quinta-feira, 5 de outubro de 2017

George

(enquanto eu tento corrigir minhas vibe, fiquem com esse textinho que postei no facebook)



Aqui perto tinha um restaurante chamado George's, de um homem coincidentemente chamado George, que também vinha a ser o cozinheiro do estabelecimento.
A primeira vez que eu fui comer lá, eu fiz o ritual de sempre: perguntei pro George - ainda sem saber que ele vinha a ser o próprio - se ali era possível comer sem carne e leite. George me disse que sim e imediatamente assumiu que eu era vegana. Uma conclusão que faz até bastante sentido, se a gente pensar bem.
Demorei mais de um mês pra voltar naquele restaurante, mas mal eu passei pela porta, antes que eu dissesse oi, George me recebeu de modo efusivo, já listando que parte do cardápio do dia eu podia comer sem medo. Ele não esqueceu.
Quanto mais eu ia lá, mais ele criava pratos diferentes e anunciava com orgulho que naquele dia tinha hambúrguer, estrogonofe ou vatapá cem por cento vegano, pra eu comer sem me preocupar. Depois de um tempo, tinha até sobremesa "segura" e eu nunca tive coragem de contar pra ele que eu não gostava de doce. Porque George parecia sempre muito feliz em agradar.
Eu tinha uma amiga, dessas que são consideradas muito bonitas pro padrão atual vigente de beleza. E era evidente que essa ~amiga~ gostava muito de passear comigo nos dias em que precisava melhorar sua auto-estima.
O único lugar aonde ela não gostava de ir comigo era no George's. Ela reclamava que se sentia invisível quando eu entrava lá (e parece que ela não estava acostumada com essa sensação que eu conheço muito bem). Ela dizia que ele devia ser apaixonado por mim, que essa era a única explicação. Mas não era. Como muitas pessoas que nasceram bonitas, essa menina não conhecia a dinâmica de ser gentil com uma pessoa e receber gentileza em retorno. George conhecia pouco, mas acho que era apaixonado pelo restaurante e pelas comidas e pelas pessoas todas que saíam de lá sorridentes, dizendo que estavam entupidas, porque a comida era boa demais.
E era mesmo.
E era um lugar tão feliz que você podia comer num quintalzinho cheio de florzinhas e árvores com frutas. E podia sentar num banquinho embaixo do limoeiro e roubar amoras na lateral do terreno. E as paredes eram cheias de quadrinhos com trocadilhos de nomes de filmes com vegetais. O quiabo veste prada. Edward mãos de cenoura. Kiwi Bill. E o coentro levou. Era campanha publicitária de um hortifruti, parece. Mas todo dia tinha alguém novo no bufê encarando as paredes e dando risada.
Mesmo quando o dia não estava muito grande coisa, a gente entrava no George's e a vibe já mudava. Até mensagem de pessoas imitando golfinhos eu recebi enquanto pensava na minha vida debaixo do limoeiro. E ri tão alto que achei que todo mundo viraria com olhares julgadores, mas não, todo mundo era feliz nas mesinhas do George's e não precisava olhar feio pra ninguém.
Faz mais ou menos um ano que ele morreu. O dono. E o restaurante também. George morreu de repente, eu ouvi dizer. Fecharam o restaurante e nunca mais abriram. O letreiro ainda está lá, com a promessa de comidinha caseira e ambiente feliz, num tom de laranja tão horroroso que fez com que eu levasse anos pra entrar. O que é uma pena. É uma pena que eu tenha demorado tanto pra ir, é uma pena que ele tenha morrido tão cedo, é uma pena que a porta esteja fechada pra sempre. O George era mesmo a alma do lugar e, quando ele se foi, o restaurante acabou também.
Tem dias que eu tenho saudade da pessoa que eu nem conhecia direito. Tem dias que eu tenho saudade da comida. Tem dias que a saudade é de sentar lá numa mesinha ou debaixo do limoeiro, de ser recebida pelo som suave de uma voz berrando com sotaque do centro-oeste que hoje a comida tá sem coentro e que tem batata frita, porque quem é que consegue sobreviver a uma segunda-feira com coentro e sem batata frita?
Tem dias que eu tenho saudade de acreditar que atravessei um portal pra uma cidade do interior, um quintal de casa de vó, no domingo, em que só o fato de você sentar ali por meia horinha podia fazer o mundo consertar sozinho quando você voltasse pra realidade.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

ik vind je aardig


(este não é um post triste)


Eu sempre fui uma criança tranquila. Mas eu nunca fui uma criança comum. E, talvez por não saberem exatamente como lidar comigo, os adultos estavam sempre me deixando de castigo.

Eu vivia de castigo.

Pelas mais variadas razões. Teve um ano, especificamente, muito ruim. Eu tinha 8 anos e meus pais estavam me criando numa religião que não era a católica. Eu nem sabia que era diferente de ir à igreja, porque todo mundo falava de Deus e tal, mas eu tava toda semana no equivalente à catequese. Só que eu fui passar um tempo na casa da minha vó, no interior. E como toda boa vovó de interior, a minha também era católica, apostólica, romana e tinha a necessidade de me mandar pros eventos da igreja enquanto eu estivesse por lá. Um dia, o padre falou alguma coisa sobre a bíblia que não era o que eu tinha aprendido nas minhas aulas de religião. Eu era uma criança. Eu tinha 8 anos. Eu não sabia lidar com desencontro de informações. Contestei que eu não tinha aprendido daquele jeito e o que o padre fez? Falou que existem interpretações para a bíblia e a que eu conhecia não era a mais adequada? Que ele acreditava que a dele era mais precisa, com base em sua experiência empírica? Que eu poderia dizer como eu aprendi e nós discutiríamos onde estavam as diferenças? 

HAAHHAHAHAHAHAH NÃO.

Ele me chacoalhou, gritando que eu deveria parar de falar besteira e me derrubou no chão.

Todo mundo sabia que eu era a criança paulistana com educação duvidosa, ninguém interveio. Eu me recusei a permanecer naquele ambiente e fui embora pra casa, muito machucada. Chegando lá, contei o que tinha acontecido e quem ficou de castigo fui mesmo eu. "Porque você é impossível, Vanessa, nem o padre aguenta". 
Mas não foi só isso!

Eu tinha ido pra igreja com a minha vizinha, a criança modelo da casa da frente. Quando a mãe dela me viu entrando em casa, se perguntou por que raios a filha dela não tinha chegado junto. E em vez de ir cuidar da própria cria, foi até a casa da minha vó perguntar onde a menina estava. Expliquei que saí antes da igreja porque o padre me bateu. Então além do castigo por provocar o padre, eu fiquei de castigo por propagar o assunto e deixar a menina voltar desacompanhada pra casa.

*****

Outros castigos vieram.

