quarta-feira, 16 de novembro de 2016

I tossed a coin

Whenever you're called on to make up your mind,
and you're hampered by not having any,

the best way to solve the dilemma, you'll find,
is simply by spinning a penny.

No - not so that chance shall decide the affair
while you're passively standing there moping;
but the moment the penny is up in the air,
you suddenly know what you're hoping. ”

― Piet Hein






Às vezes eu passo as páginas deste blog tentando me entender-me a mim mesma. É tão horrível quanto ler diário velho e, quanto mais recente a postagem, pior de ler. Pior que eu ainda me analiso, tipo "o que tá conte seno com essa fia, meldels?". Tipo agora, estamos monotemáticas, falando apenas de homem. Que.Inferno. De modos que me perguntei: WHY????? A resposta na verdade é duas:

- finalmente, minha mente chegou a uns 20 anos.

Eu tava pensando aqui na minha vida e não consigo lembrar de ter namorado sério. Pra ser bem sincera, é difícil lembrar de pessoas que eu tenha, de fato, namorado. De chamar por esse nome e apresentar assim pras pessoas, eu diria que foram duas vezes? Não duraram nada, porque eu tinha um total de 0% de sentimentos pelos rapazes em questã. Tive relacionamentos mais longos que esses, porém não tinham nome. E não tenho bem certeza se tinham sentimentos amorosos. 

E por que isso?

Nem ideia. 

Qué dizê, eu sempre tive a impressão de que eu não tenho coração. Eu até me interesso por pessoas, de vez em quando eu até querolhas MUITO, mas raramente dura e quase sempre eu penso "pra quê insistir nisso se mês que vem minha paciência já acabou?". Mas aí eu tava fazendo uma autoanálise e parece que não é bem assim. É que nos raríssimos eventos de eu gostar mesmo de alguém e querer muito uma aproximação romântica, eu fico meio empacada e faço tudo que está em meu poder pra AFASTAR o cerumano. Porque se eu estiver certa e esse negózdi amor não existir, eu vou me lascar tão intensamente que talvez seja melhor não.

Tenho impressão que finalmente cheguei à idade das leitoras da Capricho com meus boy problems. Foi mal e tal, mas é o que temos para o momento. 

O que DEVERÍAMOS ter é uma pessoa estudando pra terminar o mestrado, mas estamos aqui sentadas no cantinho do quarto tentando entender como é essa palhaçada de ter sentimentos, mesmo depois de ter declarado QUE ISSO NÃO IA MAIS ACONTECER DEPOIS DOS DESASTRES DE 2012/13.


- a vida está parecendo um roteiro ruim de comédia romântica.

MUITO RUIM.

Vejem se vocês assistiriam uma coisa descrita pela seguinte sinopse (calma que tô organizando as ideias aqui):

Vaneça deixou um amor de infância no passado (o Boy-do-passado), porém jamais esqueceu ou se distanciou completamente (biruta). Já adulta, os dois se reencontram e ela tem certeza que agora vai, mas não poderia estar mais enganada. Infelizmente, Vaneça tem dificuldades de superar (a essa altura, cê jura?) e resolve que vai ficar sozinha o resto da vida. Só que Vaneça é um cerumano muito evoluído (cof) e mantém a amizade com esse rapaz, embora ocasionalmente sua cabeça desgrace completamente. Dois anos depois, completamente desacreditada do amor, conhece um boy de quem decide desgostar à primeira vista (o Boy-magya). Mas como Vaneça é muito incompetente em tudo que resolve fazer nesta vida, o plano dá errado e ela se apaixona. 120% perplecta de descobrir que é possível a) gostar de outra pessoa nesta encarnação e b) se apaixonar mesmo de verdade igual as músicas descrevem, Vaneça praticamente esquece a existência do primeiro amor. Quando novamente ela está certa de que agora vai, se engana mais uma vez. Coincidentemente, cada vez que o Boy-magya dá pane, Boy-do-passado surge perfeito, numa dinâmica muito irritante para o telespectador. Num dia de absurdo amor próprio, tão raro, resolve que quer mais que os dois se explodam. Tá lá enfiando a cara no trabalho e nos estudos, porque solitária sim, pobre nunca mais, surge o boy da discórdia (o Boy-do-café), muito casualmente. Aquele boy que vai aparecendo desde o começo do filme sem ter nenhuma função muito aparente, aquele personagem que cê pensa "mas o que esse pedaço tem a ver com a história, caceta?", cuja personalidade é meio bosta, mas cê não tá prestando muita atenção porque parece que alguém editou errado essas cenas. Pois ele ressurge com a personalidade consideravelmente alterada, todo trabalhado no vamo tomá um café e nossa heroína pensa WHAT THE HELL, POR QUE NÃO? E tá bem óbvio porque não, mas ela vai assim mesmo pois OZADA. E agora? Será se desencalha? Vaneça precisa urgentemente decidir o que quer da vida, parar de palhaçada e ir tentar fazer acontecer. Deitada na grama (tentando suicídio) e olhando as nuvens que escondem a super lua, após uma semana em que avaliou bem o relacionamento bosta que mantém com os três, conseguirá nossa heroína (hahaha) parar de ser bocó e dar um rumo em sua vida? Conseguirá Vaneça experimentar o amor realizado? Ficará Vaneça forever vivendo de amores platônicos? Entrará um quarto boy nessa história nos 5 minutos antes dos créditos finais, deixando todo mundo enfurecido com o tempo perdido assistindo filme ruim?

