frase foi algo como "já faz um tempo que você tem falado com as pessoas sorridente e isso é meio esquisito".

É memo. Eu sei. 

Mas vou falar pra você: eu acho que deve ser parecido com isso quando a gente atinge a paz de espírito. E por enquanto eu tô ~suave~.

:)




| ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄ ̄| ミ★bɛijѳs dɛ luz★彡
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