Eu não entendia muito bem a relação de causa e efeito entre ir à piscina gelada no meio do verão e ficar doente. Então eu ficava de castigo só por pedir, por exemplo. Isso é pra todo mundo entender que eu não era uma criança bagunceira, arteira ou impossível - no sentido comum de criança impossível. Eu era psicologicamente impossível, então minha repreensão era sempre em forma de tortura psicológica também.

Mas nada como viver na inquisição.

*****

Naquele mesmo ano - lembrando que eu era uma criança que ainda não enchia duas mãos pra identificar a idade - eu recebi uma cartinha de um menino. É claro que a gente não pode controlar o fato de ser a parte RECEPTORA de uma carta, mas na mente problemática dos meus cuidadores, se uma menina é objeto de afeição de alguém é porque ela PERMITIU. 

No momento em que a carta foi entregue, fui interceptada pela pessoa que foi me buscar na escola, dizendo que queria saber o conteúdo do que estava escrito. Como eu disse, eu era uma criança muito tranquila e garanti que todo adulto responsável poderia ler, DEPOIS que eu lesse. Não fui atendida. O veredito era que eu só poderia ler se um adulto autorizasse. Eu não sabia o que estava escrito na carta, mas sabia que a) era "romântico" e b) era PRA MIM. Então, se eu não podia ler primeiro, ninguém leria. Comi a carta. Fiquei semanas de castigo depois desse momento.

*****

O transtorno com o padre foi só o primeiro de uma série, que passou pela carta comida e teve um grande rastro ao longo da minha vida. Cinco ou seis anos depois, eu vivia mais tempo no castigo que fora dele, eu já nem saberia dizer qual era o ~normal~. Na maior parte das vezes, por problema religioso mesmo. Mas qualquer coisa era motivo.

Normalmente eu não tava nem aí pras coisas que eu "perdia". Até o dia em que foi anunciada uma viagem de férias pra Europa, para a qual eu não fui convidada. A viagem era de motivação religiosa, englobando Portugal, Espanha e Marrocos. E se eu não era católica, então não tinha nada o que fazer lá.

Realmente, fazer uma viagem caçadores de missa não me interessava nem um pouco. Mas era a Europa e eram igrejas e eu AMO igrejas, até o dia de hoje - em que eu continuo sendo NEM UM POUCO CATÓLICA - eu adoro visitar igrejas em todas as cidades e países aonde vou. Alguns meses antes, tínhamos visitado Ouro Preto e as igrejas do aleijadinho, e eu tinha conseguido fazer o passeio ser bom mesmo ignorando as vibe de missa, de modos que eu fiquei profundamente chateada de ter sido deixada pra trás na viagem pra Europa. Pra ser bem sincera, eu sou TÃO TROUXA, que eu acreditei até o último minuto que alguém ia gritar PEGADINHAAAAaaaaAA e me mandar arrumar as malas.

Não aconteceu.

Fiquei um mês de babá de gato, com férias absolutamente sem graça na frente da televisão, bastante chateada.

Meus primos, que fizeram o requisito, voltaram da Espanha se recusando a falar português. Foram semanas falando um portunhol desgraçado, contando como o país era incrível e blá bla´blá bla´bla´bla´bla´b a´lb abláblábl´, adoraria enfiar essa viagem no cu? Além disso, como a maior parte da viagem aconteceu lá (na Espanha), todos os nossos presentes estavam escritos em espanhol.

Agora você veja: eu garrei ÓDIO dessa língua.

ÓDIO.

Eu já estava estudando inglês e italiano por conta própria fazia algum tempo e minha escola estava começando a oferecer aulas de espanhol. Eu sempre adorei aprender línguas diferentes, já estudei também francês, holandês, alemão, galês. Sempre tive facilidade pra compreender a língua que eu quisesse. Mas, naquele momento, deu-se um bloqueio TÃO GRANDE que eu fui incapaz de aprender uma palavra que fosse em espanhol. Claro que a gente entende uma coisa ou outra, porque é tudo muito familiar. Mas eu sempre fiz cara feia pra músicas, filmes, livros e qualquer tipo de texto em espanhol. Foi uma vida me recusando a me relacionar com essa língua. 

Acontece que foi só uns dois meses atrás que eu encontrei de onde vinha essa aversão. Minha família tinha viajado e eu resolvi mudar de quarto na minha casa. Eu estava sozinha e pude desmontar dois quartos inteiros com calma, passar as coisas de um lado pro outro com paciência, abrir todas as caixas que eu quisesse pra decidir o que ficava e o que ia pro lixo.

Aí encontrei esse quadrinho aí da baixa autoestima. E foi só nesse momento que se deu todo esse raciocínio, aquele famoso "ahhnnnnn". Foi também quando eu decidi que tá na hora de fazer a Elsa and let it go.

Mas uma birra de décadas não se vai assim com essa facilidade e sem esforço nenhum, não é mesmo?

Eu passei anos fazendo careta cada vez que alguma coisa em espanhol surgia na minha frente, então é um reflexo já enraizado no organismo. É muito difícil refrear a reação quando ela vem. A decisão de deixar o espanhol entrar (ryzas) é muito recente e ainda depende de muita concentração pra não sair reclamando sem motivo. Eu ainda gasto muita energia no processo.

*****

Semana passada eu estava conversando uma conversa tão gostosinha, sabe? A minha guarda tava toda baixa. Num certo momento, falando sobre a vida e os planos, da boca daquela criatura tão bonita, sem que eu esperasse, sai uma frase inteira em espanhol. Os olhos, antes olhando o horizonte, grudaram nos meus. O corpo todo na minha direção. Faíscas. Se você me perguntar quais palavras foram ditas, eu não faço a menor ideia. Talvez fosse uma pergunta, querendo saber se eu falava espanhol também. Jamais saberei. Porque meu cérebro apenas

parou.

Antes que eu pudesse responder, eu reparei que eu não senti repulsa, eu não senti incômodo.

I fell in love.



terça-feira, 12 de setembro de 2017

3+1

Título alternativo: quatro séries maravilhosas que você deve ver imediatamente, sendo que uma é horrível e as outras não :P

Bom.

Vamos começar pela série horrível-bad-vibes-porém-importante.


THE HANDMAID'S TALE





Se você é terráqueo, você provavelmente ouviu alguém dizendo que você deveria ver The Handmaid's Tale. Mesmo eu, que ninguém manda em mim, fui lá ver qual era e não me arrependi. É ASSUSTADOR.

Na época em que ela estava passando, minha mãe me proibiu de falar a respeito, porque eu não tinha outro assunto. O problema é que a história é um futuro distópico, que não parece nem tão futuro nem tão distópico assim. A gente vê as coisas acontecendo e se pergunta se não poderia ser a gente, em cinco anos, cinco meses. 