TALVEZ ESSAS PERGUNTAS NUNCA TENHAM RESPOSTA.

Ainda bem que é só uma sinopse de filme ruim e não os acontecimentos da vida de ninguém, né?

COMO SE NÃO FOSSE SUFICIENTE, pode ou não haver um casamento no horizonte, do qual essa Vaneça fictícia aí será madrinha. Madrinha as in maid of honor. Pode ser que no seat chart da festa a mesa dessa infeliz esteja com um número ímpar de pessoas, porque é a única criatura do mundo sem parzinho. PODE SER QUE HAJA UM CONVITE SOBRANDO à espera de um milagre.

São suposiçãs.

Mas enriquecem a trama, não?

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Em assunto totalmente não relacionado (heh), a chegada do Boy-do-café foi um pouco reconfortante. As pessoas todas ficam dando conselhos não solicitados a respeito do Boy-magya - conselhos que ENTRAM POR UM OUVIDO E SAEM PELO OUTRO, se vocês querem mesmo saber - e fica todo mundo num disco furado que a pessoa (no caso, eu) tem que se declarar, tem que fazer alguma coisa, tem que ser atirada, tem que pular em cima, tem que aparecer na porta da casa da pessoa pelada, tem que... SAI DAQUI COM SUAS TIURÍA. E eu sempre penso "mas eu SEI o que tem que fazer, gente, só não tá acontecendo porque, quando é amor, é mei arriscado os risco, né? midexa aqui fazer cálculos probabilísticos antes de fazer merda, é pedir muito?". Mas foi o Boy-do-café aparecer e eu lembrar que num tenho critério nenhum memo. Eu vou limpar as conversas do uóts e fico com vergonha própria dos absurdos que eu falo, porque não tenho nenhum comprometimento emocional com os outcomes da interação. Eu penso nas conversas presenciais e minha mão é atraída para a minha cara em infinitos facepalms. Ele vai se atirar nos meus braços e dizer que me ama? Não ligo. Ele vai sair correndo pras colinas traumatizado? Não me importo. Ele vai continuar tomando cafés comigo até virarmos amigos e ninguém nunca mais saber se isso era namoro ou amizade? Whatever.

Então fica aqui a dica pras amiga que tá tudo certo comigo, precisa dar conselho não, não tem necessidade de se preocupar, etc.



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Eu tinha ME PROMETIDO que eu não veria filmes com o tema: casamento até 2017. Alguns estavam especialmente proibidos, tipo The Wedding Date, porque putaquepariu, era bem o que deveria acontecer na vida, é por isso que a gente vê esse tipo de filme. Mas como não vai, assistir só vai me estressar.

Mas eu baixei a guarda na frente do telecine e fui exposta a What's Your Number e fui fraca demais pra parar o sofrimento enquanto houvesse tempo.

Nesses filmes a mocines está sempre muito lascada de sua vida porque haverá um casamento em C E R T A S condições muito em breve e ela tá o que? 240% solteira, atrapalhando a distribuição de pessoas pelas mesas da festa, se sentindo um grande cocô mole e sem um date. De modos que elas tomam atitudes desesperadas. Porque casamentos são grandes lembradores de que se você não tem marido, você falhou miseravelmente enquanto pessoa.