Eu convido inclusive os boy a assistir com os olhos de uma mulher. Toda vez que estiver assistindo, pense que você estaria ali naquela sociedade num papel feminino. Não pensa que é sua mãe, sua irmã, sua vó, a mulher da sua vida. PENSA QUE É VOCÊ. Agora sente o pavor. 

Caso algum de vocês tenha estado debaixo de uma pedra (ou tido mais o que fazer) nos últimos meses, a série trata de um ~momento social~ em que as mulheres perderam absolutamente todos os seus direitos. E quando eu digo TODOS, eu digo que elas perderam até seus nomes. As mulheres "mais importantes" da sociedades são nomeadas de acordo com seus DONOS. Véio, tem noção do absurdo que é isso? Inclusive, tem gente que demora 8 episódios pra entender a ~sutileza~ da denominação das mulheres, o que é incompreensível.

Elas são divididas em categorias, é o sonho realizado do "pra comer ou pra casar", fora o "pra limpar a casa" e "pra manter as outras trôxa na linha". Tem mais categorias, mas aí resume bem a situêixon. As mulheres não são mulheres, elas são A PRÓPRIA CATEGORIA. É uma desgraça, gente. Uma desgraça.

O curioso, pra mim, é que é uma série em que quase o tempo todo tem só mulheres em cena, ou uma maioria de mulheres. Obviamente passa no Teste de Bechdel. É uma contradição que provavelmente foi proposital, não sei. Nunca li nada oficial sobre a série. Só sei que ela é baseada em um livro escrito há uns 30 (40?) anos e é surpreendentemente atual.

Eu acho bom quando mulheres assistem, porque vem aquele ÓDIO INTERIOR de deixar o patriarcado e a "religião" lascando a nossa vida e lembra que temos que manter a mente alerta O. TEMPO. TODO.

Homens o que tenho a ver eu mal vejo comentando. Eu não sei se é porque eles não assistem, não aguentam, pensam que "nem todo homem", acham que é frescura/delírio/exagero, ou se eles assistem com esse gostoso sentimento de que poderia ser com seus fiofó.

Só sei que se vocês não viram, deveriam ver.


AGOOOOOOOOOORA

Depois de ver essa desgraça e perder completamente a fé na humanidade, no amor e em tudo mais, recuperemlhos assistindo às 3 séries seguintes:

* SUPERSTORE

* JANE THE VIRGIN

* CRAZY EX GIRLFRIEND

Eu tinha começado a falar delas uma de cada vez, mas quando eu me perguntei aqui qual era a razão de eu ter me apaixonado TANTO por essas séries, eu percebi que (pra mim) todas têm uma coisa em comum: as protagonistas parecem gente como a gente. Em Superstore e Jane the Virgin, as mulheres - Amy e Jane - são latinas e não seguem aquele padrão loira-magra-alta. A Rebecca de Crazy ex-Girfriend ainda é ~branca de olho azul~, mas é uma mulher... normal. Na série ela se chama de gorda com uma certa frequência, mas é só uma mulher não-magra no meio de atrizes de hollywood. As três são pessoas com quem a gente consegue se relacionar muito facilmente. E o curioso, na minha opinião, é que o cara bonito-padrão (e praticamente todos os homens da série) se interessa por essa mulher, que é obviamente a mulher menos arrumada, com o psicológico mais perturbado, com a vida mais ordinária. 

Essas séries me fazem pensar que eu sou normal e que tá tudo bem com isso. E que não é por isso que eu sou MENOS, ou desinteressante ou sei lá se vocês estão acompanhando o raciocínio.

Vamos aos spoilers:



SUPERSTORE



É uma série que acontece dentro de um supermercado, umas vibe wal-mart. Eu comecei a assistir por motivos de America Ferrera (sdds Ugly Betty) e já tava fisgada no fim do primeiro episódio. É uma história sobre a vida, sei lá. A graça é que os personagens principais não são o que a gente costuma esperar de personagens principais: uma mulher latina, uma mulher ~grande~ e masculinizada (porém hétero), um cadeirante, um homem banana, um gay filipino, uma velhinha e por aí vai. É sobre essa coisa de criar uma família entre as pessoas que estão à nossa volta, sabe? Uma daquelas comedinhas de meia hora, mas que têm aquele tantinho de drama que deixa a coisa um pouco mais real. 

Por enquanto são só duas temporadas, mas este mês ela já volta pra terceira. 

Se você ainda não está convencido, imagine que acontecem vários episódios com o sonho de princesa pobre de todos nós: ficar preso em um supermercado por qualquer razão que seja.

É aquele tipo de série simprona, bobinha, que a gente vê pra passar o tempo e ser feliz. Então pode ir sem medo. E sem critério também, pois 120% biruta.


JANE THE VIRGIN



Eu lia sempre a sinopse e pensava que não tinha como ser boa. Uma jovem de vinte e tantos anos, literalmente virgem, que de repente surgia grávida. Toda puxada pra uma vibe novelón mexicano, com falas mescladas de inglês e espanhol, língua que eu detestava até uns 4 dias atrás kkkk. De novo, uma série que pega a gente já no primeiro episódio, composta de personagens ~visualmente~ normais, de dramas do dia a dia. Nós, enquanto latinos, conseguimos uma certa identificação com a ideia de morar com a mãe e a vó, de ver a religião das véia tendo um baita impacto na nossa vida, de ter que trabalhar pra pagar a faculdade, essas coisas todas que todo latino já passou na vida e não vê exatamente contempladas em seriados americanos. 

Os personagens são maravilhosos (quase todos, já que eu O D E I O o Michael) e eu adoro o fato de que a gente odeia a pessoa por 5 episódios, depois ama, depois odeia, depois ama odiar e assim vamos. 

Fora que tem o melhor personagem do mundo, ROGELIO DE LA VEGA, um ator real oficial de novelas mexicanas (em A Feia Mais Bela ele era o personagem principal) e é maravilhouser assistir entrevistas com ele em português, porque o homi é poliglota e fala nossa amada linguinha fluentemente. Coisa mais fofa do mundo. Não tem como não amar.

Obviamente outra série biruta, as pessoas DELIRAM, é maravilhosa. Até o narrador causa amor no cerumano. Pode ver sem medo de ser feliz.



CRAZY EX-GIRLFRIEND



Essa série, gente. Essa série desgraçou demais minha cabeça. Mas de um jeito bom, viu? Nos primeiros dias depois que eu dei o pé nos ~estudos~, eu tava cansada. Não, eu tava EXAUSTA, mais que Luciana Gimenez. Foi no fim de julho, eu tava de "férias", então acordava cedo (y), resolvia problemas e, quando chegava umas 15h, eu tava imprestável. Aí eu desmontava na frente da tv e deixava essa série passando. Escolhi porque um amigo meu disse que era ótima APESAR DE SER MUSICAL. Eu odeio musical, eu só não queria deixarlho triste por nem tentar assistir. Mas botei lá, achei o primeiro episódio MUITO CHATO, porém o controle remoto tava longe e a netflix vai passando sem parar, né? Eu tava acoplada ao sofá e apenas deixei continuar. Quando eu vi, tava absolutamente pega pela história da mulher que não lida muito bem com relacionamentos, só faz merda, tem sérios problemas de timing e pra perceber o que tá DEBAIXO DO NARIZINHO. A criatura que fica apegada ao namoradinho de quando tinha 15 anos e não consegue superar, faz umas coisa idiota aí pra tentar ressuscitar relacionamento morto e não cansa de passar vergonha em geral.


Guardadas as proporções entre ficção e realidade, eu vi muito de mim na Rebecca, sabe? Imaturidade emocional, vontade de agradar todo mundo a qualquer custo, problemas psicológicos MIU, as amizades que não fazem nenhum sentido, a girl squad que de repente se forma do nada.

E os boy, né?

Rebecca julgando os boy por critérios socialmente """adequados""" e perdendo pessoas maravilhosas em sua vida, só por ser meio babaca.

E existe alguém mais babaca que eu?

- não.

E, o mais incrível, foi que acabei o binge watch num dia, menos de uma semana depois minha vida deu uma virada nos eventos que tamo aqui hoje tentando ser menos babaca e aproveitar as gente bonita que deus manda no nosso caminho.

*****

É isso. Eu gosto de série assim: que não tem muita pretensão de mudar o mundo, mas que acaba falando com a gente num nível pessoal e fazendo a gente pensar.

E pra quem é mulher e acha que falta entretenimento que respeite a gente como cerumano, eu acho que tudo isso aí é um bom começo.

HAPPY WATCHING!

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

me chama que eu vô




O ato ou efeito de pós graduar foi como uma grande TPM. Tudo estava horrível o tempo todo, eu estava mal humorada, não queria ver ninguém, tudo doía. E eu engatei o doutorado no mestrado e foi uma desgraça. Porque, exatamente como na TPM, eu não escolhi as condições e não aceitei os termos do serviço. A coisa foi imposta. E quando a TPM acaba, o que vem? UMA COISA PIOR QUE A PRÓPRIA TPM, se é que vocês querem saber? É como se a gente tivesse que lidar com uma cena de crime violento todo dia. E essa é a melhor analogia pra explicar o que foram os últimos meses.


*****

Sabe big brother? O programa? Que em duas semanas as pessoas estão jurando amor eterno e formando alianças e relacionamentos e você grita com a tv, VOCÊS SE CONHECERAM ONTEM, SEUS ARROMBADO, e tal? Pós-graduar é mais ou menos assim. Você não tem vida além da sua pesquisa e fica praticamente condenado a conviver com aquelas mesmas 23 pessoas enquanto durar o evento. Pior se você participa de um grupo de pesquisa. Ele é ainda menor e mais grudento, cê cria uma espécie de síndrome de estocolmo com o seu orientador, seu universo se restringe àquele assunto e àquelas pessoas e todo o resto do mundo, que tem mais que dois interesses diferentes, passa a te achar um grande ESTORVO. Você perde a conexão com o mundo e só se relaciona com o exterior pelos olhos do Thiago Bial. 

E você meique perde amigos, né?

PERDEEEEER, perdeeeeer, assim perdido, não perde. Mas ninguém te chama nem pra ir na padaria mais, porque você não pode, porque você tem prazo, porque você tem uma lista de 283 exercícios de cálculo pra entregar na semana que vem. Até porque se você vai, adivinha qual é seu único assunto?????????? Porque esse desespero se enrosca no seu DNA e você não é mais você, você é o mestrando, doutorando, estudante, a entidade superior privilegiada que sabe coisas como qualis de periódicos, melhores formas de usar o sci-hub e quais são seus amigos com quem você pode trocar pdf aberto de artigos pagos.

GRANDES BOSTA, if u know wat i mean.

E você vê que seus concorrentes (porque ninguém é amigo de ninguém nesse mundo desgraçado) estão indo no confessionário apelar pro BRAZIU que são os mais estudiosos, os mais bolsistas, os mais média A, fodão, doutor PhD. E não te convidam pra fazer lanchinho na cantina como se você fosse do grupo que não tem estaleca pra comprar feijão e ainda votam em você por falta de afinidade, enquanto pedem pra por nome no seu artigo.

ENFIA NO CU.

Aí eu cansei, né? Como a gente faz com qualquer relacionamento falido, eu pedi um tempo e eu e o doutorado não estamos nos falando há algumas semanas e eu já tenho uns projeto novo aí. HEH.

*****

Em notícia não relacionada, minha vida sentimental - que já não tava grandes coisa desde o pior ano que já existiu (2013) - deu aquela naufragada pós vida acadêmica. Se você já tem um relacionamento quando ela começa, você acaba casando. Primeiro porque a outra pessoa realmente tem que amar o acadêmico pós graduando. Segundo porque a única forma de você conviver com um indivíduo enquanto você estuda, é se ele estiver na sua casa enquanto você se alimenta ou no momento que você tenta lembrar que dia é hoje e se você pode dormir. (Um pós-graduando médio dorme uma vez a cada 3 dias.) Então é mais prático casar, né? 

Agoooora, se você NÃO TEM um relacionamento, pode esquecer que ele vá surgir nesse período.

Cê mei que acredita que pode acabar acontecendo com um coleguinha de turma (vários quase aqui), mas você não deixa continuar por motivos que VAI QUE CÊ TEM QUE FAZER TRABALHO EM DUPLA no futuro e esse negócio naufraga? Melhor não. Cê mei que acaba se envolvendo com o filho do orientador porque cê passa mais tempo com esse desgraçado que com seus pensamentos. E dá pra piorar essa equação aí, mas eu não vou, por motivos que eu sei bem quem tá de zóio nesse blog. 

Eu, que inclusive TRABALHO dentro da mesma maledita universidade, não tinha muita opção. O mais perto que eu cheguei de um boy na minha vida, era outro estudante da instituição. A gente tem uma bola de ferro imaginária nos nossos pezinhos, a gente esquece que existe vida além daqueles muros.

*****

O causo é que faz umas 6 semanas que eu fiz a Kimmy Schmidt e encontrei a saída do cativeiro com o uso da minha própria força de vontade.

Nos primeiros dias, eu não conseguia nem CONCATENAR os pensamentos. Eu esquecia coisas, eu não sabia que dia era, não sabia as horas, era como se tivesse voltado de um coma. Eu não sabia mais me comunicar com as pessoas de modo efetivo, eu não tinha assunto, eu não sabia onde ir, o que comer, nada.