O que acontece é que sempre alguém é escolhido para a missão:casamento pelos motivos errados. Não vou estar negando que existe um rapaz previamente avisado que será apresentado como namorado, caso alguém resolva perturbar minha paz no evento. Também ecsiste um post aí no passado em que eu rifava uma cadeirinha do meu lado, incluindo bons drink e bons jantar, caso alguém topasse representar esse papel.

Não confirmo nem nego que me dei conta que estava apaixonada pelo Boy-magia no exato momento em que eu pensei "encontrei". Encontrei a pessoa que eu queria levar comigo. Faz quase um ano que esse pensamento me ocorreu, mas cê convidou o boy pra ir? Nem eu. E agora não tenho mais coragem.

Não confirmo nem nego que num dia em que eu estava muito chateada com as condições atuais do meu não-relacionamento com o supracitado boy, eu fiz a birrenta e saí decidida a convidar o Boy-do-café pra esse fim. Fiz isso em tom de piada e ele mudou de assunto, me deixando bastante aliviada, pra ser sincera. Mas como esse assunto já voltou 87 vezes pra nossa conversa, não descarto a possibilidade de perguntar "cê tem um terno decente aí?" num vindouro sábado de manhã. 

Só que aí eu tava lá assistindo WYN e, quase no fim do filme, tem o discurso da madrinha.

When daisy and eddie first got together, I have to admit I was a little bit nervous. I could tell that it was serious, and I thought that the closer she got to him, the further away she'd get from me, but that didn't happy. Not only do I see more of Daisy, I see a happy, even better Daisy. It's like with Eddie she's completely herself. 

When you're a big sister, it's your job to teach your little sister everything. How to ride a bike, how to lie to your parents, how to kiss - not with tongue. Settle down, uncle Charlie. But I never thought about what my little sister could teach me until right now. So I wanna thank you, Daisy, thank you for teaching me that being in love means being yourself.



Essa última frase ficou martelando no meu cabeção, sabe?

Especialmente pelo quanto ela é ÓBVIA.

O Boy-do-passado, que devia ficar no passado enquanto boy, por mais que eu queira eternamente como amigo, é alguém com quem não apenas eu posso ser eu mesma. De vez em quando parece que a gente divide o cérebro. Ok, eu não tenho que fingir ser quem eu não sou em nenhum momento, mas a gente não tem nada a ver um com o outro em aspectos operacionais da vida. Então sei nem o que ele tá fazendo nesta história.

O Boy-do-café, por mais divertido que possa ser, tem aquele problema de parecer perfeito demais, sabe? Aquele cara com quem a mocinha não fica no final, mas todo mundo acha que ela deveria ficar sim, porque ele é perfeito, porque tá tudo certo demais, porque parece que ele saiu da descrição que se faz do homem perfeito, do homem perfeito PRA VOCÊ. Mas com quem não existe conexão NENHUMA. Com quem eu me vejo escrevendo corretamente português. E se tem uma coisa que me faz saber que tá TUDO ERRADO, é quando eu escrevo com todas as regras, pontos, vírgulas e zero memes, zero piadas internas. NÃO TEM CONDIÇÃO. Eu não tenho naturalidade nenhuma com nada. Eu penteio meu cabelo quando sei que vou encontrar com ele. Eu detesto pentear meu cabelo.


O Boy-Magya é a pessoa mais legal do mundo. Eu acho que raramente me dei tão bem com outro cerumano em toda minha existência. Eu não tenho NENHUMA trava quando estamos juntos. Eu lembro da primeira mensagem que eu mandei pra ele, escrita em full vaneçês. Ele obviamente achou estranho e eu expliquei que tenho dificuldade de escrever a sério quando tô falando bobagem. Menos de um mês depois, ele tava fluente na minha língua, escrita e falada. E digo mais: tava fluente até na língua não-falada, tem horas que eu acho que a gente conversa por pensamento. Eu nunca me senti tão confortável na presença de outra pessoa antes. E é isso que dá medo, né? Como é que você arrisca tudo quando o que tá em jogo é tão alto?




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Então, nesse momento que eu tô enlouquecendo, apressando coisas, tomando decisões for all the wrong reasons, eu tive que sentar comigo mesma e ter uma conversa bem honesta. O que é que eu quero? Que rumo eu devo tomar? O que vai me fazer feliz? 

E a veio da moedinha que eu joguei pra cima, em forma de quote de final de filme ruim.

I'm happiest when I'm being myself and I'm myself when I'm with you.



(me lasquei)