Pra agravar ainda mais a situação, minha família foi passar um mês fora do braziu e eu fiquei sozinha em casa uns 20 dias. Aproveitei e tirei férias, que foi pra não ter que me prender nem a relógio. Eu NUNCA assisti tanta televisão na minha vida (inclusive já no rascunho um post de séries que vocês devem assistir pra breve). Cozinhei 500 tipos de comida, refiz laços com meus animais de estimação, fiquei parada 20 minutos num cruzamento apenas apreciando o movimento das pessoas, andei de ônibus só pra ficar olhando paisagens, fui em restaurantes que eu nunca tinha ido, comi coisas que eu nunca tinha comido, fiquei sem ir pra academia PELA PRIMEIRA VEZ EM VINTE ANOS, pratiquei o ócio injustificado, sem precisar dar desculpas nem pra mim mesma.

ME

LIBERTEI

Não durou muito, né? Pois o cidadão comum proletário logo tem que lembrar que é dia de pagar o cartão, comprar papel higiênico, tirar o lixo, varrer as frozinha cor de rosa da cerejeira do quintal. Mas foi um bom começo pra voltar à vida.

Aí, mais recentemente, eu passei a SAIR DE CASA SOCIALMENTE, como eu não fazia desde o fatídico ano de 2010, em que minha cama não me viu nenhuma única noite de sábado. Claro que agora eu não viro mais a noite e ocasionalmente eu acho que tô indo num shom e acabo num culto evangélico (não perguntem), mas depois nóis vai pro bar e enche a cara de mojito lemonade (igual mojito, só que sem o álcool HAHAHAHAHAH - ainda que nóis realmente não seje crente nem nada), porque nosso irmão é o barman e facilita bastante a vida. 

O curioso é que, tanto pela minha personalidade, quanto pela espiral do horror em que eu tava presa e não tava enxergando, eu tava levando aquela vibe tóxica pra minha vida ~amorosa~ (e veje que eu uso o termo aqui de maneira bem ampla). Eu tava o tempo todo em volta de gente do passado, que já deveria ter ido pra luz, perto de gente que não me fazia bem, de gente que não era certa pra mim. E eu não tava vendo, tava achando super ok e tendo aquela dificuldade de compreender por que tudo tava tão errado.

Porém agora, vivendo há aproximadamente um mês em liberdade, parece que eu abri meus olhinhos e enxerguei um cerumaninho que tá aí faz tempo sendo lindo BEM NA MINHA CARA e eu nunca tinha reparado. Inclusive, num dos dias em que a pessoa tava cantando evidências a 3 metros dos meus ouvido, eu tava emburrada porque tinha que ir terminar uma lista de exercícios de álgebra e não apreciei como deveria a beleza e o conjunto da obra que o universo posicionou no meu raio de alcance. Iemanjá poderia ter levado embora, mas parece que tá me dando 01 segunda chance, ainda não tô bem certa.

Ainda bem que existem passeios não programados em sábados à noite, que agora se transformam nos abracinhos mais gostosos que já abracei e que só soltei porque fui obrigada, porém planos de abraçar de novo etc.

Então tamo aí há 3 dias com Sidney Magal tocando na rádio mental e não é nem por motivos de seu filho de excelente genética, apesar de talvez ter a ver com alguém de genética até mesmo melhor.

HEH

É isso, bitches. I'm back by popular demand.

:*



quinta-feira, 4 de maio de 2017

como ser vaneça negão

Enquanto eu não consigo organizar minhas ideias em forma de post, toma aí um vídeo motivado por uma briga que eu tive uns dias atrás, em que a pessoa me acusou de causar inveja nos outros HAHAHAHAHAHA.







Orando pela programação normal pra breve :P

terça-feira, 4 de abril de 2017

Medium

O post hoje está aqui.

(Não tô ~mudando de plataforma~, é só uma organização mental que leva algumas coisas pro medium.)

terça-feira, 21 de março de 2017

quinta série da marmota

Todo mundo lembra a sensação de estar na quinta série, né? 

Você começa a socializar sem giz de cera e com caneta esferográfica, surgem as continhas de dividir por dois algarismos, ninguém mais te acha fofinho e e se você não for uma pessoa legal, descobre que não tem graça nenhuma.


Aí vem aquela vontade incrível de impressionar, desde o crush do condomínio até a professora de geografia, de competir com o amiguinho nas brincadeiras da rua e com seu irmão pela atenção da sua mãe.


Foda a quinta série, né?


Pena que o cerumano nunca. sai. dela.


Cê vai virando adulto e vai se dando conta que a vida é uma eterna quinta série, dentro e fora da sala de aula.


Que pesadelo.


HISTÓRIA I

O ano era 2008. Uma sequência de desventuras culminou em um ponto da minha vida em que minha capacidade de socialização chegou a zero e eu não saía mais de casa, não tinha mais amigos, nada. Em Curitiba, I mean, minha vida social estava em São Paulo, onde eu não estava. Quando algum amiguinho paulistano vinha, era 01 alegria (e uma raridade), de modos que eu movia montanhas pra verlhos. Pois numa dessas vezes, a pessoa me falou que estaria onde judas perdeu as bota e eu levei quase duas horas atravessando a cidade pra chegar lá... e levar um bolo. 

O desencontro não foi de todo perdido, porque estava acontecendo um evento no lugar. Em tempos de twitter, cê escrevia que tava largado em algum lugar da cidade e logo aparecia alguém no mesmo lugar pra socializar. Acabei conhecendo algumas pessoas, que faziam parte de um grupo, do qual me convidaram pra participar.

OUSSEJE

Cheguei por último, num grupo que já tinha um monte de gente.

Por alguma razão que jamais saberei qual era, o grupo era composto de uns 40 meninos e 3 meninas. Mas as meninas costumavam ter mais o que fazer e acabava que quase sempre eu tava lá toda sexta-feira sozinha com um bando de nerd do sexo masculino. 

Na década passada, a gente era 120% menos feminista enquanto sociedade, né? Então tinha toda uma apreensão quando mais de uma menina aparecia no encontrinho da galera. Mas isso acabou passando até que bem rapidamente, e eu fiz amizade com as menina tudo. Qué dizê, na minha cabeça, eu tinha feito.

Uma delas era a tiradora oficial de foto do grupo e foi muito lentamente que eu me dei conta que eu nunca estava em nenhuma foto, mesmo estando com as pessoas o tempo todo. 

No começo, eu achei que era minha própria ~culpa~, porque eu odeio foto, odeio sair em foto, odeio saber que existe foto (minha, né?), então eu tinha impressão que inconscientemente eu saía do quadro.

Até que um dia aconteceu um evento feminista e, bom, se houvesse ainda a página e o flickr do evento (eu procurei, não tem), seria sensacional pra ilustrar o post. Primeiro que todas as meninas tiraram a clássica fotinho com a lousa, sabe? Tem sua lá, migo leitor? Minha também não tinha. Aí tem a foto do grupo, né? Pois eu sou aquele tipo de bocó que fica num cantinho ou num fundinho, de modos que tinham várias fotos com o topo da minha cabeça ou o cantinho do meu braço (identificável pelas roupas super discretas que eu costumo usar). SÓ QUE teve algum momento que alguém olhou o visor da câmera e notou que eu e minha brusinha de coraçõezinhos não estávamos em nenhuma das fotos e sugeriu que eu ficasse bem no meio, no colo de algumas pessoas. Bom, aí tinha essa única foto em que eu aparecia, numa resolução que era impossível de aumentar.

Daí pra frente eu passei a tentar ficar no meio de todas as fotos posadas. Mas SEMPRE a foto aparecia cortada com o pessoal da esquerda, depois o pessoal da direita, depois a galera que tava embaixo, o pessoal mais alto. Quando ela provavelmente cansou do photoshop, ela passou a ~dirigir~ as fotos e era sempre muito engraçado, porque ela levava meia hora trocando as pessoas de posição, até que eu ficasse no canto, pra facilitar o crop. Entre mim e minha panela era sempre motivo de piada, né? Tem uma lendária foto da copa de 2010 em que meu cotovelinho é estrela de umas 20 fotos diferentes. Numa delas, a gente lembra claramente de a menina me mudar de posição umas 30 vezes, com a desculpa que uma luz estava refletindo no meu rosto. Obviamente meu rosto não está em nenhuma foto daquele evento. 

E de nenhum outro, como vocês podem concluir.

Um dia eu comprei uma camerinha compacta simpática e levei numa festa em que essa fia supostamente não estaria, já que não foi convidada. Mas twitter, a desgraça do início dos anos 10, era tipo um localizador que ninguém conseguia manter a boquinha calada e atraía os desnecessauros involuntariamente. Eu tava com a minha camerinha lá, tirando fotos bucólicas do local, chega a fia. Quer mexer na minha camerinha. Eu digo não. Eu saio de perto dos meus pertences por alguns minutos pra afofar um gato (do reino animal mesmo, que eu sou dessas). Volto pra mesa e QUEM É QUE TÁ COM A MINHA CÂMERA NA MÃO? Isso memo. Fui lá e catei de volta, fui bem simpática falando com voz meio trevosa pra não mexer nas minhas coisa, etc. Acendi o visor e fui olhar as fotos que a fia tava tirando e........................................

tinha foto de todo mundo MENOS MINHA hahahahahhaahhahahahah.

Mas kids graça.

Um dia eu fui lá perguntar pra cerumana qual era o problema, né? Porque assim, a gente não é obrigado a ir com a cara de todas as pessoas do mundo, nossos amigos às vezes têm dificuldade de fazer amizades e se relacionam com gente idiota, a gente não pode controlar isso. Mas educação é uma coisa tão fácil de usar, sabe? A fia nunca tinha sido educada comigo e ela mexer na minha câmera sem autorização foi a gota d'água. Fui lá oferecer meus mais sincero foda-se pedido de desculpa caso eu tivesse vanessado e feito alguma coisa imbecil sem notar, tentar oferecer uma trégua, um voto de paz. A menina olhou no meu olho e disse que não tinha problema nenhum comigo, que eu tava delirando que ela me cortava de fotos, que eu me dava importância demais.

ok

Fiz a única coisa possível, que foi cortar a pessoa do meu círculo. Cêis qué ir num lugar onde ela esteja? Pois faça bom proveito. Cêis qué ir num lugar onde eu esteja? Não pode trazer ou convidar. Isso valia pra qualquer pessoas, até familiares da indivídua. Porque veja se tamo na idade de passar por essas idiotice, né? TAMO NOM.

HISTÓRIA II

Bom, o ano agora é 2017, olha quanto tempo se passou! Estamos todos mais velhos e um tanto mudados, paramos de fazer amizades pelo twitter e passamos a conviver com pessoas de interesses semelhantes. Avançamos na educação acadêmica e passamos a conviver com gentes pesquisando as mais diversas coisas importantes, que moraram em vários países, falam várias línguas, gente que gosta do Bandeira e do Bauhaus, de Van Gogh e dos Mutantes, do Caetano e de Rimbaud e tal. Ainda assim, às vezes acontece de a gente chegar por último num grupo que já existia.

OUSSEJE

Cheguei novamente a um grupo de pessoas que já existia fazia um tempão.

Não sei se pras pessoas normais, extrovertidas, sem problemas psiquiátricos é fácil esse movimento. Eu lembro do primeiro dia em que entrei no ambiente que esse povo todo estava. Se as pessoas estavam me julgando ou se era só eu (que estava me julgando), jamais saberei. O importante é que, como em todo grupo, a gente se dá bem com umas pessoas, ignora outras, faz algumas amizades mais próximas, outras que transcendem o ambiente e passam pra vida, arranja uns crush errado, intrigas, amor ao próximo, etc. Normal.

O timehop me lembrou dia desses que fez um ano que eu fui oficialmente ~aceita~ no grupo, fazia uns tantos meses a mais que eu já estava convivendo com as pessoas, fiquei contente de notar que do primeiro dia que deu medo até hoje, eu inclusive fiz amigos pra minha vida. VITÓRIA.

Só que nom.

Porque tem ~a criatura~. "Ah, vamo fazer um grupo de emails pra gente falar do assunto x e mandar arquivos?" "VAMO!" "Quem faz o grupo?" "Ah, ~a criatura~ podia fazer". "VIVA!"

Três dias depois eu vejo que nada acontece feijoada, pergunto pra alguém se vai rolar mesmo o grupo de emails.

- ué, mas já tem!
- tem não.
- tem sim.
- tem não.
- tem sim.
- tem não.
- tem sim.
- tem não.
- tem sim.

A pessoa abre o gmail e me mostra que TEM SIM. Cê recebeu convite, leitor? NENHEU. Pedi pra me encaminharem os arquivinho tudo e segui, porque, né? Eu não tenho mais idade pra isso. Aí veio a ideia de um dropbox (kids graça dropbox de grupo, meldels). De novo, uns dias depois eu falo o famoso UÉ. As pessoas me dizem que já tem dropbox sim. DE NOVO EU NÃO FUI CONVIDADA.

Mas, gente, o que a pessoa ganha com isso, eu me pergunto?

Esses dias rolou uma hostilidade TÃO GRANDE para com a minha pessoa, que tudo que eu consegui foi uma crise de riso, porque eu ia fazer uma pergunta inocente, a ~criatura~ ficou com tanto pavor que eu estivesse tentando socializar que me deu um fora antes de eu terminar. Nem consegui evitar, eu só ri mesmo e tô rindo até agora, pensando no que leva a pessoa a ter esse tipo de comportamento absolutamente sem noção A ESSA ALTURA DA VIDA.

MIMIMI NÃO GOSTO DE VOCÊ NÃO TE CONVIDO PRO MEU DROPBOX

HAHAHAHA qq iço




HISTÓRIA III

Em todos os grupos de que a gente faz parte no mundo, sempre tem aquela uma pessoa com quem a gente tem coragem de falar tudo o que vem no cérebro, né? No meu caso isso é ótimo, porque eu não tenho filtro. Então significa que eu posso FALAR. 

E eu tava falando.

E num era poco.

E tinha de vez em quando outros nomes envolvidos na conversa, porque a vida tem dessas coisas, a gente convive com pessoas e de vez em quando elas fazem coisas e a gente precisa falar dessas coisas.

E eu falei as coisas.

A gente tava conversando num lugar afastado, eu tava de boa. O assunto não era secreto nem nada, a porta tava aberta, eu tava falando alto. Eu ouvi passos no corredor e ignorei, porque o que eu dizia não tinha nada demais. 



QUE

Tem o babaca, né? Sempre tem um babaca no grupinho. Num certo momento, a conversa foi interrompida pelo babaca, logo após eu chamarlho de babaca, sem nem imaginar que o babaca pudesse estar por perto. Eu não me preocupei, pois não me preocupa a opinião de gente babaca. Depois que ele saiu, minha conversa com o outro cerumano prosseguiu por mais um tempo. Quando acabou, eu fui falar com outra pessoa, a que foi mencionada no diálogo anterior e não era o babaca. 

Mas não deu tempo de falar oi.

O cerumano veio 120% na defensiva, se justificando do mais absoluto nada, eu ouvindo e pensando MAS O Q....

AH.

O babaca, além de babaca, é o que? Isso mesmo fofoqueiro. Cê veja que num levou meia hora pra ele ficar ATRÁS DA PORTA ESCUTANDO A CONVERSA DOS OUTROS e fazer a Popis.


VOU CONTAR TUDO PRA SUA MÃE, QUICO!!!1111111111

Eu não sabia se ria, se chorava, se tentava consertar, se deixava a vida me levar. Só sei que quando o babaca apareceu na minha frente, eu tive que controlar todos os meus impulsos de chamar de fofoqueiro no ritmo de GALOPEIRA, vou ser sincera. Já aviso que não vai durar muito tempo o auto controle.

*****

E é mais ou menos nessa vibe adulta que minha vida tem acontecido recentemente. IGOALZINHO a quinta série, só que com muito mais álgebra pra estudar. Não estou vendo nenhuma vantagem.

Tava lembrando aqui da pessoa que comentou que com o fim do mestrado esperava que os posts sobre boys ficassem mais constantes, fico pensando na decepção.

Até porque minha vida amorosa tá bastante no clima do ensino fundamental também, né? Porque quando o boy que cê tá tentando impressionar com a sua inteligência (cada um usa as arma que tem) abre seu facebook na sua frente e pede pra mostrar as amiga bonita, é porque a gente beira os 40, mas nunca deixa de verdade os 8, né nom?

terça-feira, 7 de março de 2017

questãs:

- que que cêis desenterraram um post de 2013?

- cêis sabe que dá pra comentar sem cadastro no disqus, né?

só isso memo.

quarta-feira, 1 de março de 2017

missy, saxon, yoda, dos magos, uala, eu



ACABOU!!111

Qué dizê, falta um monte de correção ainda, mas é só isso memo: corrige, imprime, entrega, ADEUS.

Cabô mestrado.

(Começô dotorado, mas, né? Uma coisa de cada vez.)

Então, dois avisos importantes:


- este post tem potencial pra ser ELORME e

- tem a vibe QUI AUTOESTIMA DA PORRA.

Tejem avisados.


Então vamo mandar um previously on minha vida acadêmica:


* Você tem habilidades matemáticas, as pessoa pensa o que? Que cê vai estudar engenharia, obviamente.


* Eu não queria ficar na faculdade - MUITO MENOS NA CIDADE - onde morava minha mãe, de modos que eu decidi que engenharia estava fora de questã (pois me obrigaria a essas duas cousa).


* Minha inocência me fez acreditar que eu poderia desenvolver minha alma de humanas e que minha família aceitaria, então fui estudar música, literatura e teatro. INFELIZMENTE NÃO DEU CERTO.


* Fui encurralada aconselhada a escolher uma entre 3 opções: direito, administração e engenharia. Escolhi administração por motivos nada nobres.


* No meio da faculdade, fui apresentada aos conceitos de logística e administração da produção e descobri o que eu queria estudar pro resto da minha vida.


* Fiz 3 linda monografia a respeito, tava no embalo.

* A vida me levou pro silviço público e eu pensei WHATS THE POINT e larguei tudo.


OK


Daí então eu tava lá vivendo minha vida de funcionária pública, querendo aperfeiçoar minhas habilidades de escrita e, ali por 2009/2010, decidi estudar letras. Mas graduação é uma coisa que o cerumano tem que estar muito desestabilizado pra fazer duas vezes na vida, de modos que eu pensei: mestrado, né? 


Mas parece que mestrado humanas é ainda mais cruel que o normal e eu não conseguia adentrar no sagrado ambiente estudantil das letra.


ENFIA NO CU, ENTÃO.


Confesso que eu ainda tava tentando, pois brasileira, quando minha mãe começou a trabalhar na mesma universidade que eu. Com quem? Com as pessoas da engenharia de produção. Aí o que? Ela mãezou, né? "AINNNN, MINHA FILHA INTELIGENTONA, RAINHA DA LOGÍSTICA, DONA DA ENGEARIA DE PRODUÇÃO". E as peçoa o que? 


ACREDITARAM.


Então num minuto eu tava no telefone tentando achar um professor de letras pra conversar comigo sobre um projeto de neologismo, língua como forma de humor, literatura nos tempos da internet, crônicas contemporâneas, essas coisas, levando vários não. No dia seguinte, tinha um revezamento de gente tentando me convencer a entrar no bendito mestrado de engenharia de produção.


Levou 4 anos até eu mandar um "tá bão, vai". 


Ousseje: COATRO ANOS de pessoas vindo tirar meu sossego, pedindo pfv pfvzinho pra eu aceitar. O que eu achei? Que era só entrar. Nem era, vocês já sabem a história da prova da depressão que eu tive que fazer. Mas o que vocês não sabem é que rolou um horário eleitoral gratuito, professores se oferecendo pra minha pessoa, com promessas, VOTE EM MIM.


Aí eu fui olhar os lattes das galera, né, tomar uma decisão mais inteligente. 


FOI AÍ A PRIMEIRA CAGADA.


Quando eu achei o professor perfeito (spoiler: foi com esse orientador que eu terminei o mestrado - oremos), eu fui influenciada pela opinião de uma pessoa de quem eu não gostava e, bom, escolhi outro, o professor errado.


Daí foi uma sucessão de horror.


Eu posso dar detalhes? Não posso. Eu quero dar detalhes? Não quero. Mas eu sofri abuso psicológico por aproximadamente 8 meses. A parte mais legal foi que eu passei a ter dificuldade de entrar na universidade, que vem a ser o que? O.MEU.LUGAR.DE.TRABALHO. As crises de ansiedade eram incapacitantes, o que quer dizer que eu não tinha mais estrutura psicológica pra nada que envolvesse o campus que é onde eu ganho dinheiros. Pensa que alegria! Eu perdi dias de trabalho, porque eu não tinha condição de sair da minha casa, de tanto que eu chorava. Aí eu chegava lá e não conseguia mais sair, porque, se saísse, sabia que ia ser difícil de voltar.


E foram dias chorando no estacionamento.


Até que um dia alguém estendeu a mão :)


Aíííí as coisas começaram a mudar e eu descobri que dava pra ser feliz estudando sim. Comecei a trabalhar num projeto MUITO legal, que consumia praticamente todo o meu tempo acordada, mas em que eu via propósito, sabe?


Acontece que nessas de escolher orientador errado, de passar por todo tipo de constrangimento, ofensa e desrespeito, eu "perdi" um ano. O que quer dizer que em 2015 eu não tava vivendo porque tava sofrendo e em 2016 eu não tava vivendo pra recuperar o tempo perdido. 


O segundo semestre de 2016 foi super suave, casamento, preparativos do casamento, meus irmãos saindo de casa, eu afundada em modelagens matemáticas, acumulando coisas no trabalho (não por incompetência, porque tinha mesmo muita coisa pra fazer)... Várias vezes eu tive certeza que março não chegaria NUNCA.


E, quanto mais perto do fim, mais as coisas ficavam LOUCAS, eu perdi 120% do controle da minha vida nas mais diversas áreas, de modos que eu bati recorde de chorar em público e também no particular.


PORÉM

O

DIA

CHEGOU

Minha banca foi marcada foi marcada pro último dia possível, pra última hora do dia.
Eu queria ✰ morta, porque não chegava nunca. Tinha banca dos amigo tudo, precisava dar apoio moral, mas não chegava nunca minha vez e eu tinha um monte de coisa pra terminar, e tinha o stress de ver arguições super crueis, pensando "será se eu sobrevivo quando minha hora chegar?".

Aí eu e meu best-ori combinamos algumas coisas. Enter elas, que a gente ia dar apoio moral pra TODO MUNDO que apresentaria na sexta. OUSSEJE, minha apresentação era 13:30h, mas a gente ia chegar 7:30 da madrugada pra abraçar as miga e desejar boa sorte.


Eu até tava lá, mas levou uns 25 minutos pra adquirir a estrutura emocional necessária pra adentrar o recinto, naonde entrei com 01 pequena crise de ansiedade, que num me permitia nem ao menos respirar.

A arguição dessa minha amiga foi TREVAS, de modos que rolou ALTAS fofoca no uats pra sobreviver à pressón do momento, etc. Eu ri tanto que esqueci que era um dia difícil pra minha própria pessoa e entrei num clima circo que foi difícil de sair. Tanto que quando chegou DE FATO a hora da minha banca, rolou um "vamo ficar séria?". Talvez o plano fosse, o tempo todo, me distrair. DEU CERTO.

Se bem que 10 minutos antes disso eu tava fazendo o Cameron em curtindo a vida adoidado (catatônica), o que fez meu ori perguntar "cê consegue falar?". AHHAHAHAHAHAHAHA. Conseguia.

DIZ A LENDA que eu respirei no começo e falei por 20 minutos sem recobrar o fôlego. Em minha defesa, eu digo que na minha casa eu levava de 36 a 38 minutos pra apresentar e eu tinha direito só a 30 e bateu aquele pequeno pânico de estourar o tempo :)

Mas nunca antes na história deste país eu estive tão calma pra apresentar um trabalho.

Até chegar ali, eu tava nervosa. Porque eu tinha ouvido que eu era burra (na fase 1 do mestrado) de todas as formas e isso meique dá uma tombada na pessoa. Fora que eu tinha errado muitas vezes no meu próprio projeto antes de acertar, né? E isso dá uma certa insegurança no cerumano. Fora que eu entrei numa área que não era exatamente minha área de conforto, então eu tava muito cuidadosa com a confiança interior.

Ainda que num certo momento, tenha acontecido:




Sendo isso uma mensagem de elogio do meu próprio orientador.


EU DEVIA TER FICADO CONFIANTE, NUM DEVIA?

Well, ok.

Aí eu apresentei na velocidade que o cara dá instruções pra aspirina na propaganda e chegou a hora de a banca se pronunciar.


Resumo: 


a) as peçoa dizendo que eu escrevo bem ♥ (hahahah, num é um shock?) (há boatos que certas pessoa queria levantar a mãozinha pra dizer "isso é porque cê não lê o blog dela" HAHAHAHAHA)

b) MEU TRABALHO SENDO RECOMENDADO PRO PRÊMIO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.

ATENÇÃO, VOU REPETIR

INDICAÇÃO
PRÊMIO
ABEPRO

Eu só não chorei porque não tinha lágrima pronta.

cê vê que meu orientador já sabia um mês antes

Então aí é isso, né.

Uma 
mulher
"comunista" (hahaha as ideia)
não engenheira

AGORA É MESTRE EM ENGENHARIA com um trabalho 120% foda.

HEH

Eu tenho também 120% de convicção que meu orientador é 120% responsável por esse sucesso. Ou, sei lá, que a gente é tipo Pinky e Cérebro e só foi esse sucesso porque a gente tem um esqueminha de trabalho bastante satisfatório intelectualmente enquanto dupla.

Se eu passei anos me torturando por "perder tempo" sem estudar pra me ~reencontrar~ enquanto cerumano, depois de sexta eu coloquei na minha cabeça que eu precisei desse tempo pra encontrar essas pessoas, nesse momento, com esse projeto.

E FOI MUITO MARAVILHOSO.

Agora tamo aqui com uns plano BEM LOCO pro doutorado, porque neste momento eu tô acreditando que eu sou a mulher maravilha.

Vamo vê quanto tempo dura.

E é isso, gente. 

Vocês não lerão mais lamentos de aimeldels o mestrado neste blog.

PORÉM

Aguardem pelo menos 4 anos de aimeldels o dotorado.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH

Brigada quem sobreviveu comigo e mentalizou positivo. Quem mandou bad vibes, pode saber que não pegou.

:*

PS: Inclusive agora eu tô o que? FAZENDO UM ♥CURSO DE ESCRITA♥ HAHAHAHAHAH. Inclusive FELICÍSSIMA. 

A vida leva a gente pra onde a gente tem que ir, cara. O importante é acreditar.